Schumpeter foi um dos que primeiro percebeu que o capitalismo é um ser que anda, em processo, auto-destrutivo, no qual quem está hoje cantando de galo pode amanhã estar na mesa sendo comido.
Versão 1.0 – 17 de maio de 2012
Rascunho – colabore na revisão.
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Estou lendo, com prazer, a biografia do Schumpeter, um “tijolo” e tanto.
Um personagem único, um teórico que demonstra que não existe nada mais prático do que uma boa teoria.
Schumpeter foi um dos que primeiro percebeu que o capitalismo é um ser que anda, em processo, auto-destrutivo, no qual quem está hoje cantando de galo pode amanhã estar na mesa sendo comido.
E que há uma forte tensão entre as empresas que se estabelecem e as que vem destruí-las, através do empreendedorismo turbinado pelo capital de risco.
O interessante que analisa que nas grandes rupturas de uma etapa para outra, não é o aquele que faz a diligência que constrói ferroviais, mas outro que vem com sede ao pote, com uma visão diferente.
E que a tendência humana pelo acomodamento apesar de ser natural, é trágica para os negócios.
Assim, a inovação permanente é para poucos, a maioria tende ao piloto automático, a manter o lema de “que não se mexe em time que está ganhando”. Ou aquela ideia que você não fracassa por fazer coisas erradas, mas certas por muito tempo.
O capitalismo é (ou deveria ser), assim, um ambiente de auto-destruição constante, meritocrático, no qual há dois agentes que vêm causar desequilíbrios constante regulares:
- os empreendedores que querem o novo;
- e um capital de risco que aposta nestes.
Para ele, um ambiente saudável é aquele em que esse casamento se dá de forma permanente, dinâmica, gerando sempre novos negócios.
Ou seja, o equilíbrio é um eterno desequilíbrio.
(Nessa lógica, podemos incluir o Brasil como um país quase anti-capitalista, pela dificuldade do novo vingar.)
Schumpeter traz uma discussão interessante sobre o mundo dos negócios mutante (ainda não completamente entendido e praticado) e extrapola a visão econômica, pois marca a própria característica humana da eterna luta entre o novo e o velho, a vida e a morte, o fim e o meio, a vontade de mudar e o medo da mudança.
É um tema filosófico,q ue nos leva para a ideia da revolução permanente x a tentativa de não deixar.
Empresas hoje procuram criar a gestão da inovação e isso, de certa forma, visa criar espaços internos permanentes diferentes entre melhorar o que já existe, arranjar novas utilidades e criar algo completamente novo, via centros de pesquisa, startups, projetos inovadores, fusões.
(Sugere-se como medida adequada para inovação algo em torno de 70-20-10%, investimento no que existe, em adaptação ao que existe e algo completamente novo – mas isso é assunto para outro post.)
Assim, pergunta-se é possível sermos revolucionários permanentes?
Ou viveremos sempre nessa anda e para, anda e para, e outros vêm sacudir a roseira?
Assim, o autor defende que para sobreviver uma organização precisa criar uma eterna vigilância para promover a destruição criativa, seja através de novos atores, seja através da própria organização, criando suas mudanças.
Essa é a base para afirmar que o capitalismo só sobrevive com inovação constante.
Há que se fazer uma relação entre as ideias do economista com abordagem de várias ciências com a atual revolução cognitiva, pois há relação entre essa visão do desequilíbrio constante e o que estamos vivendo agora.
O autor admite que a inovação constante se adapta ao meio ambiente e as mudanças em curso.
Diversos fatores externos às empresas fazem com que elas tenham que se adaptar, com mais ou menos velocidade, criando novas formas de sobrevivência.
Colocaria – que faltou na visão de Schumpeter – dois pontos que são mais evidentes agora em pleno Século XXI:
- – como o capitalismo reage a mudanças provocados pelo aumento de demanda, motivadas por grandes saltos demográficos;
- – e que, por sua vez, nos trazem para Revoluçôes Cognitiva, que mudam a base da circulação de ideias, criando uma ruptura geral na maneira de se pensar a gestão e, por sua vez, o negócio.
Ou seja, a Revolução Cognitiva é uma macroporta que se abre para a renovação destrutiva para atender as demandas de uma população maior e que marca uma mudança radical na forma das empresas pensarem e praticarem a sua gestão.
Por quê chegamos a esse ponto de impasse?
