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Fiz pesquisa para afirmar isso?
Não, é uma afirmação filosófica dedutiva.
Várias manifestações da geração Y no Brasil e no mundo pedem uma explicação tecnológica.
Não é a primeira vez, por exemplo, que tivemos manifestações de rua. Porém, é a primeira em que não se aceitava carro de som, palavras de ordens centralizadas.
Qual a explicação disso?
Segundo McLuhan (numa adaptação), independente o aplicativo que você executa, o celular está mudando o seu cérebro.
Digamos que o Aparato de Trocas, formado pelas tecnologias de informação e comunicação alteram a plástica cerebral das pessoas.
Nosso cérebro precisa se adaptar às órteses que nos cercam, principalmente as comandadas diretamente pelo cérebro, as cognitivas, ferramentas de comunicação e informação.
O cérebro ajusta a plástica cerebral para que tais aparelhos se tornem naturais, não ameaçadores. Ele precisa descansar para tudo que não é perigoso, para guardar espaço para o que é.
Precisa saber o que é confiável e o que não é.
Todo o Aparato de Trocas formado pela oralidade e escrita era muito mais vertical do que atualmente, com a chegada do digital. Aos poucos, o que vinha horizontalmente foi se tornando confiável.
Há uma horizontalização da plástica cerebral, que passa a tornar confiável informações e conhecimento que não vêm do alto para baixo, mas também o que vem do lado para o lado.
A horizontalização da plástica cerebral é uma explicação plausível e razoável para a negação dos jovens para partidos, sindicatos, hierarquias, carros de som e palavras de ordem.
O cérebro está se adaptando a um novo Aparato de Trocas muito mais horizontalizado, que formará a base da cultura descentralizada do século XXI.
Podemos afirmar que, na verdade, a grande mudança cultural do século XXI, como a que ocorreu em todas as outras Revoluções Cognitivas, começa primeiro na plástica cerebral e depois ganha o mundo.
Quando organizações tradicionais se preocupam em tentar entender e lidar com essa nova geração, devem entender que há uma mudança relevante do próprio cérebro, que nem os jovens têm consciência.
O novo cérebro já está pronto para lidar com um novo modelo cultural e rejeitará tudo aquilo que parecer estranho a essa nova topologia mais horizontal.
Foi o que ocorreu com a chegada da prensa, em 1450, primeiro houve mudança cerebral e depois a cultural, que nos legou à Sociedade Moderna.
Arrisco a dizer que o Sapiens Medieval tinha uma Plástica Cerebral, baseada na oralidade. O Moderno, outra, baseada na massificação da escrita. E o 3.0, Digital, terá outra em função do novo Aparato das Trocas.
Nossa espécie é uma Tecnoespécie e as macro mudanças culturais que ocorrem a partir de Revoluções Cognitivas começam, antes de tudo, dentro das nossas cabeças. E, só então, ganham o mundo.
É isso, que dizes?
Livro recomendado:
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