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Há uma relação entre mídia concentrada e poder concentrado.

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A Antropologia Cognitiva, que estuda rupturas da mídia no passado, nos permite ver dois movimentos da macro-história:

  • De centralização social quando a mídia é concentradora;
  • De descentralização quando acontece o inverso.

O século passado foi marcado pela chegada das mídias de massa, que colaboraram para o empoderamento das organizações e desempoderamento do consumidor/cidadão. Ou seja, cada vez mais as organizações que deviam servir à sociedade, passaram a se servir dela, justamente pela perda de poder do consumidor/cidadão se articular, se expressar, se impor diante dessa avalanche.

Isso não é um fenômeno localizado, mas global, que atingiu de formas distinta toda a espécie.

Agora, com a descentralização da mídia temos dois movimentos:

  • Afetivo – um adensamento maior afetivo das pessoas, que deixam de estar isoladas diante da mídia de massa, através principalmente do Facebook;
  • Cognitivo – uma circulação alternativa de ideias, via Facebook, Twitter e Youtube, principalmente e todos os outros meios disponíveis.

O Oscar, como várias outras decisões organizacionais, privilegia a opinião e o pensamento das pessoas que são “de dentro” das organizações, desprezando a opinião de fora, o que cria desvios de pensamento e ação.

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O mesmo acontece com as revistas científicas, os critérios de seleção acadêmicas, as decisões de novos produtos e melhorias nos existentes das empresas, etc.

Ou seja, decide-se sem ouvir que “está de fora”.

Muitos dirão que é uma força perversa que nos levou a isso.

Eu tendo a dizer apenas que a falta de instrumentos e ferramentas para ouvir “quem está de fora” nos levou a esse desvio, que começa a ser questionado e com práticas alternativas, que nos levará ao que chamo de Governança 3.0.

Um modelo mais descentralizado que o atual de tomada de decisões, utilizando-se fortemente das novas tecnologias disponíveis.

Note que a escolha do Oscar é feita toda pelos membros da academia, que têm os critérios corporativos de quem vê o cinema por dentro.

Hoje, seria totalmente viável prêmios, através das rede sociais que levassem à visão de fora para dentro.

Mais e mais veremos essa incorporação da visão dos que estão de fora construindo um novo modelo de tomada de decisão mais eficaz, pois com mais olhos, desejos e necessidades, sem, entretanto, perda de eficácia.

É isso, que dizes?

2 Responses to “A escolha do Oscar é um exemplo típico do poder centralizado”

  1. Joyce disse:

    Oi Nepô, tenho uma pergunta: Como manter critérios de qualidade na escolha se o público estiver no poder de escolher? No caso do Oscar, você consegue imaginar que tipo de filme ganharia?

    • Carlos Nepomuceno disse:

      Joyce, é algo difícil e sofisticado, que é arrumar os algoritmos para que sejam representativos da diversidade da comunidade.

      Estamos ainda na fase bem primitiva desse processo.

      O IMDB é uma tentativa, mas note que é sempre algo meio sem um filtro, filmes de maior apelo acabam por ser mais populares e não necessariamente melhor.

      É preciso qualificar os qualificadores, e definir perfis, para o perfil de quem gosta do que você gosta, tal filme não agradou, etc…

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