Como sugere Schumpeter, organizações que estão acomodadas usam, naturalmente, de diferentes instrumentos para não mudar.
Posso apontar alguns: fatores não competitivos para se manter produzindo.
Procuram eliminar a concorrência não pela competição ou inovação, mas pela criação de cartéis, leis de proteção e – incluiria – controle da informação, através de grandes e competentes setores de comunicaçao, que tentam impedir que determinados fatos negativos sobre a organidação circulem livremente.
Criam, assim, algo como um capitalismo semi-artificial, criando uma pseudo-competição, procurando evitar que o modelo como um todo se modifique. No macro-movimento podemos dizer que há um bolsão de não-competição que se estabelece como padrão no mercado, impedindo que o capitalismo avance, com empresas voltadas para colher o que plantaram muito mais do que plantando árvores novas.
Isso se estabelece em todo o mecado dentro de um paradigma, baseado em uma determinada taxa específica de circulação de ideias, que permite que esse patamar fique mais estável.
E a base desse impasse é o controle das ideias, que passa a eliminar um conjunto de possíveis empreendedores, novos projetos, criando uma espécie de decadência em todas as áreas, incluindo a econômica.
Passa a ter um pacto entre as mídias centralizadaas e as organizações para que estes, digamos, atos não meritocráticos fiquem escondidos, reforçando o controle não pela inovação, pela mudança, mas para manter o status quo.
Há uma não competição generalizada, organizações se tornam conservadoras, a sociedade idem, porém com o crescimento da população tais premissas impedem que soluções mais inovadoras permitam que haja nova maneira de resolver velhos problemas.
Há um macro-impasse que nos leva para uma macro-crise produtiva, inovadora, que precisa de um novo patamar para a inovação, que podemos chamar de inovação 2.0, algo que se dá em outro paradigma filosofico (empressas focadas no cliente, capitalismo consciente, ou social), teórica (revolução cognitiva e seus impactos na sociedade) e metedológica (empresas 2.0, turbinadas por redes sociais digitais, nas quais o gestor é mais um apicultor do que um ordenhador de vacas).
Uma Revolução Cognitiva abre essa porta para um novo macro-ambiente de inovação, quebrando cláusulas de barreira, revelando talentos e denunciando de forma mais fácil e efetiva os atos não meritocráticos das organizações que estão no comando produtivo.
Combate, assim, um certo capitalismo articial que se estabeleceu com o controle rígido da circulação de ideias.
Uma revolução cognitiva tem a característica de facilitar a circulação de ideias, peça chave para a inovação e derrubar cláusulas de barreira, principalmente em empresas de ideias.
Mais do que isso uma revolução cognitiva estabelece uma nova forma de comunicação mais dinâmica, colocando um divisor de água entre as organizações que competem.
Aquelas que adotam o novo ambiente (geralmente as nativas) daquelas que estão comprometidas com o anterior, mais piramidal.
Esse antagonismo insolúvel faz com que os empreeendedores, embalados pelo capital de risco, comecem a criar novas maneiras de resolver velhos problemas, primeiro entrando em áreas novas, criando novos modelos de negócio nas empresas de ideias, como é o caso do entretenimento, mídia, pesquisas, etc.
Por outro, começam a apontar alternativas, através de novas startups, não mais criando inovação na distribuição de ideias, mas criando empresas mais dinãmicas, também nas empresas de matérias, através de uma nova forma de gestão, baseada em um outro ambiente de informação/conhecimento/produçao.
Podemos dizer que a fase 1 – das novas empresas de ideias está firme e forte, criando empreas nativas, principalmente na área das ideias.
E que a fase 2 – da migração das empresas de matérias, via startups, está apenas começando.
Muitas organizações estão procurando se alinhar a essa revolução, através de mudanças internas, mas é tudo tão novo, complicado, difícil, lento que cada vez mais o espaço para os empreendedores e capital de risco para esse setor começam a ganhar fôlego.
É preciso criar uma gestão 2.0, que permita alinhar os projetos de inovação 2.0, comunicação 2.0, informação 2.0, produção 2.0, marketing 2.0, de forma integrada para se criar um novo espaço de competição.
Obviamente que tal mudança, como diria Schumpeter, esbarra na inércia e na falta de visão dos que hoje estão com seus negócios, o que abre uma grande oportunidade para quem quer destruir o que está aí com novos negócios.
Sim, Schumpeter está vivo e agora já é 2.0!
É isso!
Que dizes?