Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exerce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa a ser apenas um escravo da informação – Nélida Piñon – da minha coleção de frases;
Questões centrais nos dias de hoje:
- O que consumo de informação é suficiente?
- Estou indo mais ou além da conta?
Digamos que devemos analisar o problema do ponto de vista da adequação.
Cada ser humano, em função de seu perfil profissional e humano, necessita de um tipo específico de informação, que separaria em três níveis:
- Nível 1 – Informações que organizam a lógica dos processos – são as teorias, conceitos, descrição de modelos, que nos ajudam a subir em uma montanha e poder ver as ações dos “exércitos” de cima.
São pessoas mais ligadas a estratégias que precisam compreender que precisamos de uma lógica consciente. E que pensarmos sobre ela com regularidade, pois é ela que vai nos ajudar a organizar os demais níveis. Quanto mais você conseguir se dedicar a este nível 1, colocar no dia a dia e fazer disso uma instrumento de geração de valor, mais conseguirá influenciar a mudança de forma criativa e inovadora. Aqui podemos chamar de estudos teóricos de fundo, de filosofia, do grande cenário.
Se você não tem tempo para isso e você se acha um agente indutor de mudanças, algo está errado, pois você está sugerindo mudanças sem saber exatamente para onde e para que. Cuidado!
Se você não se dedica ao nível 1 é um “ferramenteiro” alguém dedicado a colocar em prática aquilo que os outros definiram.
- Nível 2 – Informações que complementam a lógica do processo – são reflexões, conceitos e ideias, que questionam ou reforçam nossa visão do processo. São pessoas que não estão discutindo a lógica geral, mas que chegam a conclusões, frases, que nos mostram novos pontos de vistas, ou consolidam a visão geral. É importante se cercar desse tipo de “inputs” para aproveitar e fazer uma revisão da lógica geral do processo;
Só se apercebe desse nível 2 quem já passou pelo nível 1. No primeiro nível, iremos ler mais livros e mais artigos de fundo. Neste, ficamos mais com notícias de revistas, de entrevistas em jornais, que vão reforçando o nível 1.
- Nível 3 – Dados – que aparecem aqui e ali, pesquisas, avaliações, resultados de experiências, que servem como complemento e apontam, de fato, se todo o nosso cenário está batendo, ou não está batendo.
São dados coletados em pequenas notas de jornais, dicas genéricas, que vão compondo o quadro do nível 2 e do nível 1. O problema ao consumir o nível 3 é que sem o 1 e 2 tudo que vem entra de forma embaralhada sem nenhuma lógica, que possa confirmar ou refutar nada;
O problema atualmente é que:
1- não temos uma visão consciente de uma lógica geral, engolimos as lógicas que estão aí, travestidas de opiniões, dados e informações, conhecimentos. Gato por lebre;
2- ficamos tateando no nível 2 e 3 e, não tendo a lógica geral, do nível 1, sem a capacidade de saber se o que estamos vendo reforça ou não reforça a teoria macro. Sem ela, patinamos em bits.
3- como o mundo do nível 3 é o mais dinâmico, vamos repassando e consumindo, sem nenhum tipo de critério, os dados soltos, muito mais fofocas do que informação, de fato.
No final, estamos cansados, exaustos, entulhados, sem nenhum tipo de informação adequada para o nosso futuro.
Ainda mais para quem quer induzir mudanças!
No máximo, vivemos intensamente – e compulsivamente o presente no nível 3 – acreditando que estamos por dentro.
Sim, estamos na muvuca, mas sem conseguir ouvir direito, afinal, que música, na verdade, está tocando, pulamos pela batida, mas não conseguimos entender a melodia ou a letra.
Estamos tão por dentro, mas não conseguindo ver de fora, que acabamos ficando por fora!
Pulamos por que todo mundo está pulando!
Ampliar o tempo para o nível 1 e 2 é a missão de quem realmente quer ser uma agente de mudanças.
(Sugiro ler o post que defino a ideia de agente de mudança.)
Já falei mais sobre isso aqui, ao argumentar que vivemos, no fundo, é de fofoca.
