Boa parte das empresas morre não por fazer coisas erradas, mas por fazer a coisa certa por um tempo longo demais – Yves Doz – da minha coleção de frases;
O Marcelo Campos e o João Felippe estiveram por aqui para fazer entrevista para um trabalho para uma cadeira de Mídias Sociais da UniverCidade e discutimos sobre livros, jornais e etc…
Acho nesta horas legal repetir um velho bordão:
Desconfie de quem diz que muda tudo e daqueles que dizem que não muda nada.
No caso do consumo de ideias, através do papel, também chamado pela maioria de mercado editorial e de mídia impressa – temos mudanças consideráveis, mas com uma variação de possibilidades.
Note que as duas pontas estão se mexendo e se encontrando.
1) o consumidor agora tem um computador, celular (começando com smartphones) para acessar esse conteúdo e caminha a passos largos para o leitor de livros, do tipo Kindle ou Ipad, todos conectados;
2) o autor começa a ter a alternativa de publicar direto na rede, via Lulu.com, ou pelo nacional Clube dos Autores, ou pela Amazon que começa a oferecer a estes uma gorda recompensa de 70% das vendas dos e-books, frente aos míseros 10% das editoras de papel.
De outro lado, cresce a venda de livros usados pela Estante Virtual.
Que já é quase uma grande rede social de troca de livros, com cada um mandando exemplares para outros, criando créditos, recebendo e dando, tudo no fluxo 2.0.
Minha sogra e minha filha estão a todo vapor comprando e vendendo livro por lá como pessoas físicas.
Imagino que a coisa vai aumentando, ao ponto de surgir (se é que ainda não há) uma rede social de livros que nem role dinheiro.
Ou seja, há um acordo e um encontro, mais barato e direto, entre quem quer consumir e quem tem o que dizer (autores).
Assim, o mercado de venda de papel vai se afinar cada vez mais.
Restará os grandes best-sellers e livros mais perenes, tais como Bíblia, poesias reunidas, coisas que as pessoas querem guardar por relações afetivas com o suporte.
O que for para consumo rápido, tenderá a médio e longo prazo, principalmente com o crescimento da geração Y, a ir para o digital.
Para essa nova geração – e tem sentido isso – ficará algo sem sentido gastar papel, além de obrigar a se ter cada vez mais prateleiras em casa.
Não se quer acumular pó, que dá, aliás, alergia.
É anti-ecológico e anti-higiênico.
Há que se procurar um outro caminho para quem quer continuar no mercado da venda de ideias.
Liberem-nas do papel!
Saiam desse corpo que não tem pertence! 😉
No fundo, é esta questão, as editoras não se vêem assim, imaginam-se sempre vendendo suporte e não o que tem dentro.
Está aí o grande engano.
O mercado está cada vez mais interessados em ideias, originais e personalizadas, principalmente.
É isso que tem que se oferecer.
Tenho repetido que há uma grande oportunidade por aí.
As editoras vão virar promotoras de eventos intelectuais, vendendo seus autores, que terão, como artistas de televisão, contratos exclusivos para dar palestras para grandes públicos e ter o texto, áudio e imagens de tudo isso como sub-produto, a maior parte deles, gratuito.
E não como o principal.
Principalmente as editoras de negócio…
Vira-se a mesa para o outro lado!
Quanto mais seus pensadores forem conhecidos no mercado e atraírem interesse, maior será a venda de seus encontros.
Esse modelo é o que aponta a O´Reilly, lá fora, com grandes seminários, agregando em torno de seus autores.
E aqui no Brasil a HSM, idem.
Cada vez mais o presencial, está fazendo a diferença.
O mercado editorial que vivia do controle de um canal de distribuição físico, tem que voltar às suas origens, como repassador de ideias originais, ocupando a nova sombra que a Internet vem deixando…
Encontros cara a cara com novidade e improvisação.
O difícil é ter clareza – e coragem – para dar esse passo.
Autores e consumidores estão na frente, resta saber quem vai segui-los.
Que dizes?