Prefiro minha provisória opinião do que nenhuma – Nepô – da minha safra de frases de 2011;
Como saber que um texto técnico (*) é interessante?
Diria que ninguém escreve nada sem propósito.
Há duas linhas nessa direção, nem tão claras muitas vezes, mas possível de se trabalhar com elas, tipo preto e branco (sabe-se que também há cinzas, claro):
- A pessoa quer dizer algo importante, a partir de uma procura interior intelectual/afetiva, que visa reduzir o sofrimento alheio, o que chamaria de “boa” intenção;
- Ou escreve por obrigação, por imposição de alguém (Capes?) para aparecer, para alimentar um ego mal administrado, que seria uma auto-intenção e deixa o “ser” de lado.
Há variantes, mix, milkshakes, mas fiquemos com esses dois extremos para você poder situar os meios.
De maneira geral, fica logo claro ao se ler o texto qual é o caso.
Cheio ou vazio de significado.
No primeiro caso, há um esforço de se comunicar, de apresentar um problema relevante, de detalhá-lo, de mostrar a importância do mesmo para quem vai ler e de que forma pode ser minimizado.
A forma também conta, algo que vai facilitando do início ao fim a leitura.
O texto do ego é um falatório, começa do nada e vai ao lugar nenhum, repleto de dialetos, de palavras de dicionário, algo para que todos se sintam intimidados por causa dele.
Esse tipo de textos considero que são dos abusadores intelectuais, que passam a vida querendo humilhar aqueles que ele considera menos preparados.
Fuja destes, pois eles vão te jogar na vala!
O inseguro sempre quer gente embaixo dele para se escorar.
(Na verdade, a opressão intelectual é uma das maiores armas do sistema para se manter operacional e essas pessoas, mesmo que questionadoras destes, servem como instrumento para manter o outro sob opressão – saudades do Paulo Freire)
E os abusadores intelectuais cumprem um papel de deixar todo mundo meio sem coragem, com vergonha de se expressar.
(Vergonha também é arma opressiva.)
Todos podem e devem ter uma opinião sobre tudo, desde que seja apresentado o problema de forma clara e apontada algumas soluções.
Conhecer é sair do senso comum para a complexidade.
Conhecer é um processo.
Conhecer implica ver de vários ângulos para se chegar a um consenso.
E pode-se, assim, aprofundar-se nele, com uma porta aberta numa casa, através de vários olhares distintos, pois a realidade é algo criado, que só se chega a algum lugar, através de consensos negociados.
E não numa janela lá no alto, onde está escrito:
“Não entre!”
“Isso é a realidade!”
“Ame-a ou deixe-a!”
Cada vez me incomoda mais, quem acha que leu mais, sabe mais, tem mais capacidade do que os outros de falar dos problemas do mundo.
Estamos aqui por pouco tempo, a vida é curta nos lembra todo dia a porta do cemitério.
Não queremos perder tempo com falsos problemas e egos mal administrados.
Poucas coisas são relevante, de fato, nessa vida, que realmente fazem a diferença do berço ao túmulo.
É preciso saber, assim, com quem está se lidando ao se ler um texto.
Lembro que a sabedoria é afetiva e basicamente lida com egos melhor administrados.
Os grande gênios sempre escreveram de forma clara e fácil, disseram exatamente ao que vieram, pois precisaram também superar problemas afetivos.
Já disse alguém que a simplicidade é a complexidade trabalhada.
Digo eu que a complicação é a simplicidade enrolada por incapacidade ou má fé.
E a complexidade é um desequilíbrio/equilíbrio que precisa ser detalhado, através da identificação das forças dinâmica que a governam.
Assim, um texto relevante pode ser analisado por:
- – Definição de um problema de forma clara;
- – A compreensão da relevância do mesmo;
- – As alternativas para compreendê-lo, apresentando o conjunto de forças que estão em movimento para manter seu equlíbrio/desequilíbrio.
- – O tempo para apresentá-lo (longo ou curto), pois ninguém tem mais tempo a perder;
- – E a forma, geralmente, bom humor e/ou clareza, ajudam bastante.
O resto, é abuso…
Que dizes?
(*) texto técnico é aquele que visa ajudar o ser humano a resolver algum tipo de problema de sobrevivência.
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