Filosofar é uma atitude. Diria um verbo. Aquele que ama a verdade e a procuro em todo o lugar. Ser um caçador de verdades é uma ação e não um substantivo.
Sou caçador enquanto caço, ou melhor, enquanto procuro a mentira, pois quem caça a verdade, no fundo, é um caçador de mentira.
Filosofar é, assim, procurar a falsidade do discurso e da prática.
Toda vez que alguém se dedica a analisar a mentira está, de certa forma, filosofando.
A verdade, portanto, é inatingível e a mentira é algo mais próximo, pois você pode saber o que não é de forma mais rápida, pois uma mentira, como dizem, tem perna curta e a verdade, por sua vez, pernas sempre mais compridas do que as nossas.
Podemos supor a verdade, sabendo que é apenas uma percepção contextual.
Uma verdade passageira para uma determinada tomada de decisão.
É possível, através da lógica, demonstrar que determinado discurso carece de sentido.
Que é baseado em pouca reflexão ou repetição.
Mentira aceita não pelo tempo que se parou para pensar nela, mas simplesmente pela osmose de repetir o que sempre me disseram e eu aceitei sem questionar.
Em uma contração cognitiva como a atual, vivemos exatamente disso de mentiras repetidas e pouco discutidas, que são verdades pouco problematizadas.
Carecemos hoje, urgente, de caçadores de mentiras muito mais de quem se diz filósofo, apenas por que tem um certificado. O mesmo vale para o ensino de filosofia que deveria ser uma provocação de vontade de caçar mentiras e não de estudar a história da filosofia, o que, obviamente, não é excludente.
Filosofar, portanto, é uma ação permanente.
Quando ouço por aí alguém que diz que é filósofo fico com um pé atrás, pois há uma diferença de gostar da filosofia que é amar a filosofia enquanto ciência, que é diferente de amar a verdade e ser um caçador de mentiras, filosofar.
Uma pessoa que estuda a história da filosofia é um historiador da filosofia, ama os filósofos e seus estudos, mas não é, por causa disso, um filósofo, mesmo que tenha sido certificado como tal.
Filosofar é escolher um problema na sociedade e analisar como ele está sendo minimizado e quais são as mentiras que giram em torno dele. Ninguém é assim é filósofo, mas pode estar filósofo em um dado momento, quando está exercendo uma função de questionador de mentiras.
Um caçador só é caçador enquanto caça.
Ele pode se dizer caçador, mas é um caçador em potencial e não, na prática, pois é preciso estar caçando para dizer que é um caçador pleno.
Como o tempo, de fato, aqueles que caçaram mentiras no passado foram criando um conjunto de tópicos mais sofisticados e respostas afins, que acabamos chamando de questões propícias à filosofia.
São problemas mais amplos tais como:
Quem somos? Por que estamos aqui? Para onde vamos? O que é o amor? Felicidade? Justiça? Política? Ética? Moral?
Mas isso só faz sentido quando são usados para o ato de caçar mentiras e não para colocar troféus em uma parede.
A paixão dessa discussão pela discussão não faz uma pessoa amante da sabedoria ou da verdade, apenas amante da filosofia, que não é o amor pelo ator de caçar a verdade, mas amor pelo ato da caçada ou até do caçador (de quem estuda um filósofo em particular).
Obviamente, que o papel dos amantes da filosofia é relevante para quem quer caçar mentira, mas não podemos confundi-los com os caçadores propriamente ditos.
Assim, quem se diz filósofo não o é, pois o amor pela verdade é uma ação, um verbo e não um substantivo.
Que dizes?
Versão 1.0 – 18/11/2013 – Colabore revisando, criticando e sugerindo novos caminhos para a minha pesquisa. Pode usar o texto à vontade, desde que aponte para a sua origem, pois é um texto líquido, sujeito às alterações, a partir da interação.
[…] E o papel do filósofo aqui. […]