“A inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança.” – Stephen Hawking (1942–2018)
Nariz de Cera 1: dialogando com o GPT Sênior sobre algumas visões Bimodais
Depois do artigo “Por que não entendemos o Digital: a raiz do problema!” pedi uma crítica do GPR Sênior sobre o artigo.
O objetivo aqui é estabelecer um diálogo com ele sobre as críticas que ele fez.
Questionou ele:
Não seria um reducionismo conceitual?
“A inovação (tecnológica, social, cultural) costuma ser um fenômeno multifatorial. Há, sim, a dimensão da sobrevivência, mas também há dimensões como poder, status, curiosidade, realização pessoal, capital simbólico, entre outras. Será que reduzir a análise a um eixo “sobrevivência” vs. “motivações culturais” não cria um falso dilema, simplificando demais a complexidade humana?”
Contra Argumentei e chegamos nessa conclusão:
A visão de que o digital não pode ser compreendido integralmente sem se considerar a “macro-história da sobrevivência” (demografia + cooperação + novas mídias) faz sentido. É um enquadramento conceitual que ajuda a distinguir o essencial do acessório, revelando por que, em certas conjunturas, as sociedades experimentam saltos radicais na forma de se comunicar.
Em outras palavras, ao colocar a sobrevivência no centro, a análise ilumina a causa principal que faz com que esses saltos não sejam meros fenômenos esporádicos, mas grandes rupturas que redefinem a própria forma como cooperamos — e, por extensão, vivemos.
O que aprendi no diálogo?
Não se pode deixar fugir do eixo da pergunta central: Por que estamos vivendo uma revolução tão disruptiva e mudando tanto a civilização?
Começar a falar de algo que não seja a resposta desta pergunta, leva o diálogo para lugares que não devem ir.
A crítica à “Ciência Social 1.0” e a proposta de uma “Ciência Social 2.0”
Generalização ou caricatura da Ciência Social? A ciência social “1.0” é tratada como um bloco único e monolítico — mas as ciências sociais são extremamente heterogêneas. Há várias correntes (funcionalismo, marxismo, interacionismo simbólico, pós-estruturalismo, sociologia da ciência, etc.), cada uma com abordagens diferentes. Muitas delas já incluíam análise de mídias e de comunicação (Escola de Toronto, Escola de Chicago, sem falar nos estudos culturais de Birmingham, etc.).
Contra Argumentei e chegamos nessa conclusão:
Você reconhece que há várias tendências dentro da Ciência Social 1.0, mas sustenta que todas elas falham em integrar a ideia de que “mais população demanda nova mídia, que possibilita nova cooperação”. Isso justificaria chamá-las coletivamente de “1.0”, pois nenhuma apresenta esse tripé como eixo estruturante.
Portanto, a “caricatura” não seria de cada teoria específica, mas de um “núcleo de ausência” — o fato de nenhuma ter se debruçado sistematicamente sobre a relação demografia -> revolução midiática -> cooperação. Desse modo, o “Digital” (ou Civilização 2.0) explicita a lacuna que as teorias antigas carregam, tornando-se uma anomalia (no sentido kuhniano) e requerendo um novo paradigma (Ciência Social 2.0).
Em síntese, o argumento de que a “Ciência Social 1.0” não consegue explicar o digital ganha força quando se define claramente o que se espera de uma ciência social (responder “quem é o Sapiens” e “o que faz a macro-história avançar”). Se o digital escapa aos esquemas de explicação vigentes, então a ideia de um salto paradigmático para o 2.0 surge como resposta.
No fim das contas, há duas frentes para consolidar essa proposta:
- Comparação empírica de vários momentos históricos (mostrando que, sempre que cresce a população, precisamos de um salto de mídia que propicie nova cooperação).
- Diálogo com as teorias existentes (inclusive McLuhan, mas também outras correntes) para demonstrar por que elas não captaram integralmente essa relação tripla e o que efetivamente as impede de integrar o digital na sua estrutura teórica.
Com essas duas frentes bem desenvolvidas, a proposta de que precisamos de uma Ciência Social 2.0 se fortalece como mais do que uma generalização: converte-se em um novo arcabouço analítico capaz de justificar de maneira consistente — e comparativa — a revolução digital como fenômeno macro-histórico.
O que aprendi no diálogo?
Que a conversa principal sobre Ciência Social para não nos perdermos em confusão deve começar pelo papel dela na sociedade.
A definição clara de que ela é um guia que deve responder:
“Você traz uma definição bem clara sobre o papel da Ciência Social:
- Entender quem é o Sapiens (o que nos diferencia de outras espécies);
- Identificar os principais fatores que fazem nossa espécie avançar ao longo da macro-história.”
Dá início a um posicionamento mais consistente.
O que temos é uma crise nestas respostas, pois se ninguém da Ciência Social 1.0 previu o que estamos vivendo no Pós-Digital é por que tem algo falho e equivocado nas respostas.
A noção de “pré-ciência” e a reivindicação de uma “verdadeira ciência”
O autor diferencia “pré-ciência” (ligada a “sensações”) de “ciência” (ligada a “padrões”), sugerindo que o acervo conceitual Bimodal chegaria a um estágio mais “científico”, pois enxerga padrões históricos e projeta tendências.
A conversa completa com o GPT Sênior pode ser vista aqui:
https://chatgpt.com/share/67869f23-94c8-800c-948a-3af85f9606ca
Vamos ao artigo:
O Conceituador é um profissional que se dedica a organizar Ambientes de Diálogo para ajudar as pessoas a entender e lidar melhor com determinados fenômenos.
