Uma das principais contribuições da Escola Austríaca para o pensamento do novo milênio é o conceito de ordem espontânea.
Segundo a Escola, qualquer sistema que impeça que os preços sejam criados pelas pontas, tenderá a ter problemas de escassez.
Por quê?
Os preços são ferramentas informativas, de baixo para cima, para gerar tomada de decisões.
Um agricultor, baseado nos preços, pode decidir o que plantar com mais segurança, pois será orientado por uma ordem espontânea, que lhe dirá o que está em queda ou em alta.
Quanto mais os preços forem gerados de forma espontânea e livre, mais haverá a possibilidade de melhores decisões e vice-versa.
Na verdade, o que se defende é que diante da complexidade dos dados, é preciso descentralizar as decisões.
O que a Antropologia Cognitiva pode agregar nesse debate?
O primeiro fator é o estudo da relação de demografia com necessidade de mudanças nas mídias, que impactam nos estudos da escola austríaca.
Quanto mais gente houver no mundo, mais haverá complexidade.
Assim, dentro da lógica austríaca, haverá problemas da ordem espontânea, se houver aumento de complexidade.
Mesmo que você tenha o mesmo modelo de governo descentralizado, se a população for aumentando gradativamente, o centro que toma decisões, se não criar novas formas de fazê-lo, vai ficando incapaz de lidar com a nova complexidade.
Pior. A tendência é centralizar.
Por quê?
O que podemos imaginar é que a complexidade da sociedade não é estática, mas pprogressiv, devido ao aumento demográfico.
E que, de tempos em tempos, o modelo de ordem espontânea precisará ser sofisticado.
Mais ainda.
De que o aumento da complexidade, em não se podendo sofisticar a ordem espontânea vigente, tenderá à centralização, pois precisará reduzir diversidades subjetivas para atender às demandas objetivas.
Ou seja, aumentos demográficos, que não tenham em paralelo a possibilidade de sofisticar a ordem espontânea, naturalmente resultará em centralização das decisões, centralização de inovação e ideias, para permitir que a sociedade lide com a escassez.
Podemos dizer que isso ocorreu no século passado, quando o mundo todo, incluindo os países mais desenvolvidos cresceu tremendamente, no geral de um para sete bilhões.
Os Estados Unidos cresceu 3 vezes em 100 anos. A Europa 2 vezes. E o Brasil sete vezes.
O sistema, nestes casos, tenderá a se centralizar para combater a escassez.
Só haverá a possibilidade de sistemicamente voltar a descentralização, pela ordem:
- com a chegada de novas tecnologias de comunicação e informação, que permitam a sofisticação das trocas, gerando um novo patamar de ordem espontânea;
- o surgimento de nova linguagem e/ou o upgrade das antigas;
- e um novo modelo de administração, que permita uma nova taxa de ordem espontânea, antes da Revolução Cognitiva, inviável.