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Aprendi algo com este vídeo.

Discordo e continuo a discordar da prática do Google de mudar o algoritmo para beneficiar seus próprios produtos. Falei disse aqui. Tal post foi a partir deste artigo do mesmo autor.

Porém, amadureci mais sobre a questão.

Não preciso para defender o livre mercado defender práticas anti-éticas que ele comete.

Posso lutar para que estas práticas sejam punidas.

A questão é o que eu sugiro de punição.

  • Uma é a centralização do estado punidor, que concordo com o autor que acaba sendo pior a emenda do que o soneto.
  • E outra é a do mercado.

Ou seja, eu não preciso dizer que amo o Google para defender o livre mercado, sabendo que ele anda vacilando. Eu posso fazer as duas coisas.

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 Já fui mais fã do Google do que sou hoje, pois acho que uma empresa quando cresce começa a ter práticas anti-éticas diferentes do seu início, até por que há maiores interesses, capital envolvido, etc.

Não gosto de práticas do Youtube (baixa remuneração de seus fornecedores de vídeo), do Facebook (traição de acordos com empresas que apostaram em apps).

Há claramente problemas de posturas de quem acompanha esse mercado faz tempo.

O problema, a meu ver, ficam em dois níveis:

  • – organizações cometem atitudes anti-éticas e podemos claramente criticá-las por causa disso (e a discussão do Google x Buscapé é ainda uma questão polêmica);
  • – a segunda questão, entretanto, é, sendo ética ou não, como a sociedade lida com essa prática?

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O que o autor discute e acho que com propriedade é de que não é organizando a competição de cima para baixo, via estado, que vai se revolver o problema, pelo contrário, pode piorá-lo.

Faz sentido.

Os argumentos são convincentes.

Mas é preciso separar duas coisas.

Não é por que eu acredite na auto-gestão das redes e na alternância de poder baseado na competição, o que me parece interessante, de que eu não vá ser um crítico e um analista das práticas anti-éticas quando acho que elas ocorrem.

E é isso que eu faria um retoque no discurso do autor, que me pareceu pouco balanceado, no afã de defender sua tese.

Na tentativa de defesa da ideia do anti-truste, que é válida, não me tira o direito de criticar práticas anti-éticas, mesmo de empresas inovadoras. Não estou contra a inovação do Google, que acho muito boa, mas quando se cresce vai se fazendo coisas contra os fornecedores e o consumidor que não são tão elogiáveis.

Não posso, em função de achar que o mercado vai resolver, que eu passe a mão por cima destas práticas.

E foi isso que chamei de liberalismo selvagem.

Não preciso elogiar a falta de ética.

Posso criticá-la, quando achar que devo, mas isso não quer dizer que eu queira impedir a competição, posso, aliás, ser um super incentivador de que novos concorrentes surjam justamente para que isso possa ser corrigido pelo e no mercado.

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O Google está cometendo um conjunto de erros estratégicos e punindo sua rede de fornecedores, o que abre espaço para a concorrência, tenho dito isso faz tempo e prevejo uma concorrência na área do Youtube, por exemplo.

O fato de eu dizer isso e criticá-lo não faz de mim alguém que é contra o Google ou que não tenha – como já fiz ao longo dos últimos anos – exaltado a sua capacidade de inovação, inclusive imitando várias de suas práticas.

Ou seja, não é o fato de termos uma empresa que foi e é inovadora, que eu não possa criticá-la quando começa a usar o seu tamanho para ter atitudes anti-éticas no mercado.

O que devemos estimular, e isso aprendi nesse debate, é de que não é abrindo processos contra ela que iremos resolver o problema, mas é procurar manter o mercado aberto e capaz de surgir novos concorrentes que possam se aproveitar destes erros. 

Ou seja, eu mantenho meu discurso ético e quero que o consumidor e os seus fornecedores (o buscapé era um fornecedor do Google) possam abrir espaço para reclamar e estimular a reclamação, que é justamente aí que vai se chamar a atenção para o espaço aberto para os concorrentes.

Eu não preciso dizer que o Google é a melhor empresa do mundo e que não comete vários erros éticos, para criticar quem entra em um processo contra ele.

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Eu posso criticar ambos os lados e apontar ao mercado que chegou a hora da concorrência.

É como se fosse uma ética competitiva.

É como se eu dissesse:

“Você está sendo anti-ético e eu farei de tudo que tiver ao meu alcance ou vou torcer para que o próprio mercado, te puna”.

É isso, que dizes?

 

 

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