Ele trabalha para:
- Escolher um fenômeno para colocá-lo em análise, preferencialmente algo que impacta diretamente a vida do Sapiens;
- Identificar nuances históricas e contextuais do fenômeno, procurando seus fatores causantes, detonantes, consequente para sugerir os fatores atuantes;
- E, a partir de tudo isso, propor novas visões e metodologias para lidar com ele de maneira mais eficaz.
Todo conceituador só consegue trabalhar dentro das Tecnopossibilidades existentes, podemos dizer que tivemos, em passado recente:
O uso de máquinas de escrever manuais e elétricas; Os processadores de textos, com inteligência reduzida (com corretores ortográficos); Os processadores de textos com inteligência ampliada (com as IAs Individuais, tais como o ChatGPT).
A Conceituação 2.0
A chegada dos GPTs está trazendo uma revolução para a forma como ideias são geradas, organizadas e estruturadas.
Neste cenário, surge uma pergunta essencial:
Qual será o papel de um conceituador em um mundo onde os GPTs estão sendo cada vez mais massificados?
O diferencial, ao que parece, não está apenas no volume de textos gerados, pois cada vez está mais fácil produzir um texto.
O diferencial do Conceituador 2.0 estará na capacidade de gerar teorias e conceitos, que sejam mais úteis para o Sapiens viver melhor.
Num mundo cada vez com mais abundância de informação, em que teremos um número de Conceituadores cada vez maior, é preciso voltar ao passado.
Vivemos hoje um paradoxo: jamais tivemos tanto acesso a dados e, ao mesmo tempo, enfrentamos grandes desafios para filtrá-los e extrair valor efetivo.
O volume de informações cresce exponencialmente, tornando cada vez mais complexa a tarefa de selecionar o que é realmente relevante e explicar os fenômenos com clareza.
Nesse cenário, o Conceituador 2.0 se destaca por ser o profissional capaz de navegar nesse oceano de dados, organizando, interpretando e conectando ideias para produzir conhecimento significativo.
Sua função central é estabelecer critérios de análise, identificar padrões históricos e propor conexões conceituais que auxiliem pessoas e organizações a enxergar sentido em meio ao caos informacional, mantendo o foco nas necessidades reais do Sapiens.
Os modelos de linguagem como os GPTs podem processar uma quantidade imensa de dados, sugerindo sínteses e análises que seriam impensáveis manualmente; no entanto, ainda lhes falta o que só o Sapiens tem: criatividade!
É justamente nesse ponto que reside o diferencial do Conceituador 2.0: sua capacidade criativa e intuitiva, que permitem extrair significados e formular teorias que transcendam as estatísticas ou correlações identificadas pelos algoritmos.
Em vez de competir com a inteligência artificial, o Conceituador 2.0 faz dela uma ferramenta aliada, para gerar conhecimento aplicável ao aprimoramento da vida do Sapiens.
Ou seja:
Conceituadores — ou cientistas — trabalham para organizar e explicar, e não confundir, a sociedade.
São pessoas que se dedicam a organizar Ambientes de Diálogos Bagunçados.
Assim, antes de se usar, ou não, os GPTs, todo o Conceituador deve ter:
Clareza do fenômeno estudado;
Bases sólidas, baseadas em padrões históricos para explicar o fenômeno;
Clientes que vão se beneficiar do seu trabalho.
As novas ferramentas passam, assim, a ser um facilitador a mais para o desenvolvimento do seu trabalho e não algo que vai criar algo por ele.
Como usar os GPTs como aliados na conceituação
Temos alguns usos possíveis dos GPTs:
1 – um substituto do Google com mais recursos, que nos permite pesquisar de forma mais ampla e mais profunda. Diferentemente do Google, os GPTs podem entender melhor o contexto das perguntas e oferecer respostas mais direcionadas e refinadas, conectando ideias de forma integrada e sugerindo interpretações que estimulam novas perspectivas, inclusive com a leitura dos arquivos que você oferece para ele, singularizando a busca;
2 – um estagiário digital que pode produzir rapidamente determinados textos para facilitar o trabalho;
3- um primeiro leitor que serve para dar feedback, principalmente, nos aspectos formais do texto;
4- um leitor crítico (GPTs de última geração) que podem provocar diálogos inspiradores para melhorar a Certeza Provisória Razoável.
A relevância dos Bancos de Dados
Um ponto fundamental, entretanto, é educar os GPTs para que eles conheçam o seu trabalho e possam cada vez mais articulá-lo com as suas demandas.
Para isso, é preciso criar, no caso do ChatGPT, projetos, onde os arquivos da sua obra (artigos, livros, textos em geral) podem ser armazenados.
E em cada um dos projetos diferentes chats específicos, do tipo:
- Chat para a produção dos novos artigos: esses chats permitem centralizar ideias e direcionar o desenvolvimento do texto com base nos objetivos do Conceituador. Isso facilita o planejamento e torna o processo mais eficiente, eliminando dispersões e garantindo que cada artigo tenha maior consistência;
- Chat para preparar a divulgação dos novos artigos;
- Chat para fazer o resumo de uma reunião que se fez com alunos.
Conclusão
O diferencial de um Conceituador 2.0, assim, antes de tudo é no ponto de partida: a qualidade dos padrões que têm diante de determinado fenômeno.
Quanto mais fortes eles são, mais chance ele têm de ajudar os seus clientes.
Porém, se os Conceituadores com teorias e conceitos mais fortes, não se dedicarem a se aproveitar das novas Tecnopossibilidades, eles tenderão a perder competitividade.
Apesar de isso não ser falado explicitamente, o mercado da conceituação é igual a todos os outros. Existe uma competição acirrada, onde os Conceituadores precisam unir criatividade, rigor analítico e o uso inteligente das Tecnopossibilidades. Somente assim será possível oferecer conceitos que realmente ajudem o Sapiens a navegar pelas complexidades da Civilização 2.0.
É isso, que dizes?
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