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 Um mundo desfiltrado é um sonho anarquista, bonito, mas inviável!

Versão 1.1 – 03 de julho de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
Replicar: pode distribuir, basta apenas citar o autor, colocar um link para o blog e avisar que novas versões podem ser vistas no atual link.
 

Temos aquela velha fantasia da informação neutra.

Porém, a “realidade” ao ser registrada será feita por alguém, utilizando um determinado código.

Assim, o que há, ao se registrar determinado fenômeno, traduzi-lo para um determinado código, necessariamente haverá uma taxa de manipulação.

Publicar é necessariamente manipular, filtrar a “realidade” e nunca a “realidade” em si.

Assim, o ser humano é incapaz de apresentar a realidade, mas apenas se aproximar mais ou menos dela, através de critérios específicos, que podem – por diversas razões – se aproximar ou se distanciar mais de algo sempre mutante que chamamos de “realidade” (sempre entre aspas).

Os filtros, apesar da manipulação inerente, são fundamentais para a espécie humana, pois a “realidade”, as coisas que acontecem são sempre acima da nossa capacidade de percepção.

Precisamos dos filtros (de gente que possa os ajudar) a apreender pedaços da “realidade” nos situarmos para que possamos tomar decisões.

Gatekeeper é preciso, ponto!

Podemos dizer mais: sem filtros não existirá espécie humana.

Um mundo desfiltrado é um sonho anarquista, bonito, mas inviável!

Toda sociedade humana criará, assim, indústrias de filtros da “realidade”, que têm como missão “manipular” os fatos para nos aproximar – o máximo possível da mesma.

Quanto mais uma indústria de filtro conseguir nos aproximar da realidade, mais chamará a atenção e mais valor vai gerar para seus usuários.

(A ideia, assim, de que um jornal é gerador de conteúdo é simplesmente olhá-lo de forma superficial, pois ele gera um filtro para que possamos olhar uma nesga do que ocorreu naquele momento.)

Em uma Revolução Cognitiva, que estamos passando com a chegada do computador em rede, há uma forte mudança na indústria dos filtros.

As mudanças passam, no primeiro nível mais superficial, por um equilíbrio entre o excesso e a escassez da informação.

  • Quanto mais houver informação disponível, mais precisamos de filtros que nos ajudem a criar um sentido, como uma caixa de quebra cabeça que nos facilite juntar as peças e ver melhor;
  • Quanto menos houver informação disponível, mais precisamos de peças para que possamos forçar um quadro geral.
A função da indústria muda, conforme cada caso.

Além disso, uma Revolução Cognitiva, gera uma mudança  um pouco mais oculta, mas extremamente relevante para o futuro da mídia de massa.

  • Um ambiente de escassez de informação é uma ambiente mais controlado por quem filtra e vice-versa.
  • Um ambiente de abundância das fontes (e portanto mais gente filtrando) é um ambiente menos controlado por quem filtra.

Podemos dizer, assim, que estamos saindo de um ambiente de escassez e maior controle para outro com abundância e uma maior taxa de descontrole.

Como há a necessidade de filtragem, o valor gerado por quem filtra está na sua capacidade de:

  • se adaptar ao novo tempo;
  • passar a oferecer menos peças do quebra-cabeça (dados) e mais sentido (análise).

Como a passagem é rápida e muito brusca a indústria de filtros (mídia impressa, de áudio e vídeo) ainda tem tentado gerar valor no modelo anterior e migrando demoradamente para o novo.

Fala-se em gerar conteúdo, mas o que se quer – e sempre que se quis – é a formação de sentido.

  • O mundo antes mais estável e previsível nos demandava uma indústria de filtros conteudística, nos dando pílulas de dados, para compor o quadro geral.
  • O mundo agora mais instável e imprevisível nos demanda uma nova indústria de filtros analítica, cenarista, nos ajudando a juntar as pílulas de dados, que pegamos em todos os cantos, para compor o quadro geral.

Por fim, há uma mudança cultural na humanidade de um ambiente regido pelas mídias impressas e eletrônicas para a digital.

Não é uma passagem impossível de uma borboleta em um beija-flor apenas batendo as asas.

Minha experiência tem me levado à ideia de criação de zonas de inovação e a criação de startups que possamo começar do zero em um novo paradigma!

Ou seja, não acredito ser possível migrar as velhas instituições em novas.

Pode até ser viável, mas o custo é tão grande e com tantas crises, que é mais rápido e barato sair do zero.

Na nova mídia digital, começando nativa, exemplos não faltam por aí, há novas possibilidades, tais como:

–  co-criação dos filtros e conteúdo;

– o uso muito mais mais amplo de rastros que podem nos ajudar a separar o joio (ruído) do trigo (significado).

Tudo isso leva à industria dos filtros para uma mudança no conteúdo e na forma.

Diria que é preciso:

  • – resgatar o conceito de se perceber como uma indústria de filtro (que sempre foi) para deixar de ser ver como de conteúdo;
  • – aumentar a taxa de análise reduzindo a de oferta de dados sem significado;
  • – se adaptar a uma nova cultura do ambiente cognitivo digital, que é outra lógica bem diferente;
  • criar experimentos completamente novos, através de projetos pilotos, que terão a missão de construir novos modelos e “matar” os antigos, antes que alguém de fora o faça.

É isso,

Que dizes?

 

3 Responses to “Mídia 2.0: onde estamos e para onde vamos?”

  1. Bruno disse:

    Interessante esse ponto de Vista, Nepo. Gostei!

    *Aproveitando, ví um de seus Twitts:
    cnepomuceno Com o fim da era industrial, é hora de reinventar tudo – Valor – hoje – melhores de 2012 -> bit.ly/NZKVFM – Bom Dia

    O Texto é exatamente sobre o que você trata aqui no blog. Muito interessante!

  2. Carlos Nepomuceno disse:

    Bruno, isso o Tapscott está na mesma linha, ou eu estou na mesma linha que ele, como preferir 😉 Não se fazem gurus perto de casa, como diz o Kotler.;)

  3. Marla Durden disse:

    Seu blog eh incrível! Muito bom ver conteúdo assim na web!

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