Conversando no Twitter, recebi essa boa dica:
@Molnar09
Ok! Fiz um texto sobre a “Infobilimia” (por para fora o excesso)… http://molnar09.wordpress.com/2010/03/21/infobulimia-esquizofrenica/
Vejam que termo interessante:
INFOBULIMIA ESQUIZOFRÊNICA
Valeu Marcelo!
Nepo,
Você arrebentou com este post!!!
Bom fim de semana,
Abs
[…] Vi no excelente blog do nosso amigo Nepôsts – Rascunhos Compartilhados […]
[…] Comments « A informação adequada […]
A árvore modelo (ontologia) está começando a aparecer, já podemos começar a filtrar os dados em fofocas e informações de nível 1, 2 e 3.
Felicidades,
Formanski
Lucia, valeu!
Formanski, explica melhor a árvore da ontologia.
valeram as visitas!
Tronco = Domínio de Conhecimento, no nodso caso Ruptura 2.0;
Raízes = Ciências que suportam esse domínio,no nosso caso, ciências socioeconômicas (pedagogia, sociologia, economia, filosofia, etc);
Galhos = O que não muda ou dificilmente muda, no nosso caso a Lógica, informações de nível 1;
Galhinhos = Informações de nível 2;
Folhas = Informações de nível 3.
Felicidades,
Formanski
Caro Nepô
Cê tem razão… Está faltando percepção holística e senso epistemológico, o que faz com que os processos sejam administrados sem pé e cabeça. As especializações acadêmicas fragmentam qualquer tema ou atividade sob a pior forma de ação: corporativismo. Vide a crise dos especialistas…
Também fiquei encucado com a tal árvore ontológica…
Será que Formansky se refere às estruturas dos fluxos vitais, ou processuais de conhecimento, sob um espectro fibonacciano?
Um abração
_\o/_
Formanki, gostei da árvore…
Ivan, aí você apelou:
“espectro fibonacciano” 😉
Explica vai.
abraços
Nepô
Nepô, boa tarde.
Eu tinha imaginado que Formanski estava explicando a estrutura de árvore em padrões característicos de uma sequência fibonacci, e postei antes de ler a explicação dele quanto ao conceito.
E é exatamente isso! Imagine que as raízes constituem os fluxos primários (inputs) como as seivas tributadas para um tronco (unidade central de processamento – backbone) que distribui, como um hub, novos fluxos (outputs) multiplicando-os progressivamente, até a forma de uma frondosa copa que, além de partilhar informações e conhecimento resultante, age intercambiando energias.
É a esse espectro que me refiro, estruturado a partir da sequência de Fibonacci – o fator 1,68 – que determina como os galhos se ramificam e moldam a imagem gráfica representativa. Vemos o tronco e a ramificação até a formação da copa (o imite da dispersão), mas temos uma copa invertida constituida pela ramificação das raízes, também, supostamente sujeita a este fator, o Numero de Ouro, o relação áurea, que se obtem o valor pelo algoritmo:
j = (1+V5)/2 = 1,618033989618033989… Que é uma média entre os resultados de uma sequência: a sequência fibonacciana é 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144… [ F(n)=F(n+1)+F(n+2) ], e assim é que a maioria das árvores desenvolvem a multiplicação de seus ramos.
Os números de Fibonacci ligam-se facilmente à natureza. É possível encontrá-los no arranjo das folhas do ramo de uma planta, nas copas das árvores ou até mesmo no número de pétalas das flores. Podemos também encontrar a espiral de Fibonacci nas sementes das flores, em frutos e pinhas. Exemplos:
1\2 olmo, tília, limeira > 1\3 faia, aveleira, amora silvestre >
2\5 carvalho, cerejeira, macieira, azevinho, ameixieira, cardo-morto >
3\8 choupo, álamo, roseira, pereira, salgueiro > 5\13 amendoeira …
Mas, deixando de lado a sucessão de Fibonacci, voltamos à floresta de árvores de informação e conhecimento e vemos que há geradores de seivas, usando as raízes, e conectores com o ambiente usando as folhas, possibilitando sombras amigáveis para interação daqueles que ali souberem se abrigar e usufruir. Incluindo frutos maduros possíveis…
A natureza nos dá a fórmula do espectro formado por sua fonte primeva. É preciso saber aproveitar essa lição…
Espero ter conseguido explicar.
