O Google já sabe mais de mim do que eu mesmo – Nepô – da safra de 2010;
Há um DNA micro em toda mudança macro.
Digamos que no macro está representado o micro, pois nada que é humano acontece com todo mundo sem acontecer com cada um.
É o um expandido.
A informação é um dos epicentros da nossa relação com o mundo.
- a comunicação serve para nos relacionarmos.
- E a informação para fixar e registrar como nos comunicamos.
A evolução humana, com o crescimento da nossa matilha, nos leva necessariamente a ter que fixar aquilo que está no ar.
Sem a escrita as cidades não podiam evoluir, pois havia a necessidade de criar contratos, estabelecer regras, leis, normas e isso não podia ficar voando ao vento, nas palavras orais.
- Mas não foi isso que combinamos?
- Mas eu tinha entendido diferente?
- Pena que fulano que ouviu já tenha morrido…
A escrita tornou possível que evoluíssemos, enquanto espécie.
Fixou o que estava no ar.
E evitou que muitas coisas que tinham margem para interpretações distintas não pudessem mais.
Tava escrito, fixado, detalhado.
Os registros, do jogo do bicho às leis, fixam aquilo que as relações estabelecem.
Ou seja, há um DNA entre:
informação –> redução das interpretações –> sombra/luz.
Quanto mais conseguirmos fixar as nossas relações, menos teremos espaço para que interpretações ocorram.
(Note que todo o desonesto adora não querer nada no papel, não ser gravado ou filmado.)
A escrita, entretanto, no papel impresso, principalmente, criada a partir de 1450, estabelece uma nova relação do ser humano com a informação sem rastro, do mundo oral e do mundo da escrita manuscrita.
Ou seja, saltamos do oral para a escrita e desta para a escrita impressa, mas o acesso a um livro, um jornal, a uma televisão ou até uma estação de rádio não deixavam rastros.
Eu –> informação –> nenhum rastro.
Ninguém poderia saber quanto tempo demorei para ler um livro, ou em que página fiquei mais tempo, ou mesmo quais a que marquei.
Sim, era e é possível prever macro movimentos:
- Quais livros foram mais vendidos ou consultados na biblioteca?
- Ou que programa na tevê ou no rádio tem mais audiência, mas não o que cada um em particular está fazendo com aquele difusor da informação?
O grande salto que temos hoje com a chegada da rede digital é que entre eu e a informação colocamos uma interface, uma máquina, que deixa rastros, pois a cada acesso eu tenho que digitar, clicar e vou me deixando enquanto vou me informando.
Eu –> equipamento digital –> rastro.
E isso coloca a humanidade em outro patamar.
Por quê?
Por que se tivemos a fixação, ou a redução do espaço de interpretação na chegada da escrita, agora reduzimos ainda mais.
Já é possível saber com muito mais exatidão o que é lido, visto, ouvido de forma muito mais barata e rápida (vide o sucesso que o Google faz), bem como, é possível saber o que cada um exatamente está fazendo.
Discussão de privacidade à parte, isso marca a passagem de uma civilização que era muito mais ingênua e tinha muito mais espaço de interpretação sobre os fatos, para outra que passa a saber muito mais, em detalhes, como o mundo está caminhando, do Wikileaks, ao Youtube.
Essa nudez informacional é que nos faz amadurecer enquanto pessoas e não aceitar mais as autoridades que se baseavam na sombra da informação passada.
Hoje, se a informação está mais nua, nos leva ao rei que também está mais nu.
Pois ele precisava dos véus da informação para fazer aquilo que ninguém podia ver e se manter no poder
E esse DNA é a base para a construção de uma sociedade mais madura e mais sofisticada.
Para lidar com problemas muito mais complexos.
E é esses rastros que nos permitirão gerenciar o mundo de outra maneira.
Que vou detalhar mais no post futuro “Gestão por rastros”.