O bom professor é aquele que, apesar ter mais tempo de reflexão sobre determinado assunto, estimula e sente prazer em incorporar cada vez mais pontos de vistas – Nepô – da coleção;
Lembra daquelas provas de matemática?
Que a professora pedia o resultado e a memória de cálculo de como você chegou àquela resposta?
Pois é andei pensando nessa experiência agora.
Outro dia em um debate discutíamos sobre sala de aula do futuro.
- Uma pessoa defendia a sala com Twitter e micros;
- E eu argumentei que optava, agora, por uma sala sem computadores.
Não cheguei a essa ideia do nada.
Já passei pela proposta dos computadores, dei aulas assim e fui amadurecendo (com o tempo e reflexão) que esse tipo de traquitanda estava mais atrapalhando do que ajudando na interação entre os alunos.
Vi que era preciso apostar na relação aluno-aluno – aluno- professor, turma-turma.
Ou seja, era uma nova escola, voltando a usar a tecnologia biológica fundamental: a voz, a audição, a interação humana, que foi abandonada.
- Não se trata, assim, do senso comum, de que computador não é bom em sala de aula, mas de superar o senso comum 1.0 que seria esse.
- E o novo senso comum 2.0 que seria que a solução é colocar computador.
- Indo, assim, para o novo senso comum 3.0 de que temos que tirar os computadores e só usá-los quando não estivermos juntos.
Essa é a memória de cálculo, o caminho que me levou a defender algo tão “pouco moderno”, que, no fundo, é um pós-pós-debate.
Não acredito que é algo que deve ser usado sempre, pois aula sobre ferramentas sem micro, é piada.
Mas aulas conceituais com computador é pedir para que ninguém preste atenção e aprenda com os demais.
Minha avaliação com os alunos tem sido nessa direção.
(Ver outras reflexões sobre o assunto aqui.)
Portanto, uma discussão acalorada sobre aulas com micro ou sem micro, seria completamente infrutífera, sem ambos os lados exporem suas memórias de cálculo para ver como cada um (e durante quanto tempo) refletiu sobre o problema para poder se comunicar e ver o que concordam e discordam.
Pode ser que tenham pensado e vivido sobre o problema com a mesma intensidade, ou não, o que a memória de cálculo vai ajudar bastante para dirimir dúvidas.
Há um tempo, portanto, de reflexão sobre conceitos e problemas que nos levam a conclusões diferentes e sem a memória de cálculo fica difícil que os demais possam avaliar os passos e concordar com as conclusões.
Ajudaria bastante, como vou passar a adotar a partir de agora, apresentar sempre a minha memória de cálculo para que o outro possa me acompanhar o raciocínio e, só então, avaliar se a minha lógica faz sentido para ele e o que ele pode agregar ou discordar, com todas as informações disponíveis.
Concordas?
Sim, concordo com os dois pontos expostos no texto: primeiro, que toda argumentação precisa ter uma sequencia lógica e é necessário es esforçar em mostrá-la ao interlocutor. Isso seria um debate genuíno, e não o do tipo “na minha opinião…”.
Em segundo, que o ensino com o uso de computadores é uma ideia de entusiastas de momento. Uma coisa estar preparado para uma técnica específica. A outra é ser preparado para aprender novas tecnicas, sejam elas quais forem. Computadores e internet são uma parte do aprendizado. Mas, o aprendizado não pode ser condicionado a apenas o que essas ferramentas podem proporcionar.
Oh…Nepô, como é bom pensar junto com você!!
Diante do seu post e da notícia publicada na FOLHA.com , em 23/07 (http://www1.folha.uol.com.br/poder/771496-governo-lanca-hoje-o-programa-um-computador-por-aluno.shtml), acrescento um trechinho do que o Moacir Gadotti e o José Eustáquio Romão ( Instituto Paulo Freire) dizem no prefácio do livro Educação em Rede – uma visão emancipadora , Margarita Victoria Gomez, Cortez Editora:
“…não adianta distribuir tecnologia sem ideologia, sem formação, sem método, sem mudar o paradigma.
… Aprender em rede supõe um paradigma educativo oposto ao paradigma individualista, hoje dominante.Educação em rede supõe conectividade, companheirismo , solidariedade.
…Não basta que os computadores cheguem às escolas. Eles podem chegar à escola e nada trazerem de concreto para a educação sem uma mudança de paradigma.”
Acredito, humildemente, que mudança de paradigma precisa de tudo que você falou no seu post de hoje.
Não é?
Keila, legal.
Mônica, muito bom, fiquei com vontade de comprar o livro.
É isso, estão colocando uma máquina nova em uma maneira de dar aula velha.
beijos,
Nepô.
[…] (Falei mais sobre memória de cálculo aqui.) […]