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O grito que vem do auditório...

O grito que vem do auditório...

Não resta dúvida que as palestras não serão mais as mesmas.

A galera cheia de aparelhinhos, trocando impressões pelo Twitter e similares.

O palestrante terá um “silêncio barulhento”, no qual está sendo dissecado pelo público.

É uma resposta inteligente para a palestra no conceito antigo da idade da mídia do um (que sabe tudo) para-muitos (que ouvem calados).

O ideal agora é reduzir o tempo da apresentação inicial e deixar que a colaboração seja o tom, criando modelos nos quais as pessoas sejam parte integrante do processo.

Existem mil possibilidades  nessa direção.

Há perdas e ganhos nesse caminhar da palestra colaborativa.

Tenho para mim que uma das maiores dificuldades a ser superada pela  geração Y, que nasceu com a Internet, é a dificuldade de concentração.

Muita gente me fala que é uma cabeça multi-mídia, não resta dúvida, mas aumenta a dificuldade de ouvir o outro.

Há, além disso, o risco da superficialidade.

De viver de novidades e da falta de aprofundamento.

Veremos mais adiante muita gente sentindo a falta de se conhecer melhor conceitos, a história e as teorias,  formas de combater a ansiedade da informação, outra doença que cresce a olhos vistos.

Intuo que teremos um retorno aos mestrados e aos doutorados e menos necessidade de  MBAs.

Por outro lado, a revolta do auditório marca o fim das palestras de umbigo, nas quais o palestrante fala para ele mesmo, independente do outro lado.

Me acorda quando acabar...

Me acorda quando acabar...

No meio desse mar de novidades nos auditórios, existe o risco implícito de todo mundo falando muito, ouvindo pouco e não se informando quase nada.

Existe sim a possibilidade de se virar uma grande performance, mais do que um evento informativo e colaborativo, que ninguém lembra de nada no dia seguinte.

Portanto, há que ter cuidado!!!

Pode ficar marcado mais pela  farra do que pelo fato.

Concordas?

Já falei mais do Twitter por aqui.

6 Responses to “O Twitter e a revolta do auditório”

  1. Renato Albano disse:

    Um link interessante sobre o assunto:

    How to Present While People are Twittering
    http://pistachioconsulting.com/twitter-presentations/

    (em inglês)

  2. cnepomuceno disse:

    Renato, valeu a dica e a visita, abraços
    Nepomuceno.

  3. Realmente é algo para se pensar. Vivenciei isso – com muitos amigos twitteiros – no campus party. Não sei é porque a maioria era meio maluco por internet, mas o fluxo foi bom (na minha opinião). O twitter no telão – quando bem usado – era um espaço para expressar a opinião tanto a favor quanto contra do palestrante. O volume era grande demais e isso, às vezes, atrapalhava, mas de uma forma geral achei que foi um novo formato de palestra realmente. Fico imaginando (já que minha outra área é a saúde – além do futebol) como seria o comportamento dos médicos em uma conferência com gente twittando durante a apresentação. Seria bem melhor, eu acho. Parabéns, mais uma vez pelo tema. Abs, Cris

  4. Ale Galdo disse:

    Em meio a esse fluxo veloz e vertiginoso de informações como fica a REFLEXÃO?

    Isso tudo me remete com muita frequência ao romance sci-fi do Gibson, Neurmoancer de 1984 e o cibercowboy Case, acostumado a “operar com uma taxa de adrenalina quase sempre alta, uma mistura de juventude e competência, com sua consciência fora do corpo projetada na alucinação consensual da Matrix por meio de um deck cyberespacial customizado”… Essa “complexidade impensável. Linhas de luz abrangendo o não-espaço da mente; nebulosas e constelações infindáveis de dados” (Gibson, 1984).

    Essa vida conectada me traz tamanha ansiedade que, de repente me interessei em cursar uma disciplina que não faz parte do meu programa de Mestrado: Filosofia da Ciência. Tenho me sentido no céu!!!

    Para transformar tanta informação em conhecimento precisamos de reflexão, de tempo, de discussão aprofundada…. 🙂 Como arrumar tempo (e mente) pra dar conta tanto da nossa ansiedade por informação, quanto da necessidade de lenta reflexão?

    Não tenho resposta, mas juro que estou tentando! :))

  5. cnepomuceno disse:

    Ale,

    se analisarmos vamos ver que perdemos muito tempo com fofoca, que acabamos chamando de informação.

    Veja o post sobre o tema:

    http://nepo.com.br/2009/03/06/fofoca-e-informacao/

    Esse seu esforço pela Filosofia não vejo como algo isolado, mas uma tendência…bem como um aumento pela procura de mestrados e doutorados. As pessoas vão querer conceitos e teorias mais do que superficialidades.

    Que achas?

    abraços, grato pela visita,
    Nepomuceno.

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