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 Versão 1.1 – 07.08.13

(Sugiro ler o meu novo livro “Gestão 3.0”, pois este e-book é desdobramento daquelas descobertas/criações.)

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O que é a verdade?

Eis a questão que tem atormentado cada filósofo e cada ser humano ao longo da curta história do ser humano na antiga terra.

Podemos dizer que o conceito de realidade palpável e concreta, um muro, do qual vamos nos aproximando é falsa e argumentar contra ele não é tão difícil, basta algum tempo de reflexão.

(Tal visão não é a regra dos meus alunos em sala de aula, que vêm a realidade como algo bastante sólido e existente, fruto da intoxicação que a ditadura cognitiva nos legou.)

A verdade/realidade é histórica, contextual e depende de um conjunto de fatores.

Os principais, a meu ver, são:

  • – as ferramentas que temos para medir e aferir dados para que possamos nos aproximar e derrubar falsas-verdades;
  • – e o surgimento de mentes brilhantes, desconfiadas, associativas, que são capazes de criar novas relações entre fatos até antes não articulados.

É alguma coisa entre o que é possível medir e a nossa percepção, a partir de determinados contextos, grupos, locais, tempos, pressões. A verdade/realidade, portanto, é contextual.

Além disso, a verdade é uma “faca de dois legumes”, pois ao mesmo tempo que precisamos dela para tomar decisões, mesmo que sejam provisórias, elas acabam por nos viciar e criar falsas-verdades nos levando a erros e a crises.

É preciso acreditar, não acreditando, mas isso nem sempre é possível, como veremos.

A leva de filósofos da última metade do século passado nos trouxe outros elementos sobre a verdade, tal como Sartre, Bourdier e Foucalt, principalmente.

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Para eles, a verdade/realidade sempre será aquela que as organizações de plantão/poder estabelecem, pois toda organização tem um sonho imperial, de querer se manter na posição que chegou. Obviamente, que há graduações nisso para mais e para menos, dependendo de uma série de fatores, mas podemos dizer que o sonho imperial é o sonho de todos que conseguem algum tipo de autoridade social, seja o indivíduo ou o grupo.

Há uma luta surda entre diversas verdades, mas, como talvez inspirados em Marx, a verdade será aquela que quem controla os meios circulantes de ideia defender como verdade – será uma verdade mais acreditada por mais gente por mais tempo.

Gosto mais de trabalhar com taxas para sair dessa visão do preto e branco.

Ou seja, se colocarmos um termômetro para medir as grandes verdades de uma dada sociedade, aquelas que as pessoas não questionam tanto, veremos que elas são as que as principais organizações defendem ao longo do tempo e de forma sistemática, sendo hegemônica de forma distintas nos grupos.

Assim, o discurso das organizações que se estabelecem passa a ser o que a sociedade vai escutar, repetir e incorporar como se fosse a sua própria verdade.

Assim, a verdade/realidade é aquela que as organizações de plantão definem o que é a realidade, obviamente dentro de uma tensão constante, tendo como elemento principal, portanto, a linguagem e os meios de disseminação das ideais por onde elas trafegam, tais como as tecnologias cognitivas que atuam por sobre uma dada plástica cerebral. 

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O conceito de verdade/realidade é assim:

  • – dependente e relacionado com o modelo e a eficácia do controle de ideias exercido na sociedade;
  • – do tempo em que o mesmo tipo de controle é exercido;
  • – com a distância entre o que é dito e o que é feito para reduzir a taxa de sofrimento humano, ou o que podemos chamar de “taxa de hipocrisia”;
  • Das tecnologias cognitivas existentes;
  • E com a plástica cerebral hegemônica em uma dada época, moldada pelas tecnologias cognitivas.

 Podemos dizer, assim, que quanto maior for a taxa de controle/concentração das ideias pelas organizações, mais as pessoas vão ficando “adormecidas” em questionar a verdade, criando uma preocupante transparência entre a visão dominante e a sua possibilidade de questionar a mesma.

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A novidade que temos descoberto é que  o controle de ideias varia conforme as tecnologias cognitivas disponíveis a plástica cerebral que criam.

Um mundo sem Internet, portanto, é um e com ela é outro, pois as tecnologias cognitivas que demoram muito para variar, trazem com elas uma mudança do modelo da circulação das ideias na sociedade e alteram a plástica cerebral, criando um novo modelo de membro da espécie que não aceitará o mesmo modelo de controle/representação anterior.

E como a circulação das ideias são atividades diárias humanas alteram como o tempo a plasticidade cerebral, sobre a qual se aprende a exercer o controle. A plástica cerebral, assim, é responsável por algumas atividades:

  • – definir quem é e quem não é autoridade respeitável;
  • – e passar a confiar nessas autoridades para tomar decisões.

Assim, se mudam as tecnologias cognitivas, mudam, pela ordem:

  • – a plástica cerebral;
  • – e depois: a forma de se estabelecer autoridades;
  • – e depois o critério das verdades;
  • – e depois o modelo das organizações, que são moldadas pelos três fatores anteriores articulados.

Podemos dizer mais: toda a estrutura das organizações sociais se baseia no respeito/aceitação/manutenção das autoridades de plantão que gerenciam as organizações,que criam verdades e o respeito da sociedade baseado em uma dada plástica cerebral.

Mudou a tecnologia cognitiva, muda a plástica cerebral, muda o modelo de autoridade que será respeitado, muda a sociedade ao longo do tempo!

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Ou seja, aceitamos uma dada verdade/realidade das autoridades de plantão, que estão inseridas dentro de um ambiente cognitivo, que é determinado pelas tecnologias cognitivas disponíveis,m que acabam por criar uma plasticidade cerebral, que é compatível com esse modelo. Quando mudamos essas tecnologias, há um rearranjo do modelo cerebral e por sua vez da eficácia de controle social, que vamos ver no próximo post.

 

2 Responses to “#1 – A verdade e a influência das tecnologias cognitivas”

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