“Os filósofos limitam-se a pensar o mundo, mas o que importa é transformá-lo” – Marx;
Andei pensando sobre as ideias de Marx.
Acredito que o ser humano pode ter três instâncias para pensar e atuar no mundo:
- – a filosofia – que é algo mais amplo e influencia as teorias;
- – a teoria – que é algo influenciado pela teoria;
- – e a metodologia – que é algo influenciado pela teoria.
No caso de Marx, tivemos, simplificando:
- – filosofia – o proletariado é bom e o sistema o aliena e corrompe, acabando com o modelo do sistema, podemos ter uma sociedade mais justa;
- – teoria – o problema é o capitalismo e suas contradições. É preciso um outro sistema igual em que tudo seja controlado pelos proletários. A base da história é a luta de classes e só eliminando a opressora, teremos um mundo melhor;
- – metodologia – é preciso uma revolução, que estabeleça um reino dos proletários que são bons.
Entendo a ideia de que cabe ao filósofo se dedicar aos problemas do mundo e, como resultado, querer transformá-lo.
- Porém, não é possível fazer da filosofia uma metodologia, pois são duas coisas separadas.
- A filosofia é um espaço para duvidar de tudo que pode haver.
- A metodologia é quando dúvidas são dissipadas, depois de um trabalho também teórico.
Assim, o filósofo ajuda a mudar o mundo quando cria novos paradigmas de pensamento, que vão influenciar os teóricos e estes os metodológicos.
Se transformamos a filosofia em metodologia, não há mais espaço para a dúvida e só certezas. E talvez isso explique um pouco o dogmatismo que tomou conta de seus seguidores.
Há certezas filosóficas, pois a metodologia e a filosofia passam a ser a mesma coisa.
E quando não há dúvidas sobre qualquer coisa, o ser humano deixa de ter um pensamento aberto e passa a ter uma ideologia fechada, um dogma, beirando a religião.
A filosofia, portanto, é a porta de saída para todas as crises.
Sempre é possível que estejamos mais longe do real e a filosofia pode nos dar essa passagem.
Quando vira a própria metodologia temos um problema, pois não porta de saída e apenas uma certeza única.
São escalas de influências distintas.
- Sim, há filósofos que não ajudam nas teorias;
- Há teóricos que não ajudam nas metodologias;
- E metodologias que não tocam na realidade.
Há tudo isso, mas isso podemos dizer que são ferramentas pouco eficazes.
Quando ele diz:
“Os filósofos limitam-se a pensar o mundo, mas o que importa é transformá-lo”.
Há uma escalada para que isso aconteça e – quando a filosofia não serve como instrumento de reflexão e dúvida – ela perde o seu papel questionador, fechando uma porta de saída relevante.
É isso, que dizes?
[…] Ou do Marxismo, que defendeu que a filosofia deveria ser ferramenta de mudança do mundo, falei mais disso aqui. […]