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O grande problema com os cenaristas modernos é que eles passaram a fazer marketing.
Por uma questão de sobrevivência, os cenaristas passaram a atuar com os princípios do marketing: o cliente tem sempre razão e vou dizer aquilo que ele deseja ouvir.
Isso dá dinheiro, palestra.
E começamos a ter cenaristas marqueteiros dizendo que a Hillary vai ganhar, que a Inglaterra vai ficar na comunidade européia e que o acorde de paz na Colômbia vai ser aprovado. Que a uberização é algo periférico e que no Brasil essa onda de transparência cidadão vai passar.
O papel do cenarista, bem como do calculista de pontes, do oncologista e do terapeuta não é dizer o que o cliente quer ouvir, mas, baseado em teorias eficazes, tentar apresentar um cenário factível para o cliente lidar melhor com ele.
Vivemos hoje guinada civilizacional, na qual as organizações estão em fase de negação. Estão sedentas para escutar pessoas que garantam que futuro não vai mudar tanto assim.
Porém, é preciso entender o papel dos cenaristas para as organizações.
Todo cenarista precisa de uma teoria para fazer seus prognósticos. A diferença entre um cenarista e outro é a teoria que o embasa. E a sua capacidade de criar em cima das forças analisadas.
Um cenarista dever ter apenas compromisso com a sua teoria e do que ele consegue enxergar no futuro a partir dela. Há um diálogo necessário com o cliente, incluindo alunos, mas tem que se dar em bases argumentativa, teórica e lógica.
Quando o cenarista confunde o seu papel de prognosticar o futuro e começa a dizer o que o cliente quer ouvir para aumentar o seu ganho, algo começa a se complicar. A raposa começa a ser chamada para analisar se as galinhas precisam de proteção.
Quando cenaristas deixam de atuar no campo das ciências e da lógica passam ao marketing. Seminários e palestras deixam de ser espaço de reflexão e racionalidade e passam a ambiente de prece para que o futuro não seja tão impiedoso.
Para um cenarista eficaz, quem tem que ter razão é a teoria desenvolvida, que permite prognósticos, e não o cliente!
O cliente contrata um cenarista para conhecer o que ele estudou e não para reforçar aquilo que ele quer ouvir.
Na atual fase de negação, cenaristas eficazes e não marqueteiros assistem os marqueteiros fazendo sucesso.
O futuro, entretanto, que marketing é bom para vender, mas não para fazer estratégica eficaz.
Há dois filmes que recomendo que evidenciam a luta entre cenaristas marqueteiros e cenaristas eficazes:
A caça de Madoff:
A grande aposta.
É isso, que dizes?