Teoria útil é aquela que ajuda a prever o futuro e vice-versa – Nepô – da safra 2011;
Num mundo de 7 bilhões de habitantes criamos a sociedade da inovação mutante.
Nunca mudamos tanto tão rapidamente.
A novidade, como diz Cortella, não é a mudança (que é algo eterno), mas a velocidade.
Ser é, cada vez mais, aprender a se reinventar.
Interconectados estamos e ficaremos cada vez mais.
Precisamos de uma ciência do futuro que nos possa servir de base para tomar decisões no presente, pois o futuro nunca foi tão incerto.
Na verdade, toda a ciência tem como missão prever o futuro, através de fórmulas.
Se eu junto duas laranjas com outras duas no presente o que terei no futuro?
Quatro laranjas / Lei básica da matemática.
Se um determinado produto com demanda começar a ser difícil de ser encontrado o que acontecerá no futuro?
O valor deste produto tenderá a subir e ficará mais caro / Lei básica da economia / da oferta e da procura.
Obviamente, existem fórmulas e fórmulas, mas o objetivo quando se estuda fenômenos é estabelecer relações entre forças, suas condicionantes, anomalias para que possamos olhar o porvir com mais eficácia!
Devemos, assim, procurar nas Ciências Humanas Aplicadas como as partes se relacionam, como se degladiam, se degladiaram e degladiarão (ontem, hoje e amanhã) para pensar qual é a maior probabilidade sobre o futuro.
E depois de ver a regra procurar as conjunturas.
A regra é tal, mas se…. a, b, ou c, pode dar d.
E ainda as anomalias.
A regra é tal, mas se, se, se é possível que…em alguns casos…
Na ciência humana aplicada sobre o futuro, portanto, é importante conhecermos as forças motrizes que vão balizar nossos prognósticos para as próximas décadas.
Quais são, como andam e como vão entrar em choque com a maior probabilidade possível?
No livro “A Arte da visão de Longo Prazo” de Peter Schwartz, ele defende que temos que analisar forças motrizes e destaca algumas mais relevantes:
- Sociedade;
- Tecnologia;
- Economia;
- Política;
- Meio-ambiente.
A relação entre estas diferentes forças nos dão prognósticos para o amanhã.
Diz ele:
Construir cenários é procurar forças motrizes que influenciam o resultado dos eventos – Peter Schwartz;
O futuro, assim, não é uma linha contínua, pois imagina-se que toda a ação deve promover uma reação, pois as forças tendem ao reequilíbrio em um jogo constante.
- Ou seja, meio-ambiente = poluição prevê luta contra ela.
- Sociedade = Violência, idem, etc.
O que tenho levantado aqui como hipótese é que há na sociedade hoje, por falta de experiência e dificuldade de reflexões cognitivamente distantes, uma dificuldade nossa de enxercar o peso do fator “Tecnologia” com a sua devida repercussão.
A Internet, principalmente, uma tecnologia cognitiva disruptiva, muda nossa forma de pensar, informar, conhecer e comunicar e nos leva para mudanças muito específicas e raras que têm um peso muito maior do que imaginava nossa vã filosofia ao pensar em cenários para o futuro.
Temos uma nova fórmula geral que precisar ser aplicada na sociedade pós-Internet.
Em termos de fórmula, podemos dizer que:
X População = x Desintermediação
Quanto mais população (um fator irreversível) + produção de produtos e serviços + necessidade de inovação (cada vez mais rápida e de qualidade para produzir mais com menos) + informação (que precisa ser descentralizada).
Tudo isso somado resulta em uma necessidade de aumentar a velocidade do ciclo, que nos leva a latência da desintermediação, também chamada de horizontalização da gestão, mais democracia, menos hierarquia, etc.
Ou seja:
x de expansão de novas tecnologias desintermediadoras = X desitermediação
Ou seja, quanto mais a população vai crescendo mais há uma latência da sociedade por desintermediação!!!
Justifica-se para aumentar a velocidade e qualidade na resolução dos problemas e demanda por tecnologias que nos ajudem nessa direção.
E que essa intermediação só é possível quando uma nova tecnologia cognitiva se massifica como foi a fala, a escrita e, agora, a rede digital.
Precisamos de um novo ambiente cognitivo para 7 bilhões de almas.
Ou seja, nas previsões sobre o futuro quem não colocar o FATOR DESINTERMEDIAÇÃO RADICAL no horizonte dificilmente fará um bom cenário.
Teremos, então, que fazer um exercício que é o seguinte:
Qual o peso da taxa de desintermediação na:
- Sociedade x Desintermediação?
- Tecnologia x Desintermediação?
- Economia x Desintermediação?
- Política x Desintermediação?
- Ambiente x Desintermediação?
Ou seja, pode-se afirmar que não há essa urgência de desintermediação na sociedade e que essa teoria é apenas mais uma entre tantas e o peso não é tanto a ser dado ao se pensar o futuro.
Será?
É preciso, então, olhar para o que acontece para ver se as hipóteses são coerentes com os fenômenos que ocorrem. Isso é a validação de argumentos, certo?
Sobre isso, Schwartz lembra a frase de Barbara Tuchman que gostei bastante:
Os homens não acreditarão no que não se encaixa em seus planos ou em seus pré-arranjos;
Assim, se alguém questionar o fator desintermediação, é preciso explicar tais fatos de uma maneira lógica e coerente.
A desintermediação que houve na indústria da música (Napster e similares), na do vídeo (Youtube), na do software (Linux e similares), na de compra e venda por pequenos vendedores compradores (E-bay, mercado livre, estante virtual), nos bancos (e-banking), no cinema (ingresso.com), no Governo (Governo Eletrônico), nas livrarias (Amazon), no comércio (e-commerce).
A primeira década (2000-2010) foi concluída com a rede e estamos entrando na outra, a tendência, então, é ir adiante com o aprofundamento ainda maior da desintermediação.
Schwartz nos lembra que existem fatores que passam a ser constituintes da nova realidade e que as tecnologias depois que se massificam nunca mais voltam para trás, são fatores irreversíveis (ele chama fator pre-determinado) que devem constar da nova fórmula.
Na íntegra:
Uma inovação científica uma vez ofertada ao mundo não pode ser tomada de volta.
Quantos estão incluindo o fator desintermediação trazido pela rede dicital no seu cenário futuro?
Muito poucos.
Ou seja, quem pensa o futuro, em estratégia de longo prazo, e não colocar a desintermediação provocada pela rede digital no seu cenário, pode se preparar, pois vai levar um susto do mesmo tamanho que a indústria da música já levou na última década.
A caixinha de surpresas está aí para ser aberta não seria hora de dar uma olhada nela com mais carinho?
Que dizes?