Bimodal significa dois modelos operando em paralelo.
Bimodal é utilizado pelo ser humano desde que descemos das árvores.
Há algo novo e algo velho e é preciso fazer transição.
Parte é passado é parte é futuro.
O bimodal é necessário em mudanças muito diferentes, não contínuas.
Um fotógrafo me disse que foi bimodal quando chegou o modelo digital. Ora ele usava o analógico e ora o novo, até passar completamente para o digital.
A Gartner ao adotar o conceito bimodal apontou o uso principalmente para a área de tecnologia.
Um ambiente novo, com nova forma de pensar e agir para resolver problemas.
Duas áreas separadas para evitar perda de continuidade do processo. O “modal 1” continua operacional e o “modal 2” se prepara para tomar o lugar.
Um determinado dia se vira a chave de um para outro. Que pode ser feito, inclusive, com áreas pilotos para expansão progressiva para testes e aculturação.
Quando falamos em transformação digital, muita gente tem optado por criar o ambiente bimodal, mesma que não chame desse nome.
Criam áreas de pesquisa ou aceleradoras de negócios.
Porém, sempre com a ideia de bimodal tecnológico, ou mesmo de negócios.
E a ideia, quase sempre, é que o “modal 2” cria uma série de processos, produtos ou serviços para ser, de novo, incorporado, ao “modal 1”.
A minha pesquisa, ao longo dos últimos 11 anos, percebeu que vivemos hoje conjunto de mudanças profundas.
Existe uma, porém, que é a mais radical de todas: o modelo administrativo.
A morte do gerente da cooperativa de táxi, que trabalhava na gestão, e agora passa a trabalhar na curadoria do Uber.
No Uber, não existe gerentes, pois há comunidade de consumo, que se auto-gerencia, através da reputação digital (avaliação via estrelas e comentários de parte a parte).
Quem não consegue determinada taxa de meritocracia digital sai da plataforma, ou deveria sair.
Este é o modelo administrativo da curadoria.
Quando organizações pensam em “transformação digital” muitas já admitem o bimodal tecnológico ou de negócios.
Porém, são raras as que percebem que o bimodal necessário não é tecnológico, mas administrativo.
Pode ser bimodal administrativo em parte ou no todo, mas que exige profunda mudança de mentalidade na forma de controle de pessoas e processos.
Sai gestão, entra curadoria.
Tudo o que temos visto de novidade traz certo grau de dificuldade de absorção, mas nada se compara a esse novo modelo administrativo, que podemos dizer que está alojado no fundo da alma de todo administrador.
É para isso que o foco das ações estratégicas inovadoras deve se preparar e investir.
É isso, que dizes?