Noto que hoje temos que combater algumas coisas nesse mundo 2.0 veloz: falta de tempo e desatenção. Esse método de ler detrás para frente ajuda a combater os dois na mosca – Nepô.
Ok, vamos economizar tempo ao ler livros?
Um recurso que muita gente usa é saltar direto para a conclusão para saber logo o que o autor tem a dizer nos finalmentes.
É um bom recurso e vou dar outro ainda mais radical.
Ler do último parágrafo, ao contrário, e vir subindo.
Obviamente, que não falo de romances ou ficção.
Me sinto confortável para usar esse método em livros de negócio, técnicos nos quais tenho uma longa estrada e vou coletar detalhes, filigranas, modos novos de pensar sobre coisas que já venho matutando.
É uma forma de me aborrecer menos, de criar curiosidade e de despertar.
Tenho feito esta experiência e gostado bastante.
Vantagens:
1– bom, logo sei como ele terminou tudo, se não tiver mais tempo para ler nada, sei quais são as palavras finas, aonde ele, realmente, quis chegar. Vou percebendo como é o desenlace do autor com o leitor, as últimas coisas que realmente ele tem a dizer. E se o que ele tem realmente algo a contribuir com meu “aquário de conhecimento”, indo direto aos finalmentes, antes mesmo dos parágrafos iniciais da conclusão, pois começo dos últimos;
2– um autor vai desenvolvendo um discurso e considera que ao final o “leitor/aluno” já está “formado” no que ele propõe, utilizando os seus conceitos de formas mais solta. Posso perceber dessa maneira que conceitos novos ele utiliza já sem pudor e quais são os não domino e gostaria, criando uma curiosidade não natural, que talvez no texto corrido, possa achar que já conheço aquilo, quando, na verdade, é algo estranho para mim. (Sublinho os conceitos para entendê-los melhor, nas outras partes do livro).
3– ao ler, assim, sou obrigado a parar para pensar após cada parágrafo, saio do encadeamento proposto, que me dá uma certa dose de possibilidade de desatenção. Essa leitura é muito mais atenta, pois tem que recriar a lógica. Dessa maneira tenho que ficar mais ligado para poder ir reconstruindo – é algo que me desperta. Muitas vezes o texto corrido que o autor propõe pode adormecer os sentidos e quando vejo já estou pensando em outra coisa. Me sinto quase como se a cada parágrafo fosse um Twitter, ou um post no Facebook, algo que estamos mais acostumados;
4– Fujo, assim, de um texto lógico do autor para um ilógico, novo, diferente, para o qual ele não está preparado, olhando-o de novo ângulo, tirando um pouco o discurso de convencimento e me dando a oportunidade de relê-lo antes mesmo de lê-lo. É como se tivesse tirando uma foto de um ângulo que ele não está tão posado;
5– desenvolvo, dessa forma, uma leitura mais criativa, pois vou começando a tentar perceber como e qual caminho fez para chegar aquele ponto, reinventando ao meu jeito o livro, tapando os buracos com o que já conheço do assunto e indo procurar depois no livro, aquilo que realmente acaba me faltando;
6– se for algo que realmente valha a pena, já posso ter certeza que não vou perder tempo com o livro, volto e leio tudo na ordem certa, mas já estou com algo mais consolidado e com uma relação mais arejada com aquele pensamento.
Experimente com um livro novo e comente o que achou.
Conhecer deveria ser uma brincadeira muito mais criativa do que é hoje em dia.
Tenho esse hábito em filmes. Comecei a reparar nisso, com a minha dificuldade de gravar o nome dos filmes ou o seu desenrolar. Sempre me fixei no final, na conclusão da história, onde você entende o porque das ações dos personagens. Já me peguei inúmeras vezes mudando o meio da história. Este hábito me fez prever o final, a partir do início do filme. É um hábito que tenho com minha esposa, sempre que começa o filme eu digo a ela o final e acredite, errei poucas vezes. Como diz a velha frase, “Os fins justificam os meios”, o importante é o resultado. 😉
Acontece com você?
Felipe,
Não, com filmes não…mas é divertido, aliás, tudo deveria ser mais divertido, valeu visita e comentário..
Nepô, uma dica legal para essa tarefa é “ler” o livro “Como falar dos livros que não lemos” do francês Pierre Bayard. Sua contribuição reside no que chama não-leitura: “A não-leitura não é ausência de leitura. Ela é uma ação verdadeira, que consiste em se organizar em relação à imensidão de livros, a fim de não se deixar submergir por eles. Por isso ela merece ser defendida e até ensinada”. Valendo-me de algumas das práticas elencadas vou usar umas métricas elaboradas por Bayard, partindo de sua Máxima – tornar-se a si mesmo criador. Pode-se apreender o significado desse livro apenas sabendo como o livro é dividido, o sumário. Veja: MANEIRAS DE NÃO LER: Os livros que não conhecemos; Os livros que folheamos; Os livros de que ouvimos falar; Os livros que esquecemos. SITUAÇÕES DE DISCURSO: Na vida mundana; Diante de um professor; Diante do escritor; Como o ser amado. CONDUTAS A ADOTAR: Não ter vergonha; Impor as próprias ideias; Inventar os livros; Falar de si…
Abraço.
Rafael,
Legal, entrou para minha lista,
abraços,
Nepô.