Deixa a vida me levar
(Vida leva eu!)
(Zeca Pagodinho/ Serginho Meriti)
Acredito que não existe nada mais Brasil do que essa música.
Sugiro até que vire o hino do país.
Temos a ilusão, pois nos convenceram disso, de que existe “vida”.
De que ela pode “nos levar”.
Porém, a (s) vida (s) sempre será (ão) uma ilusão construída por alguém (ns) com determinado (s) interesse (s).
A vida é igual ao senso comum.
Ser é questionar o senso comum para trazer ao mundo nossa capacidade de olhá-lo com nossa particularidade e poder modificá-lo.
Nos deixar levar é deixar de ser.
A sociedade é uma ilusão bem vendida pelos meios de difusão de ideias disponíveis (jornais, rádios, tevês, amigos, parentes, cinema, CDs – que tocam essa música do Zeca Pagodinho). 😉
As vidas são várias e são construções sociais (conceitos/filosofias gerais/sensos comuns).
Quem se deixa levar por essa construção social, sem questionar, abdica da possibilidade de ser alguém.
Aceita o que lhe dão.
Será alguém inventado por outro alguém.
A vida não leva ninguém, você é levado por alguém, que chama o projeto que fez para você de vida.
Matrix na veia, em forma de pagode!
Vejo isso também quando alguém diz:
“Sou pragmático, não gosto de teorias”.
É um Zeca Pagodinho com verniz!
Não existe prática sem teoria, ou seja, o que ele quer dizer, no fundo é:
“Existe uma teoria (que eu aceito sem questionar, geralmente americana importada), vou tocando com ela, não quero parar para pensar, não enche o saco, deixa a teoria me levar, teoria leva eu”. 🙂
Desconfie dos pragmáticos, pois eles escondem uma teoria de forma consciente ou inconsciente.
Assim, quanto mais uma sociedade, organização, grupo, pessoa for autoritária:
- Mais estará forçando que a “vida”, que nos leva, seja igual à verdade/realidade;
- Mais acreditaremos que as boas teorias atrapalham, vamos fazendo!;
- Mais pragmáticos gostaremos de ser, pois seremos levados!;
- Não vamos querer parar para pensar, apesar de ser a “sociedade do conhecimento”!;
- E não vamos querer ouvir falar de filosofia, que vem ao mundo para questionar sempre, nem pensar!.
Tanto que tiraram a bichinha (filosofia) da escola.
(A conta está vindo a cavalo!)
Filosofia, mais do que uma Ciência, é a atitude de parar para pensar o tempo todo em busca de uma verdade inalcancável.
Como se fala do mundo da inovação sem filosofia, justamente a arma de séculos para rever como pensamos?
Explica santa!
Deixar a vida nos levar é aceitar o que alguém construiu, quer preservar se beneficia disso e aceitamos sem questionar. Deixar levar é manter esse mundo (sempre esquisito) do jeito que está.
Portanto, quando for ao próximo show do Zeca Pagodinho, leva o cartaz:
“Quem leva a minha vida sou eu”.
No mínimo, vai namorar alguém. :0
Concordas?
Salve Nepô,
Nem o próprio Zeca segue essa expressão, do contrário não teria saído de sua condição de contínuo no Serpro para ter a vida que em hoje.
Essa letra seria mais honesta se defendesse o equilíbrio. Ô vida: Me leva que eu te levo também.
Gosto desse lance:
“Ô vida: Me leva que eu te levo também.”
Abraços,
Nepô.
Ser arquiteto do próprio destino!