Estive ontem na palestra de Helio Beltrão sobre Mises e Intervencionismo, atividade do Partido Novo, no Rio, de ontem:
Uma pergunta da platéia me chamou a atenção (está mais para o final do áudio).
“Se o liberalismo é tão bom, por que entrou em crise? E por que países como os Estados Unidos reduziram o seu viés liberal?”.
Intervi rapidamente depois da resposta de Beltrão.
E acho que não vamos conseguir entender a crise do liberalismo se não percebermos que o liberamos não cria o movimento de descentralização, ele ajuda, interpreta, sugere, mas os movimentos de centralização e descentralização estão acima da sociedade.
São macro-movimentos de flutuação que têm dois fatores percebidos, até o momento: Complexidade Demográfica e Revoluções Cognitivas.
O liberalismo entrou em crise, por que a sociedade TEVE NECESSIDADE de centralizar o poder por uma incapacidade tecnológica.
Digo mais.
O liberalismo vive um paradoxo, que é:
- é o viabilizador intelectual e político uma sociedade mais sofisticada, que permite que possamos crescer em termos de tamanho;
- Mas é justamente esse crescimento populacional que força a centralização e reduz o espaço do liberalismo no mundo.
Ou seja, quanto mais o liberalismo for eficiente, mais ele tenderá a reduzir seu espaço no mundo, até que surja uma nova Tecnologia Cognitiva Descentralizadora que lhe permita retornar o movimento de descentralização.
As bases, entretanto, da sofisticação que foi criada serão suficientemente consistentes para passar por todas as intempéries e permitirá que um novo ciclo liberal retome do ponto de onde parou.
O que estou dizendo é que quando consolidamos o modelo liberal no seguinte tripé, pós Idade Média:
- – Sai feudalismo, entra capitalismo;
- – Sai monarquia, entra república;
- – Sai religião, entra ciência.
Criou-se as bases, a partir de 1800, para que se criasse o pico demográfico que veio a seguir, que consegui se manter e se sustentar, com todos os problemas, pelas bases liberais criadas.
Vejam o gráfico:
Coincidência?
Vejam o Brasil depois da República, em 1889:
Coincidência?
Vejam a China depois da opção pelo capitalismo, em 1970:
Ou seja, o liberalismo deixou de ser progressista e passou a ser conservador, pois foi “esgarçado”. Suas bases foram testadas até o limite, pois foram concebidas para um mundo de 1 bilhão de pessoas (1800) e fora funcionais até o momento, que já batemos os 7 bilhões.
O grande mérito dos liberais foi ter conseguido colocar 6 bilhões de novas pessoas no mundo, com uma certa liberdade, com uma qualidade e expectativa de vida bem melhor do que o de 1800, mas os limites chegaram.
É quando surge uma Revolução Cognitiva, que vem chamar de novos os liberais para recriar o novo mundo, diante dos novos desafios demográficos.
O Liberalismo 3.0, como foram os Liberalismo 1.0 (Grécia) e 2.0 (Europa) vêm montada em uma mídia descentralizadora, que permitirá novos modelos de inovação, que será a ponte para o novo século.
É isso, que dizes?