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Santanismo é uma modelo de marketing político que João Santana está disseminando em toda a América Latina de ganhar eleições.

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O Santanismo visa criar uma falsa imagem do candidato que defende e do adversário, a partir do imaginário e da latência da hora.

Não há necessidade nem de ser coerente com o candidato e nem com o adversário, a ferramenta para tomada de decisão é a pesquisa.

O Santanismo é o tipo de marketing político que se adequa como uma luva ao neopopulismo, que tem como característico uma flexibilidade do discurso, conforme a situação para a manutenção do poder como um fim absoluto.

E usar, de forma competente, as ferramentas eleitorais para fazer disso a arma da vitória.

Ou seja, o candidato que ganha não tem uma proposta, mas uma fantasia de proposta O mesmo se faz contra o adversário (considerado inimigo). Ele é como se fosse um tênis que se encaixa no imaginário do eleitor.

Este tipo de marketing político que não cabe no jogo da política.

Por quê?

A base da alternância de poder, inventada com as Revoluções Liberais do fim do século XVIII, é de que a sociedade escolhe aqueles que vão defender melhor as suas propostas de fato.

Quanto mais próximo a campanha for do que o candidato fizer, mais haverá amadurecimento político e vice-versa.

Sim, as pequenas mentiras são admitidas, mas não a mentira permanente e a distorção sem nenhuma base do adversário.

A eleição é o espaço para o debate das diferentes propostas que irão disputar, a partir do aumento da capacidade política do eleitor. Quando isso não é possível, a eleição não é mais um espaço de criar um debate político, mas para se criar uma fantasia em cima de um vazio.

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O que está acontecendo na América Latina é o uso indiscriminado do Santanismo. Cria-se na campanha um tipo de imagem fake dos participantes, através de um modelo de campanha construtor e destruidor que foge do que cada um, de fato, defende.

Marina não ia acabar com o bolsa família e isso estava no programa, mas a campanha oficial bateu o tempo todo que ia.

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Ou seja, em uma eleição em que todos acreditam no jogo democrático e na alternância de poder, é uma tática que tira do eleitor a capacidade de escolha, há uma infantilização, pois impede-se de comparar propostas.

Há a criação de algo opaco para que não se possa escolher no que de fato é, mas do que aquilo que está se construindo apenas para ganhar, de qualquer jeito, a eleição.

Não sobra aprendizado político, mas apenas um distanciamento, pois tira-se do adversário o direito da própria voz, ainda mais em campanhas com diferença abissais de tempo de televisão.

O Santanismo que é algo que pode ser visto em outras eleições em democracias até mais consolidadas se encaixa perfeitamente no atual movimento neopopulista da América Latina.

O que está havendo nos nossos países é um questionamento frontal ao modelo de alternância de poder da Sociedade Moderna.

Na visão dos movimento anti-liberais, principalmente o marxista, a alternância de poder não é uma democracia legítima, pois quem é responsável pela livre iniciativa (quem produz) é inimigo da sociedade.

Assim, o discurso do nós e eles, entra dentro do menu do Santanismo.

O Santanismo passa a ter uma dupla função:

  • – impedir o adversário de falar;
  • – e reduzir a taxa da possibilidade de alternância de poder.

Pois “eles” não podem voltar.

O que justifica, por exemplo, a candidatura oficial ter conseguido ser eleita sem nenhum programa de governo.

Agora, que ela faz o que disse que não ia fazer, fica o dito pelo não dito, pois a eleição não é mais um espaço de debate, mas de venda de algo que serve apenas para o momento do voto, sem nenhum compromisso posterior.

O Santanismo é algo que reduz tremendamente a taxa de democracia do país, pois faz do debate político algo completamente vazio, sem ética, sem compromisso com o que se diz.

Não serve a nenhum dos lados, mesmo aos vitoriosos, pois cria-se uma fantasia de todos os lados de quem ganhou, de que se ganhou por causa de “minha opinião da vitória”.

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Há um voto abstrato em algo que não se sabe o que é.

E há uma frustração geral na sociedade, que passa a ter representantes cada vez mais falsos, opacos, outra característica forte do populismo.

Ou seja:

Se não houver um questionamento forte do Santanismo, a taxa de democracia brasileira tende ladeira abaixo, que, no fundo, é o projeto do neopopulismo de plantão.

Quanto mais difuso for o quadro, sem ética, mais esse tipo de proposta de poder pelo poder, tende a prosperar.

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