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Definitivamente, o que mais gosto do livro “Inevitável”, do nosso amigo Kelly é o título.

Filosoficamente falando, Kelly se alinha ao pensamento de McLuhan (o guia da nossa Escola de Pensamento) que dizia justamente isso: o sapiens cria a tecnologia e ela (inevitavelmente) nos recria.

Vivi esta semana algo bem simbólico dessa relação Nepô-tecnologia, quando passei a alugar o Grin – patinete elétrico, que você aluga e deixa em qualquer lugar da cidade (das áreas já cobertas/se não quiser pagar multa).

Antes do Grin, quando estava engarrafado no ônibus, não ficava olhando para a rua para ver se achava um patinete para me tirar do sufoco.

Agora olho e procuro. Engarrafou? Não tem um Grin de bobeira?

O patinete inevitavelmente mudou a minha relação com o engarrafamento.

  • No ônibus, agora, sou um Sapiens pós-Grin.
  • E até a semana passada era um Sapiens pré-Grin.

O Grin, ao existir, ser uma oferta acessível, ter um valor, me ampliou a possibilidade de pensar em mobilidade na cidade – que antes não existia.

Inevitavelmente, as pessoas poderão fazer coisas que não podiam antes.

No meu livro “Administração 3.0” chamei isso de vácuo tecnocultural que se expande com a chegada de cada tecnologia.

  • Sapiens não voador – voador;
  • Sapiens sem condições de dirigir um automóvel – com condições;
  • Sapiens sem condições de sair da terra – com condições.

As tecnologias, assim, alteram INEVITAVELMENTE a Tecnocultura, pois permitem que façamos algo que não era possível antes

Kevin Kelly reforça a ideia de McLuhan de que não se briga com tecnologias, mas se adapta a ela, evitando o pior e nos aproveitando do melhor.

Hoje, tenho usado bastante a metáfora do copo (tecnologia) com a água (sociedade).

A sociedade é a água que se adapta aos copos Tecnoculturais disponíveis – quando mais os copos nos permitirem nos expandir, mais serão utilizados.

Grin versus engarrafamento.

Até aqui nosso querido amigo Kelly vai muito bem, mas comete um erro básico do Futurismo que é confundir essência, demanda e oferta.

A divisão proposta pelo livro, no qual vai apontar “12 forças tecnológicas que mudarão o mundo” (o original em inglês não foi deturpado) “the 12 Technological Forces That Will Shape Our Future” é uma furada, conceitualmente falando.

Note que as “ditas forças tecnológicas”: tornar-se, cognificar, fluir, visualizar, acessar, compartilhar, filtrar, remixar, interagir, rastrear, questionar e começar não são forças tecnológicas.

São demandas humanas, que partem da nossa essência, que poderão ser alteradas, a partir das novas tecnologias.

Do ponto de vista conceitual, poderia se colocar no título “as doze demandas/essências/hábitos humanos que serão alterados por novas tecnologias”.

Parece um detalhe, mas muda completamente o ponto de vista do que se está falando. Fluir não é uma tecnologia, mas uma demanda humana, que vem fluindo, desde que o sapiens é sapiens.

A confusão entre o que é essência, demanda e tecnologia é passada para o leitor, pois tornar-se, cognificar, fluir, visualizar, acessar, compartilhar, filtrar, remixar, interagir, rastrear, questionar e começar são atividades humanas, desde que saímos das cavernas.

Não são novidades na essência ou na demanda do sapiens, mas o que teremos é mudança nas tecno ofertas disponíveis e – inevitavelmente – faremos estas atividades de forma distinta do que hoje.

Não gosto ainda de colocá-las na sequência e sem ordenamento e conexão entre elas, misturando frutas com legumes, pois:

Tornar-se, questionar, começar são atividades de consolidação individual abstratas – resultado de algo, não são um verbo, mas um debate filosófico da forma como sentiremos ou pensaremos o mundo daqui por diante.

É um resultado abstrato de tudo que viveremos – um sentir o mundo.

E fluir, compartilhar, filtrar, remixar, interagir, rastrear, visualizar,
cognificar são atividades cotidianas para se chegar naquele resultado.

São verbos ligados ao conhecimento, comunicação e informação.

A separação das mesmas mais atrapalha do que ajuda.

Não gosto de livros que – para vender – criam classificações para parecerem “didáticos”, “fáceis de consumir” que aparentemente vão ajudar, mas, ao final, atrapalham.

É o caos com carinha de organização.

Um Futurista deve ter capacidade de síntese, de juntar pontos e isso implica uma boa classificação dos diferentes fenômenos para ajudar o leitor a entender do quadro geral aos específicos.

O livro é um verdadeiro quebra-cabeças a ser remontado.

Sim, tem boas sacadas, boas histórias e muita informação, mas tem que ser lido por quem já tem alguma bagagem, pois pode gerar mais confusão do que iluminação aos neófitos.

Ou seja.

Inevitavelmente, confuso…

É isso, que dizes?

Quer ser um Futurista Competitivo Bimodal?

Quer passar a ministrar palestras e cursos nesse campo?

Vem se formar na escola e participar de nossos núcleos regionais…

Tudo começa com você me enviando um Zap: 21-996086422.

“Nepô, quero ser bimodal!”

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