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#religião_2.0 – a relação das mídias com as religiões.
Resumo do artigo em tabela:
Qual é a abordagem do artigo?
Saiba mais sobre a divisão acima, neste post.
Vamos ao artigo:
“Melhorar o mundo requer compreensão de causa e efeito.” – Pinker.
Tudo que permanece ao longo do tempo é uma Oferta Estrutural que se mostrou válida para determinada Demanda Estrutural do Sapiens.
O Sapiens é uma espécie que, no longo prazo, abraça o que melhora a vida e descarta o que piora.
A Religião, a meu ver, resolve a demanda do Sapiens de refletir sobre propósito de vida e sobre a postura ética, um certo conforto para lidar melhor com a finitude humana e, por fim, um sentimento de pertencimento em uma comunidade.
O Sapiens, aliás, é a única espécie viva que tem consciência da morte.
As religiões, entretanto, além de seu papel específico, que tem se perpetuado no tempo, exerce outras influências na sociedade, principalmente na área política.
Mais e mais, ao longo dos tempos, se sentiu a necessidade de separar as decisões baseadas na fé (se base factual) daquelas ligadas à sobrevivência (com base conceitual).
Porém, no passado (com mais intensidade) e hoje (com menos) a religião influencia as pessoas e, por sua vez, as pessoas influenciam a política.
Portanto, várias das mudanças civilizacionais, principalmente no passado, começaram na religião e depois se expandiram para os outros setores da sociedade.
Temos defendido aqui dentro da Teoria do Reequilíbrio Civilizacional (a síntese da base conceitual da BIMODAIS) de que o Sapiens por ser uma Tecnoespécie pode e gosta de aumentar a população, mas é obrigado, por causa disso, a inovar progressivamente.
A Inovação Progressiva é algo da essência de uma Tecnoespécie.
Todas as organizações da sociedade – as religiosas também – seguem as Macrotendências propostas pela Teoria do Reequilíbrio Civilizacional: mais e mais precisamos descentralizar as operações e decisões para mais e mais lidar melhor com a Complexidade Demográfica Progressiva.
Assim, é de se esperar ao longo do tempo que Movimentos Descentralizadores locais ou mais gerais ocorram criando Zonas de Atração e, por adesão, influenciando outras Zonas Humanas a fazer o mesmo.
Zonas Humanas são divididas em três: Atração, Neutras e de Abandono, que são definidas pela capacidade de utilizar as melhores soluções para antigos e novos problemas.
Existem várias ações das Inovações Civilizacionais, que abrangem novidades conceituais e tecnológicas, mas as mais marcantes de todas são as Inovações Midiáticas.
Inovações Midiáticas são melhorias nas mídias, que podem ocorrer nos canais, nas linguagens ou nos armazenamentos dos registros, que são o epicentro de uma Tecnoespécie como a nossa.
Temos, se analisarmos a história, três tipos de Inovações Midiáticas:
- Incrementais – melhorias operacionais de baixo impacto;
- Radicais – melhorias operacionais de médio impacto;
- Disruptivas – melhorias operacionais e filosóficas de alto impacto.
As Mídias viabilizam determinadas mudanças que o ser humano desejava fazer, mas que NÃO tinham ferramentas para realizá-las.
Tais demandas por mudanças são provocadas pelo aumento populacional, pelo acúmulo de conhecimento, por novas mentes inovadoras, entre outros motivos.
Mídias não criam demandas de sobrevivência, mas apenas potencializam aquelas que já existiam.
Assim, quando aplicamos a Teoria do Reequilíbrio Civilizacional no processo de mudanças de longo prazo nos Ambientes Religiosos podemos dizer que antes das Revoluções Religiosas já havia a demanda por determinadas mudanças, mas faltavam ferramentas para que elas pudessem se viabilizar.
Podemos dizer ainda que por trás das grandes Revoluções Religiosas, que estavam inseridas em Revoluções Civilizacionais, sempre tivemos novas mídias para viabilizá-las.