Abraços
Ivan
Ivan, explicou e me deixou tonto.
Grato pela visita,
abraços,
Nepô.
Nepô,
Se expliquei e o deixei tonto, não funcionou. Pretendi um resposta do tipo: “– compreendi !”.
É fácil! Imagine, ou mesmo desenhe numa folha de papel, uma árvore. Deverá ter raizes, tronco e galhos ramificados cheios de folhas. Não se preocupe com a linha horizontal do solo, porque não é um teste psciológico.
As questões são: como desenhar os galhos e seus ramos; será que cada galho pode se desdobrar em duas, três ou mais subgalhos ou ramos; com que taxa de desdobramento; quando e onde termina a árvore?
Imagine a seiva como fontes primais de dados e o seu fluxo percorrendo desde a mais fina e perfurante condição radical, passando pelo tronco interpretador, para gerar informações que chegam até as folhas mais distantes que a árvore permite.
O desenho ficará bem representativo da forma com que a sociedade obtem o conhecimento necessário para a sua condição existencial.
Ai, teremos o ambiente externo com as pressões e mutações climáticas que interferirão no real desenvolvimento da árvore; o contexto onde as raízes se fixarão — se o terreno é arenoso, argiloso, inclinado, charqueado, salitrado e outros circunstâncias contextuais; a cultura de aproveitamento dos frutos, que são os conhecimentos decorrentes e, na prática, representando benefícios. A sabedoria é decidir se colhe os frutos e deles se vive, ou se deita à sombra da frondosa copa à espera de oníricos porvires.
Ah! Ao desenhar a árvore, recomenda-se que a propagação dos galhos siga a sequência Fibonacci: 1; 2; 3; 5; 8… Isto é, o produto será sempre a soma dos dois números anteriores… Simples assim.
Espero que tenha compreendido.
Abraços
Ivan
Ivan, palavra mágina, compreendi, agora.;)
Interessante,
valeu,
Nepô.
PS – preciso ver uma utilidade para isso, teria um exemplo de bom uso para resolver algum problema prático?
Adorei! Estou tentando curar minha infobulimia esquizofrênica diminuindo as leituras de nível 3 (pegando mais leve no twitter, por exemplo) para dedicar mais tempo às de nível 1 e 2.
Espero ansiosamente por um novo comentário do Ivan. Eu tenho uma certa fixação em números (não chega a ser um toc, mas é próximo ;). E o espectro fibonacciano me instigou um bocado.
Vanessa, andei pensando sobre os níveis.
E acredito que só podemos trabalhar no nível 1 com bastante esforço e quando colocamos atividades estratégicas na nossa prática profissional.
Viver o nível 3, na verdade, dados e mais dados, significa algo que reflete o nosso dia a dia.
Investir em visões mas gerais é um primeiro passo, que deve ter eco na nossa vida profissional, que vai se aproveitar dessa nossa subida de visão.
Ou seja, uma coisa leva a outra.
Se não levar, o ritmo tarefeiro e ferramenteiro obrigatoriamente nos levará de volta, ao nível 3.
Vou postar sobre isso mais adiante,
beijos,
Nepô.
Juntando a explicação do Formanski sobre a árvore, tronco, galhos, galhinhos e folhas, e somando a aula do Ivan sobre a sequência fibonacci, chego a conculsão Nepo, que se vivessemos só de conhecimento nível 1, nossas árvores de conhecimento teriam copas bem pequenas mas de galhos parrudos.
Entendo que as ramificações: criar galhinhos e folhas é necessário para nos expandir, termos uma sobra maior, que atenda a mais pessoas…
Subir num bom galho parrudo que dê até para nos esparramar nele, são para poucos.
Deu para entender?
Se eu entendi?
claro que não…
detalha.:)
Bjs
[…] isso, ao invés de ir na direção que estamos, consumindo informações de nível 3 – fofocas – temos que subir o nível 1, na direção […]