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Aldo Barreto no estudo sobre informação desengavetou Galileu:

”(…)  estruturas de armazenagem tendem a crescer em volume periódico e cumulativamente e terão em um determinado momento que enfrentar um problema de forma e conteúdo. A menos que existam estratégias de adaptação, os estoques tenderão a quebrar por seu próprio peso; transformar-se em agregados inúteis de informação por terem um exagerado excedente de informação não relevante”, (Barreto, 2007).

Tive contato com essa teoria da similitude, via Aldo, em função das minhas inquietações, a paritr do projeto de colaboração do Globo On-line – que acompanhei de perto – e, principalmente, em função das conversas com Aloy Jupiara, que me descreveu como foi o processo, ao abrir aquele site noticioso para comentários.

Mais e mais leitores entravam para opinar e era preciso uma nova forma para gerenciar aquele conjunto de informações.

Aloy ficava até de madrugada “fiscalizando” os comentários. Até que um dia não conseguiu mais (faltaram cabeça, troncos e membros) e resolveu “pedir ajuda” para a auto-gestão, através de denúncias de posts indevidos e filtros de palavras, um aplicativo dentro do software do jornal on-line.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=xtVOoyUTF0c]

Na verdade, ali a teoria de Similitude de Galileu batia: quando o volume aumenta é preciso mudar de forma.

O que o Globo fez:

  • 1) abriu para comentários (pois era necessário dar vazão para mais notícias em uma cidade cada vez maior, a qual o jornal não consegue cobrir);
  • 2) e novas formas de gerenciar esse novo movimento.

Até aqui eu tinha ido.

Venho desenvolvendo nas minhas pesquisas do doutorado de que a causa principal desta mudança de forma é justamente uma lógica relacionada à população.

Quanto mais habitantes = mais necessidade de consumo = que gera mais necessidades informacionais = que pede novas formas de administração da informação, gerando novos ambientes, como o do livro e agora o da Rede.

Desenvolvi algo nessa linha aqui.

Muito bem, mas faltava um fator fundamental nessa nova lógica, que só agora caiu a ficha.

Qual o fator preponderante nessa mudança de forma?

Intuo hoje que seja a velocidade.

Ou seja o item mais evidente, a nova forma (citada por Galileu) necessária para manter o equilíbrio nos ambientes informacionais é aumentando o fluxo interno do sistema para que a informação flua, já que é impossível matar gente (por mais que alguns tenham tentado) e impedir que essas gente consuma (por mais que alguns ainda tentem também).

O que sobra: mexer na velocidade, eliminando barreiras.

Se eu não consigo controlar mais pessoas que chegam, que geram informação, eu aumento a velocidade pela qual elas circulam para manter o equilíbrio.

Na verdade, o exercício do poder é justamente tentar controlar essa velocidade para não perder o controle do fluxo, colocando barreiras para que não saia da lógica central, mas, como a história tem demonstrado, de tempos em tempos, é necessário dar um upgrade no processador de conhecimento humano, saltando de um ambiente para outro, cada vez com mais necessidade de velocidade.

O que assistimos com a Web  é o surgimento de uma nova velocidade nas áreas periféricas do sistema, que, por sincronização (vou falar disso em outro post) obriga a quem quer estar competitivo (veja o post sobre feudalismo corporativo)  a “piscarem” no mesmo ritmo como os vaga-lumes, que estão já em outro ritmo.

Foi assim, por exemplo, com o e-mail.

Um sistema de conhecimento, veja abaixo o modelo do Aldo:

Gira em círculos de entrada e saída.

Da entrada das idéias, até a retroalimentação do próprio sistema.

Há um tempo de duração, entre estas duas pontas: entrada e saída.

Uma carta demorava meses.

Hoje, é ao vivo.

(A Web 2.0 – isso também será assunto de outro post, suplanta a fase inicial da velocidade de comunicação e introduz o aumento da velocidade no armazenamento. Hoje, todos salvam. O primeiro acelerou o processo, mas não tinha abalado (ainda) a estrutura de poder. O segundo, não, mexe na memória, nos bancos de dados, pois a história passa a ser escrita por outras pessoas. E isso muda a sociedade.)

A aplicação da teoria de Galileu nos ambientes de conhecimento, que gera uma mudança de forma, pode se relacionar, principalmente, a necessidade do aumento da velocidade.

Ou seja, ainda no campo das suposições, quanto mais o volume de dados crescer, mais rápido ele precisará circular, se não ficará obsoleto e não servirá para nada, segundo Galileu e Aldo.

