Vivemos um momento inédito em toda a América Latina.
Faz tempo que não tÃnhamos, talvez nunca, um longo perÃodo de democracias e eleições em diversos paÃses.
O voto, em uma república com pouca desigualdade é completamente diferente em um que existe forte desigualdade, pois a maioria da população tem demandas urgentes que outra parte, mais abastada não tem.
E quem acaba por decidir é a parte que tem urgências e tende a abraçar o que está mais no curto prazo, mesmo que perca mais no médio e longo. Há um problema de visão de complexidade, devido a urgência social.
Não podemos pensar um modelo capitalista e de mercado, ao molde europeu e americano, em um paÃs como os da América Latina, pois há um fator urgência da maioria do eleitor que eles não têm.
O mercado resolve o problema presente de produtos e serviços e dá preços e valor a tudo, não acho que podemos viver sem ele, porém não rompe naturalmente com a urgência social que deve ser uma prioridade de toda a sociedade.
É preciso, assim, um esforço social, que acaba ficando na mão do Estado e surge o impasse.
Procura-se no Brasil, e em toda a América Latina, um discurso e um grupo polÃtico que o encampe, que consiga manter o mercado ativo e lidar com urgência social.
- Ora é só urgência social e pouco mercado, o que nos leva à crise produtiva (PT).
- Ou é mercado com pouca urgência social, quenos leva à crise polÃtica social (PSDB).
No fundo, as discussões no Brasil têm girado na procura de algo meio termo entre estes dois extremos.
Millor tem uma frase que voltou à baila de que: “toda a ideologia quando fica velha vem morar no Brasil”.
Sim, a América Latina é hoje um dos principais pólos do discurso ainda vivo da velha esquerda, anti-capitalista, com diferentes tons de vermelho.
Não é à toa, pois onde houver desigualdade social, haverá um discurso de esquerda atraente, pois fala-se de um mundo mágico, onde não haverá injustiça, todos os homens serão bons, não haverá ganância ou mesmo dinheiro.
Quem não gosta de um pseudo-paraÃso pra chamar de seu?
Assim, vivemos uma sinuca de bico, pois quem olha para a urgência social não tem olhos de mercado e quem tem olhos de mercado não vê urgência social.
Parece-me claro que é preciso criar um tipo de proposta polÃtica-econômica-social, focada no empreendedorismo, que consiga fazer da urgência social um mercado, que consiga transformar miséria em talento e talento em dinheiro.
Não é algo simples, pois pede inovação e criatividade, união de esforços das lideranças éticas na direção de apostar em uma saÃda nessa direção.
O problema é que nossos pensadores acadêmicos sociais estão, na sua maioria, na “vibe” anti-capitalista do não-mercado e na linha da proteção social e não da criação do mercado social. E os que estão no mercado não têm o viés social, pois a urgência não gera valor no curto prazo.
Imagino que terÃamos que inventar um tipo de escola, linhas de pesquisa, estudos, produtos, serviços, aplicativos, plataformas que seria algo como algo como o Empreendedorismo anti-miséria para pensar projetos e metodologias que conseguissem capacitar e colocar jovens carentes, com linhas de crédito para transformá-los em empreendedores geradores de riqueza pró-mercado.
E transformar um Brasil em um paÃs exportador de produtos e serviços desse Capitalismo Tropical, com soluções baratas para o terceiro mundo que precisa de algo similar. já  que tem o mesmo problema que o nosso.
Há uma oportunidade aqui que pode superar o falso dilema urgência social ou mercado.
Fazendo da urgência social um mercado auto-sustentável que vai criando produtos e serviços e um público consumidor, além de um pólo exportador, trazendo dinheiro novo para o paÃs, pois é algo que se pode ter escala.
Não faltam jovens à procura de significado, que não querem fazer concurso público, dispostos a pensar saÃdas nessa direção. Há tudo falta apenas a narrativa integradora.
Acredito que o movimento polÃtico futuro na América Latina vai apontar para propostas nessa direção. Quanto antes, melhor! Talvez o Brasil possa sair na frente.
É isso, que dizes?
Queria entender melhor, porque vc considera que as polÃticas de combate a pobreza desprezam o mercado?? Gostaria também que vc explicasse melhor a que velhas ideologias vc se refere quando parafraseia o Millor?? Por fim uma provocação, vc nâo acha meio caricatural, essa sua visão do que é o pensamento das pessoas que se dizem de esquerda??