Se ao ler você não entende o que alguém está dizendo e se não exerce a crítica diante do que lhe está sendo dado, não apreende e passa a ser apenas um escravo da informação – Nélida Piñon – da coleção de frases;
Resumo: defendo uma nova abordagem sobre a discussão do que é informação, não mais propositiva, mas negativa, sugerindo que deve se estudar o que a informação não é, jogando a tolha na tentativa inútil de tentar definir o que é informação, que considero um falso problema, algo que se gasta muita energia com um resultado pífio.
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Já que é impossível definir o que é informação, é melhor definir o que ela realmente não é: http://bit.ly/eSyYge
Definir o que é informação é um falso problema, algo que se gasta muita energia para resultados pífios: http://bit.ly/eSyYge
Está na hora de definir o que não é informação e não o que é: http://bit.ly/eSyYge
Há em curso, como sempre vai haver uma reflexão do passado, do futuro e do presente da Ciência da Informação.
A informação é um processo humano vital para nossa sobrevivência.
É comparável ao pensamento, à vida, à respiração, aos sentimentos.
Fenômenos que sem eles não estaríamos aqui.
É algo que todos convivem, básico, fundamenta, intrincado na espécie humana, como nossa pele, sangue, porém de forma abstrata e intangível.
O problema que por ser tão inerente, onipresente e indissociável do ser humano, qualquer Ciência que se arvore em estudá-lo, tem graves dificuldades.
Ter uma Ciência que é o sangue ou o ar de todas as outras é um complicador e tanto.
- O que é a vida?
- O que é a respiração?
- O que é um sentimento?
- O que é um pensamento?
Hoje, na CI, apelido da área, contabiliza-se pelo menos mais de 400 definições sobre Informação, o que leva a muita gente a ridicularizar uma Ciência, (piada recorrente dos alunos), pois justamente o que a une é o fato de não se conseguir chegar a um consenso do que é afinal essa coisa chamada informação.
Todas as tentativas de definição acabam por se perder, pois quanto mais se aproxima do chão, mais superficial fica.
E quanto mais se afasta, mais etérea nos parece.
Um caos teórico.
Diria que esta indefinição ou “tentativa de” é uma virtude e um defeito, numa relação paradoxal.
Como todo bom problema complexo.
Há sempre o cinza – sem pretos e brancos.
É fato que toda simplificação – sem a devida complexidade trabalhada – nos leva a superficialidade.
Porém, para que existe, então, uma Ciência?
A meu ver deve ajudar a problematizar o que aparentemente está resolvido e sedimentado, sempre ampliando o aquário do nosso conhecimento, como sugere Marcelo Gleiser.
Assim, do que adianta uma Ciência se não se dedica aos problemas vitais humanos e não nos leva também – na aba – às questões existenciais mais profundas?
De que adianta uma Ciência que não seja balanceada, tendo como parâmetro fundamental a minimização dos sofrimentos humanos contemporâneos e projeções destes para o futuro?
Assim, depois de muito pensar e ouvir, acredito que toda a Ciência, digamos placa-mãe da sociedade – e a CI é uma delas – que se dedica a estudar algo tão inerente e abstrato do ser humano dever ser uma Ciência Negativa.
Agir na sombra e não na luz impossível.
Ou seja, aquelas que fazem parte da própria base do ser humano, tal como o conhecimento, linguagem, cognição, vida, sentimentos são Ciências basicamente filosóficas e seu papel não é o de definir e trazer luz, mas ajudar a in-definir e retirar as sombras sem nunca pretender ir ao falso problema da luz.
Explico.
São Ciências que podem avançar e contribuir muito mais pela negativa, apontando o que a discussão e o debate definiram como provavelmente “não é bem isso”.
Procuram evoluir e chegar a consensos daquilo que provavelmente não é.
Tais consensos negativos começaria pela máxima:
Informação é um dos conceitos humanos inexplicáveis.
Porém, é possível definir de alguma forma o que ela não é:
a) Explicável;
b) Dispensável;
c) Um objeto;
d) Não é importante agora para a sociedade, sempre foi (todas as sociedades eram sociedade da informação, com o volume proporcional a suas demandas.);
É possível afirmar, pela negativa, apesar da confusão atual reinante que a informação é um processo e não uma coisa, como considera o senso comum, por exemplo.
Ou seja, devemos recomeçar o debate sobre o futuro do estudo da Informação – diante de tantos desafios impostos pelas mudanças atuais no ambiente informacional, ao aprofundar o debate que:
Definir “informação” é um falso problema.
Pode-se definir um falso-problema como aquelas questões que demandam muita energia e não nos levam à quase nada.
Ou que o custo-benefício é alto demais e não vale a pena.
É aqui o caso.
Uma Ciência Negativa nos tira do falso problema, pois não se preocupa mais em definir o que é, mas apenas o que não é.
Dessa eterna caixa preta impenetrável é possível ir delimitando o que quase não é e ir apoiando a sociedade a lidar melhor com ela, sendo mais eficaz e menos diletante.
Na verdade, estaríamos reequilibrando a visão da CI como Ciência Aplicada, como hoje é definida no Brasil, ampliando o espaço pouco explorado de Ciência filosófica, como aliás, sugeriram esse balanço seus fundadores.
Um equilíbrio quase perdido.
É preciso fortalecer muito mais o campo da filosofia (Filosofia da Informação), que vai definir tudo aquilo que não é, sendo a base teórica para a sociedade lidar de forma mais confortável com o fenômeno.
De cima para baixo e não o contrário.
Ressalta-se ainda que todo ser humano, antes de tudo, é um usuário de informação, quase um profissional ativo nos tempos modernos e sempre interessado no tema.
O que leva o senso comum a sua diapasão.
Fica a questão para debate.
Que dizes?
[…] This post was mentioned on Twitter by Cristina De Luca, cnepomuceno. cnepomuceno said: Já que é impossível definir o que é informação, é melhor definir o que ela realmente não é: http://bit.ly/eSyYge […]
Informação é um nada. O que se obtém a partir dela é o que importa.
Pessoal, complementando este texto, acabei por chegar ao do Carlos Henrique Marcondes:
“Linguagem e documento: fundamentos evolutivos e culturais da Ciência da Informação”
Acredito que este texto tem o mérito de:
–
Show, Nepô! Só para reforçar, informação é um processo, o documento é um objeto consequente deste processo, mas nem toda informação gera um produto documento.
Lu, sim, o mundo oral foi o mundo do sem lenço e sem documento 😉
[…] Como já defendi aqui não há como definir informação. […]