O fotógrafo é um produtor de imagens incomuns por que ele quer ser um incomum diante do comum.
A cada novo espaço que você entra, você está se redescobrindo.
Fotografar é procurar algo em você nas imagens que registra.
Você, no fundo, quer ser aquela imagem, pois expressa algo que não se consegue dizer de outra forma.
Quando fotografo pássaros em plena cidade, invisíveis para a maioria das pessoas, estou, no fundo, querendo dizer que minhas qualidades também são invisíveis. Que gostaria de ser mais notado.
Que existe algo em mim que poucos notam.
E aquele pássaro com a sua beleza não relevada sou eu. Que ao mostrar o pássaro está mostrando a mim mesmo, que se sente na sombra.
Fico ali esperando a hora de fazer com que aquela beleza incomum se transforme em imagem.
Talvez, todo fotógrafo procure revelar-se e isso é algo que vai criando a sua identidade: saber que tipo de objeto o representa melhor a cada momento.
Há uma demanda por trazer o belo do comum, transformando o fotógrafo em incomum.
O fotógrafo é um produtor de imagens incomuns por que ele quer ser um incomum diante do comum.
Todos querem chamar a atenção para si de alguma forma, mesmo que se suicidando. Fotografar, no fundo, é um tipo de recusa ao suicídio, ao se valorizar a vida.
E usam as imagens que estão do lado de fora para isso.
É isso, que dizes?