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Uma mudança tecnológica é um trem com dois vagões.

Oi, olha o trem...

Oi, olha o trem...apitando, chamando quem sabe do trem (Raul Seixas)

Primeiro, entra no túnel a tecnologia, apitando.

Depois, vem o carro cultural, mudando.

Há quem queira teorizar sobre esse novo mundo de fora.

É isso e aquilo, mas não experimenta, não sente, não se acultura.

É a teoria tecno-fóbica (os Freds), de quem não quer se “sujar”, mas tem toda uma concepção sem passar pela tecnologia com os seus próprios sentidos e emoções.

Quem não vai para lama, não se estabelece...

Quem não vai para lama, não se estabelece...

Fica uma coisa meio sem parâmetro, vendo o fenômeno de fora, como se isso fosse possível.

Só existe uma forma de pensar e até mudar esse carro em disparada: estando por dentro.

Pierre-Lévy, que levou muita cacetada por aí, defende isso no seu livro Cibercultura, falou elegantemente algo assim logo no início do livro, que vou traduzir mais ou menos assim no popular.

Peru de fora não tem como se manifestar.

E segue:

E quem quer precisa entender que o processo não está dado, mas em construção.

Não pode influir, pois não sabe como a banda toca.

Do outro lado da cerca, do menino sem pijama listrado, estão os Nerds, teórico-fóbicos.

É preciso haver diálogo entre os dois fóbicos...

É preciso haver diálogo entre os dois fóbicos...

Para eles, tudo é natural, abram alas que eu vou passar com minha nova tecnologia tinindo em folha.

Para estes, não há problema cultural, acomodamento social, reflexão.

É uma visão estreita e que não só os afasta do resto da sociedade, como, cria um verdadeiro fosso entre quem poderia ajudar, mas é tão fechado que atrapalha.

O fosso entre quem só pensa, ou só usa.
Há um fosso entre quem só pensa, ou só usa.

Paulo Freire – que vai voltar à moda – dizia no Livro “Pedagogia do Oprimido” que existem os radicais e os sectários.

Os primeiros têm princípios, mas dialogam.

Os segundos, só querem convencer e evangelizar, já que o outro é alguém a ser doutrinado.

Note que é necessário um equilíbrio entre os tecno-fóbicos e os teórico-fóbicos, ambos podem ser sectários, cuidado.

Sejam radicais nas posições, mas escutem o outro lado. A humanidade só chegou até aqui por causa do bom senso…que sempre prevaleceu.

Ou seja, sejamos radicais, sem perder a ternura jamais!

Se uma mudança tecnológica é uso e aculturação, é preciso equilibrar novidades com leituras, discussões e reflexões.

Saber as novidades, mas pensar o que aquilo significa e como podemos sabiamente tirar um proveito humanista.

Vejo blogs tecnos sem conceito.

Vejo blogs teóricos sem uso.

Cabe a nós, na luta contra a ansiedade da informação, saber mesclar as duas correntes para conseguir enxergar o quadro com mais nitidez.

http://i139.photobucket.com/albums/q289/peopleware_04/imagem_portugal_equilibrado.jpg

Quem se equilibra, não se trumbica...

Concordas?

A discussão continua no outro post sobre a Exposição de Vick e sobre as Hienas e os Leões, aguarde.

One Response to “A eterna luta entre os Nerds e os Freds…”

  1. […] O exercício de Vick nos leva a pensar nesse jogo:  se aproxima e afasta….entre o uso e reflexão. […]

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