Quem vai explicar a Internet?
A Web é um desses assuntos que exige um novo enfoque.
A Ciência evoluiu ou por ferramentas que lhe permitem ver o antes impossível (microscópio, telescópio, robô submarino para alta profundidade) ou fenômenos que, pela repetição no tempo e estudos, nos possibilitam uma nova teoria.
A sequência de introdução constante de novas tecnologias de comunicação e informação, tais como (livro, jornal, rádio, tevê, computador web) nos mostra que mais do que fenômenos isolados e sem nexo, há um movimento cíclico de mudanças.
Estes movimentos giram em torno de sistemas ou ambientes de conhecimento humano, que, como eram espaçados não chamavam a atenção, nem exigiam um estudo mais aprofundado.
As coisas eram soltas e sem conexão entre elas.
Não era claro que algo se alterava de tempos em tempos.
Algumas coisas mudaram de lá para cá:
1) as mudanças são mais constantes e rápidas;
2) o que nos permite ver com mais clareza que são e serão sempre presentes e carecem de uma teoria que as expliquem.
Dessa forma, para entendermos a Internet é preciso situá-la dentro deste contexto geral de mudanças cíclicas e não com um novo fenômeno, como um disco voador que pousou na terra.
Ela faz parte de algo que tem uma história, na qual não tínhamos uma pista de onde escavar para ver os antigos ossos.
Portanto, mudanças nas tecnologias de comunicação e informação têm ciclos e são diferentes das demais, pois alteram de forma mais radical a sociedade.
Ou seja, a Web venho escancarar algo que não havia necessidade de se estudar , mas agora se tornou vital para compreender de onde viemos e para onde vamos.
Assim, as tecnologias de informação e comunicação são um centro mutante de sistemas de conhecimento que sempre foram necessários para o ser humano existir, este sim, para sempre presentes enquanto sobrevivermos enquanto espécie.
A necessidade do conhecimento, através da informação e da comunicação é perene. As formas que fazemos isso mudam de tempos em tempos de maneira radical.
Esse é o centro dessa nova lógica.
Estes ciclos são vitais para definir e se entender mudanças na sociedade humana.
Precisamos, assim, de uma nova Ciência, na qual o objeto não será mais a comunicação, a informação ou a computação, vistas de forma isoladas, mas um todo coerente, tendo como objeto central os sistemas e ambientes de conhecimento do ser humano, que têm como núcleo central as mutantes tecnologias da inteligência (informação e comunicação).
É o típico momento no qual Thomas Kuhn chamou de quebra de paradigma científico.
Os antigos preceitos não são mais suficientes para explicar o fenômeno e surge a necessidade de um novo, que jogue uma nova luz ao ainda não totalmente explicado e acaba por tornar o que ficou para trás obsoleto.
O estudo dos sistemas de conhecimento recolocarão, a meu ver, em seu devido lugar a Comunicaçâo e a Ciência da Informaçâo (e mesmo parte da Ciência da Computação), que tiveram vidas separadas enquanto puderam, mas chegaram a seu limite.
Entender a Web na sua dimensão fará aos pesquisadores destas áreas, cedo ou tarde, procurar um campo de estudo (como muitos vêm fazendo) baseado na pesquisa dos ambientes de conhecimento, o único que nos permitirá a ter uma história coerente das grandes mudanças na produção da informação e da comunicação humana (grunhido, fala, escrita, livro manuscrito, impresso, jornais, rádio, televisão, telefone, computador, web).
O novo campo jogará, por fim, nova luz à sombras em outras Ciências, como a Economia, à Sociologia, à Filosofia, Antropologia, entre outras.
Algo assim permitirá um resgate e uma releitura da história e poderemos perceber a influência que as alterações nos sistemas de conhecimento e suas mudanças tiveram na sociedade.
Concordas?
—
Sobre o tema recomendo ainda ler.
Esta chegando lah!
abraços
A nova Ciência é a complexidade é o que mais gosto de estudar!!
Mas não acho que “As coisas eram soltas e sem conexão entre elas” antigamente. Sempre houve conexões, só que em menor grau e um tanto quanto invisíveis!
Vi que vc está lendo a cabeça bem feita do Morin! Eu estou lendo o Método 5 e farei monografia a respeito esse semestre!
Entre no meu blog, é uma mistura, mas talvez encontre alguma coisa que se identifique através das minhas palavras-chave!
Já salvei o site e virei visitar mais vezes.
Mais uma da rede complexa,
Sil.
Oi Sil, já estou te seguindo no Google Reader.
Vamos trocar.
Sim, se deixei a idéia que não havia as conexões, foi erro meu. Havia. O que há agora é a urgência em fazê-las de forma mais articulada.
Valeram os comentários.
Nepomuceno.
[…] não temos ainda estudos suficientes de como os novos ambientes informacionais modificaram o mundo, o que exige uma nova Ciência, mas temos pistas de que esse processo é preponderante, como demorava muito tempo para mudar, […]
[…] função disso, teremos que criar uma ciência multidisciplinar para estudar esse novo fenômeno e repensar a maneira de como […]
[…] um nó teórico no ar, pois se os ambientes de informação se modificam e moldam a sociedade, é preciso […]
[…] A maioria das Ciências não aborda esse fenômeno, criando um nó teórico. […]
[…] Veja mais sobre o tema no post “O nó teórico“. […]
[…] Tenho dito aqui que essa nova abordagem histórica – contextualizada – abre mesmo a possibilidade de uma nova ciência. […]
[…] is a theoretical knot hanging in the air, because if information environments are being modified and are shaping society, […]
[…] aqui uma relação de causa e efeito não diagnosticada completamente pela ciência, mas que a rede tem nos evidenciado mais e mais essa […]
Carlos,
no que difere o seu pensamento sobre a localização da ciência da informação, comunicação e computação, da interdisciplinaridade dessas duas últimas com a ciência da informação, como explicado por Saracevic no artigo “A natureza interdisciplinar da ciência da informação”?
Laerte, gosto desta frase:
Não somos estudantes de assuntos, mas de problemas, que constituem, assim, o recorte de qualquer disciplina. (POPPER, 1972)
Qual é o nosso problema?
A partir daí, vamos pensar em ciência e na interdisciplinaridade ..que dizes?
valeu a visita!!!
Eu digo que é melhor resolver o problema com todas as disciplinas que forem necessárias e deixar para os estudiosos de epistemologia se engalfinharem nas querelas filosóficas, rss. Como dizia Rolando Lero da escolinha do professor Raimundo, “captei a vossa mensagem, mestre”.
E minhas divagações resvalam para o seguinte questionamento: será que para validar o estudo da informação, ele tem que ascender ao status de ciência para ser aceito? mas, isso não é um pensamento positivista? e estudos de informação não são pós-modernos,também? até hoje, se debate a crise de identidade da ciência da informação, mas os estudiosos estão resolvendo os problemas, como comprovam os trabalhos da área…
Laerte,
Bom, não sei se Ciência ou um campo de pesquisa, mais leve e arejado, mas algo que estude os sistemas de conhecimento e suas rupturas x a sua influência na sociedade. É disso que precisamos.
é isso, valeu a visita!
Nepô.