Se pusermos isso em uma lógica  matemática (ainda incipiente) teríamos algo assim:

I x Q = V

I= Informação

Q = Quantidade

V=Velocidade (da troca de informações entre os participantes do ambiente.)

Há uma relação entre as três variáveis, quanto maior a multiplicação das duas primeiras, necessariamente terá que ser maior a outra.

Nos ambientes de conhecimento hegemônicos, no caso da Internet, teríamos como variáveis:

POPULAÇÃO = NECESSIDADE DE CONSUMO (DE TODAS AS ORDENS)  = VOLUME DE DADOS NECESSÁRIO PARA ATENDER A ESSA DEMANDA = VELOCIDADE COMPATÍVEL

Há que se fazer algumas ressalvas ao se utilizar uma lógica matemática em fenômenos sociais:

1) diferente de uma fórmula da física que o resultado sempre é o mesmo, a lógica (veja bem a diferença entre as duas) acima é o núcleo da tendência de mudança. Pode acontecer, deve acontecer, pois é a lógica, mas não acontecerá da mesma maneira em todos os lugares.

(Até hoje temos índios que não tem escrita!)

É sobre esta lógica, sobre este núcleo básico, que as coisas podem funcionar, mas não é ainda o resultado final.

É para onde as coisas tendem a fluir.

Ou melhor, sempre tenderam, mas não percebíamos por ser uma lógica que se relaciona à população, que cresce lentamente.

2) a necessidade da fórmula ajuda na tangibilização da lógica. Não quer dizer que é essa exatamente, pode haver, com certeza, outras variáveis que iremos trabalhando, mas aí está um dos núcleos principais;

3) a procura de uma simplicidade básica, o tal do ovo do Colombo, nos leva a sofisticar as digressões e não o contrário. Partir de algo simples, potencializa, caso se aproxime da lógica real.

Perguntas possíveis e respostas que me dei.

Para aumentar a velocidade do ambiente o que é preciso?

Cortar os pontos em que a informação tem dificuldade de circular.

Como?

Colocando mais tecnologias que permitam acelerar a dinâmica. E depois incorporar mais gente para ajudar no processo para: armazenar, filtrar, consultar, retirar informações.

Ou seja, todo o processo de horizontalização da rede tem um único propósito: ganhar velocidade.

Blogs, comentários, Twitters, orkuts, YouTubes….são processos para se atingir a esse objetivo e não o contrário!

Retirando, assim,  do processo os burocratas: os antigos intermediários.

Exatamente igual aconteceu com os padres no surgimento do livro.

Deixaram de ser os únicos a lerem a Bíblia para os fiéis, que passaram a ler direto.

Portanto, no ambiente do livro impresso: mais autores, mais fontes, mais lugares de consulta, etc.

É assim com a Internet.

É assim com o Twitter, que gira mais rápido do que uma lista de discussão, por isso  tão mais interessante.

É ainda uma teoria experimental, sujeita à chuva e trovoadas.

Ótima e propícia para discussão em um blog no processo de tese aberta, que estou desenvolvendo.

Pegue seu guarda-chuva, que já estou com o meu.

Te pergunto, afinal:pode uma fórmula matemática explicar a Internet?

Que dizes?

11 Responses to “Pode uma lógica matemática explicar a Internet?”

  1. mariacera disse:

    Bom … os físicos e os matématicos sempre acharam que podiam explicar o mundo através de fórmulas e axiomatizações…

  2. cnepomuceno disse:

    Maria,

    desde que a lógica ajude e não atrapalhe…

    nada contra,

    beijos
    Nepô.

  3. […] Um tema que abordei em detalhes neste post sobre a lógica matemática da Web. […]

  4. […] É um momento de passagem importante para o novo ambiente de conhecimento – permitir velocidade. […]

  5. […] essa camada, fundamentalmente, ganhou velocidade para atender a uma população de 7 bilhões de […]

  6. […] meu ver, projetos 2.0 tratam de preparar a instituição para entrar em uma outra velocidade, eliminando intermediários, mudando […]

  7. […] de conhecimento planetário, com novas tecnologias, tal como a Internet, que tira os intermediários para ganhar velocidade. Postei com mais detalhes isso […]

  8. […] Por fim, como já disse, objetivo dessa mudança de forma visa o aumento de velocidade do fluxo informacional, já desenvolvi um pouco mais isso neste posto sobre a lógica matemática na Web. […]

  9. […] Por fim, como já disse, objetivo dessa mudança de forma visa o aumento de velocidade do fluxo informacional, já desenvolvi um pouco mais isso neste post sobre a lógica matemática na Web. […]

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