O que temos de novidade nos nossos estudos é de que sempre houve e haverá uma relação entre mídia e religião.
Até a chegada da escrita, a relação do Sapiens com o que podemos chamar de divino (“relativo a ou proveniente de Deus ou de um ou mais deuses”) era oral.
Podemos, dizer, assim, que tivemos nas Religiões duas fases no passado e entrando agora numa terceira:
- as Religiões Orais – nas quais a relação com o divino era através da oralidade
- era feita exclusivamente no Ambiente Midiático Escrito;
- as Religiões Orais/Escritas – nas quais a relação com o divino era feita no Ambiente Midiático Oral/Escrito;
- as Religiões Orais/Escritas/Digitais – nas quais a relação com o divino está passando a ser feita com a influência do Digital.
Para analisar essa relação entre mídia e religião sugiro que você assista o filme Lutero no Youtube.
No filme, se vê claramente a influência da escrita impressa na Reforma Protestante.
Martinho Lutero (1483 – 1546) tem acesso, a partir do ingresso em uma escola teológica, ao antigo testamento e passa, a partir de determinado momento, a questionar alguns pontos e a transmitir suas ideias questionadoras da interpretação oficial da igreja, via Escrita Impressa, que dava os primeiros passos na época.
(Johannes Gutenberg (1400 – 1468) havia desenvolvido a prensa na mesma Alemanha de Lutero, algumas décadas antes.)
No filme e nos livros sobre aquele momento histórico, aparecem claramente a influência do papel impresso nas ideias luteranas, que passaram a influenciar os cristãos primeiro na Alemanha e depois em toda a Europa.
Podemos dizer que a Reforma Protestante é filha do papel impresso, pois sem a nova mídia seria impossível que as ideias de Lutero tivessem repercussão como tiveram.
As religiões, a despeito das crenças, exercem um papel social na sociedade, que caminha junto dos Ambientes Sociais Políticos e Econômicos.
A Reforma Protestante, por exemplo, foi um alicerce, em vários sentidos, para as Revoluções Sociais (Livre Mercado e República Liberal) que vieram depois.
Mas note bem que muitas demandas daquele movimento religioso estavam latentes.
A nova mídia, no caso a Escrita Impressa, foi apenas o Fator Detonante para que o que estava latente pudesse se explicitar e passar a modificar a sociedade.
A Mídia não criou a demanda (social, política, econômica e religiosa) da Reforma Protestante, mas permitiu que ela ocorresse naquele lugar, naquela hora liderada por aquelas pessoas.
Como podemos afirmar também, dentro da mesma lógica, que o Cristianismo é filho da escrita manuscrita.
Como exemplo, podemos citar o surgimento da escrita há cerca de oito mil anos, já que bíblia: “é um termo derivado da palavra grega βιβλίον (biblíon), que significa pergaminho, papiro ou livro.”
Que prognósticos podemos fazer em relação aos Ambientes Religiosos no Pós-Digital?
O que aprendemos analisando o passado é o seguinte:
- há uma forte influência do surgimento de novas variantes religiosas e mesmo de grandes revoluções nestes ambientes, a partir de novas mídias, isso é uma possibilidade muito consistente;
- que as novas formas religiosas, que surgem a partir de novas mídias, tendem a ser cada vez mais flexíveis, menos dogmáticas e menos centralizadas do que eram no passado;
- de que as novas formas religiosas serão alinhadas com os novos movimentos sociais, políticos e econômicos que virão, todos na direção da Descentralização Progressiva.
Provavelmente, teremos um aumento ainda maior da descentralização religiosa no Pós-Digital, com uma personalização da relação das pessoas com o que podemos definir como o divino, que servirá também de base para um Ambiente Social cada vez mais descentralizado.
É isso, que dizes?
Colaborou a Bimodal: Talvacy Chaves.
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