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Temos uma falta de narrativa das oposições.

O Magnoli fala disso aqui nesse primeiro bloco do Roda Viva:

E podemos dizer que na política temos em termos de oposições duas possibilidades:

  • oposição reativa incremental – aquela que questiona o que está dado;
  • – oposição propositiva radical– aquela que traz algo radicalmente novo (isso é raro em termos de histórica política).

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A oposição reativa é aquela que reúne um conjunto de problemas de quem está no poder, aponta estas questões e diz que modificá-las, dentro do mesmo paradigma.

Há exemplos que foram incrementais na política brasileira:

  • O PMDB, antigo MDB, foi isso uma frente contra os partidos pós-ditadura;
  • O PT foi isso  uma frente contra os partidos conversadores pós-pós-ditadura, incluindo a oposição ao Partidão (mais Stalinista) com o conceito de socialismo democrático (que no fundo é uma social democracia disfarçada com traços autoritários do antigo PCB.)

A oposição reativa, assim, é aquela que reúne um conjunto de problemas de quem está no poder, aponta estas questões e diz que modificá-las, dentro do mesmo paradigma.

A narrativa é a que será construída em oposição ao que está, mas dentro de um mesmo paradigma. Ou seja é uma narrativa de sugestões de melhorias em vários pontos.

Uma oposição propositiva acontece quando há um novo paradigma que se procura estabelecer na forma de se fazer política de se construir algo radicalmente novo.

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Se estabelece um conceito de mudança radical do modelo que se encontra.

  • – os republicanos foram essa proposta radical (dentro da passagem de duas Eras Cognitivas – oral-escrita impressa);
  • – os comunistas foram essas proposta radical (dentro da mesma Era Cognitiva oral-escrita impressa, já depois com algo de eletrônica).

No século passado, nos países de democracias mais estabelecidas, houve a variação do tamanho do Estado, mais ou menos, que acabou dividindo a situação e a oposição.

Com agendas mais ou menos conservadoras em termos de cultura, movimentos sobre aborto, gays, ecologia, religião, etc.

No momento atual, entretanto, temos que entender a nova Conjuntura Cognitiva que é algo novo em relação aos últimos dois últimos séculos

Estamos hoje na migração de uma Era Cognitiva para outra.

(Quem quer fazer política e ignora essa realidade, está fingindo que está fazendo política.)

Mudanças em Eras Cognitivas significam quebras de Paradigmas Cognitivos, pela ordem: na Plástica Cerebral, no Modelo Mental, no Ambiente de Pensamento e, por fim, nas Organizações, onde estão as políticas.

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Hoje, já temos um cérebro e ferramentas cognitivas mais sofisticadas do Homos Sapiens 3.2 que apontam a possibilidade da reinvenção da política, no sentido lato do termo.

Não podemos pensar em apenas fazer reforma na política, mas reforma no conceito da política, criando uma nova forma de pensar, misturando tudo que fizemos por algo ainda mais sofisticado e compatível com um mundo hiper conectado de 7 bilhões de pessoas.

Assim, é preciso construir uma aliança supra-partidária no país para iniciar um movimento e não um partido que consiga apontar e começar a experimentar novas formas de conceituar a política.

E isso não será feito dentro do atual modelo, mas algo que tem que ser pensado de fora, podendo até se utilizar do atual modelo, mas com a clareza que o objetivo é experimentar algo muito mais sofisticado, de forma clara e transparente. Com a anuência de experimentação pela sociedade, através de consultas, leis, aprovações. É reforma radical e não revolução!

De aceitar para poder testar e observar que ali, ali, ali e ali estão sendo experimentadas novas formas de representação política para dar um salto qualitativo no que temos.

Não é ABSOLUTAMENTE reduzir a participação, mas é descentralizar essa participação, colhendo tudo que pode ser preservado de positivo do modelo atual, mas com muito mais recursos do novo.

É algo que não temos parâmetros, mas vamos construir parâmetros, através da experimentação em um movimento basicamente inovador, no qual as Plataformas Digitais Colaborativas são o epicentro, regulados por Algoritmos de Colaboração de Massa

A política 3.0 será feita com algorítimos, sem isso não é possível pensar em Colaboração de Massa.

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Esse movimento não pode se fechar em um partido, pois seria como querer nascer jacaré para não ser jacaré. O jacaré é um jacaré e nada vai desfazer isso.

A experiência da Rede Sustentabilidade, do qual estou empenhado e acompanhando, está mostrando alguns equívocos:

  • a) a ideia de algo que não seja um movimento supra-partidário;
  • b) algo que não tenha como ÚNICO eixo central  E UNIFICADOR  a reconceituação da Política, com um movimento Republicano Digital ( o resto todo vem depois disso);
  • c) algo que seja fazer o novo, sendo o novo e não falando apenas do novo.

Hoje, é preciso, assim, concordo com o Magnoli no vídeo acima, construir uma narrativa RADICALMENTE nova.

E uma narrativa RADICALMENTE nova só pode partir de uma teoria nova, de uma nova forma de pensar como a sociedade muda para poder ter clareza do desafio que temos pela frente.

(O pai dessa nova teoria social é o McLuhan! Veja este vídeo aqui.)

Uma nova visão cenário que vai apontar: estamos em “a” (política 2.) e devemos ir para “b” (política 3.0).

A nova narrativa procura criar uma coerência entre os pontos, fecha algumas premissas e torna essas premissas cláusulas pétreas da qual seus membros não vão abrir mão. A meu ver: descentralizar o poder, o capital, as oportunidades para decidir com mais diversidade.

Se tem algo que a trajetória do PT pode nos ajudar, no que foi positivo, foi justamente a coerência entre uma Oposição Reativa, que se manteve coerente, como uma grande frente de esquerda, ao longo de 20 anos.

Toda a decadência que existe hoje dessa frente, que foi se desmilinguido, é de que aquela narrativa não era propositiva, era apenas reativa e hoje não há nada de novo a propor (pois não é um capitalismo renovado e nem um socialismo atualizado) apenas se manter na meta que foi traçada: o poder, com uma nova articulação com os setores mais conservadores da sociedade, incluindo a população oralizada.

É preciso, assim, criar no Brasil uma grande frente de pessoas (incluindo os órfãos do PT onde me incluo) que consigam enxergar a atual Conjuntura Cognitiva, do qual a política é um dos conceitos em mutação, para começar a preparar uma agenda de longo prazo para criar a República Digital, um ambiente de tomada de decisões muito mais sofisticado do que o atual, no qual a diversidade de decisões vai trazer a saída para as diversas crises que temos.

Inovação e empreendedorismo descentralizado como eixo central, chamando o cidadão para ajudar a decidir com muito mais participação do que hoje!

(Isso, obviamente, faz dos Republicanos Digitais defensores de um movimento radical de Inclusão Digital para tirar a população brasileira da prisão da oralidade, que só consegue ver a monarquia, ou algo parecido, como saída.)

Te pergunto: você tá nessa?

É isso, que dizes?

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