Deve ter algum motivo para os judeus ortodoxos não comerem carne de porco.
O que era um aprendizado ou ensinamento válido, virou uma tradição e depois dogma.
Todos nós, em diferentes níveis, estamos cercados de tradições sobre as quais não paramos mais para pensar.
No Natal, damos presentes, pois é o dia da solidariedade do amai-vos uns aos outros.
Na Páscoa, ovos, pois é a fertilidade, apesar de coelho por mais tarado que seja, não por ovos.
(Deve ter sido algum erro de tradução pelo caminho.)
E assim vamos entranhados de condicionamentos registrados e não conscientes na nossa placa-mãe, desde o berço.
Se apertarem o botão “x” respondo “mamãe”. Já o “z”, “papai”.
O trabalho terapêutico sério – e que funciona – nada mais é do que tentar colocar o paciente fazer viver no presente, sem os fantasmas do passado.
Um processo de destraumatização, de descondicionamento, de autoconhecimento para viver e recriar e se relacionar com o presente. E não viver num eterno passado imutável e num futuro idealizado.
Há uma novidade com a chegada da valorização do capital intelectual na sociedade contemporânea, conectada e em rede.
“Robôs sociais” foram excelentes para uma sociedade dominada pela Igreja, pelo grande capital, o robô humano repetitivo e sem criatividade interessava ao sistema.
Agora, esse condicionamento estimulado está entrando num beco sem saída.
A sociedade da mudança e, portanto, da inovação, pede o descondicionamento!!!!
O Capitalismo Cognitivo pede criatividade.
E vai começar a demandar pessoas descondicionadas, não ortodoxas, não dogmáticas.
A alma da criatividade e da inovação é o descondicionamento.
Quanto mais tradicionalista, dogmática é a cabeça da pessoa menos ela terá capacidade de pensar fora do quadrado.
Longe de mim querer dizer que todo judeu ortodoxo não é criativo.
Mas as tradições – sem questionamento – servem para dar segurança às pessoas, fazem-na fazer parte de uma determinado tribo, coletivo, isso é natural.
Mas a embotam, tornam a mente repetitiva, cansada, óbvia.
Obviamente, que agora não é chutar o pau da barraca do passado, o que seria também uma atitude dogmática.
É preciso separar o joio (condicionamento burro) do trigo (ensinamento sábio).
Analisar o que existe de vazio, de deturpação do ensinamento, do repetitivo e sem sentido na tradição.
Para haver mudança, é preciso estar aberto para perceber aonde há sabedoria no passado e saber recriá-la, a partir não da tradição, mas da sua importância em termos de conteúdo, ensinamento para o presente.
Uma atualização diária da nossa placa-mãe.
Com esse olhar, estamos abertos para o novo, sem neglicenciar o passado, pelo contrário, tirando dele realmente aquilo que nos faz ser mais humanos e menos tradicionalistas condicionados – o que nos leva, normalmente, justamente ao desumano e à ignorância.
Ou seja, cravo no poste:
A tradição sem reflexão é a vitória da mediocridade!
Concordas?
Concordomcom o que disse no post. Há tradições que em pleno séc XXI não fazem qualquer sentido. Faziam há muitos séculos atrás. Há que evoluir e principalmente criticar. Um bom crente é aquele que questiona os dogmas da sua fé. Não achas?
Pardal,
Paulo Freire fez uma distinção entre o radical, que tinha seus princípios abertos e dialogava. E o sectário que tinha suas idéias fechadas e queria evangelizar, sem diálogo.
Um crente tanto pode ser um quando o outro, gosto mais de me relacionar com os primeiros, pois uma das maiores violências de um humano contra o outro é não olhá-lo.
Portanto, sim acho que um bom “crente” é o que está sempre se questionando…crente na dúvida 😉
abraços,
valeu a visita.
Nepo,
gostaria de saber se na frase “É preciso separar o joio (ensinamento sábio) do trigo (condicionamento burro)”, não há um erro de troca de significado entre o joio (erva daninha da cultura do trigo) e o trigo. Me parece que houve uma troca de significados na analogia. O trigo seria o ensinamento sábio, ao contrário do joio.
Parabéns pelo post. Muito interessante.
CRD,
fechado, olhos de águia!!!
troquei e ficou melhor, valeu!
Abraços,
Nepomuceno.
Valeu a visita.
[…] adiante, como muitos hoje, já carecem de ensinamentos relevantes e sabedoria, que não vem ainda em nenhum pen […]