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Hoje, o candidato a prefeito Índio da Costa disse o seguinte no jornal:

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‘Vou usar o modelo do Uber para a saúde’

http://extra.globo.com/noticias/brasil/indio-da-costa-vou-usar-modelo-do-uber-para-saude-20135601.html

Diz ele:

“Sou favorável à legalização. Vou usar, inclusive, o modelo do Uber para a saúde, a habitação, a segurança, o transporte. O usuário vai me dizer qual é a dificuldade que ele tem. Eu vou poder redesenhar com liberdade e autonomia, sem depender do empresário de ônibus. Eu vou redesenhar o modelo a partir da necessidade do usuário. Hoje a gente tem oportunidade de fazer, e eu vou fazer, o que as esquerdas sonharam para o Brasil e não conseguiram, que é um governo verdadeiramente participativo. Naquela época, a participação era de pequenos grupos e só quem era ligado à política participava.”

Nos encontros que tivemos nos últimos três anos no Laboratório de Inovação Participativa da IplanRio, empresa de tecnologia da Prefeitura do Rio, isso não é novidade.

Chegamos juntos à conclusão de que algo assim iria ocorrer, pois a uberização é a única saída para diversos problemas da cidade.

Há claramente uma incapacidade do modelo de gestão conseguir lidar com a atual complexidade.

O exemplo mais evidente é a dicotomia entre 9 mil ônibus para 40 fiscais, algo que é impossível de ser resolvido pelo modelo tradicional.

Porém, a uberização implica necessariamente em rever a relação fixa patrão-empregado e de empresas concessionárias-prefeitura.

A gestão é um pacote administrativo composto de um conjunto de tecnologias de comunicação e informação,  sob as quais um gestor toma decisões.

A Curadoria Digital, representada pelo modelo Uber, é um pacote administrativo composto de um NOVO conjunto de tecnologias de comunicação e informação,  sob as quais um gestor ARTIFICIAL toma decisões.

A grande diferença entre os dois é de que na gestão a capacidade de participação da sociedade é uma, limitada.

Na Curadoria, você aumenta radicalmente a possibilidade de participação, mas participar implica necessariamente compartilhar a decisão.

Quando se abre para que se dê estrelas, curtições, notas para qualquer serviço ou produto NECESSARIAMENTE se é obrigado a descartar aquilo que não está funcionando e promover o que está.

Quem avalia, não quer participar de uma pesquisa, mas quer decidir.

O Cidadão 3.0 não quer mais conversar com o gerente, mas quer ser o gerente!

Um projeto de abrir à colaboração, através dos algoritmos participativos, podemos chamar de projeto de Big Data participativo, no qual um gestor vai tomar as decisões, com as limitações que a gestão permite.

Porém, a Cultura da Participação que se está estabelecendo reduz o tempo e a demanda entre clicar num ícone e ver a decisão tomada.

Se depois do clique de avaliação não se tem decisão tomada, não se clica mais.

Chamo esse tipo de projeto de Gestoria, já não é gestão, mas também não é curadoria, fica no meio do caminho, abrindo para crises.

Não é possível fazer isso?

Sim, se pode, sem problemas, desde que se faça da seguinte forma:

  1. um projeto experimental de longo tempo e não como defende Índio da Costa de forma massificada em um ano;
  2. de tal forma que se vá gradualmente passando o poder de decisão do gestor para o cidadão, através de processos que permitam afastar pessoas e criar processos autônomos de decisão, via inteligência artificial.

Que tais projetos sejam visto como sementes, que vão virar muda, que vão virar árvore e depois de um DNA bem consolidado, floresta.

É uma mudança cultural profunda, pois está se implantando um novo modelo de administração do Sapiens, na qual o gestor vira curador e passa gradualmente as decisões para o cidadão, através de critérios definidos em algoritmos.

Livros recomendados:

adm30avancados

E ainda:

cidades-30

 

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