Algumas verdades precisam ser ditas.
- 1- o inimigo da sociedade humana é e sempre será a complexidade demográfica;
- 2- complexidade demográfica geram demandas diárias que terão que ser atendidas DE QUALQUER FORMA;
- 3- precisaremos ter no poder (institucional e produtivo) os mais capacitados a lidar com ela;
- 4- antes de resolver problemas de injustiças precisamos resolver o problema do abastecimento gerado pela complexidade demográfica;
- 5- depois do problema de abastecimento equacionado, podemos começar a pensar em minimizar as injustiças, desde que não percamos de vista o problema do abastecimento.
Estas regras guiam a sociedade humana.
As duas grandes invenções que tivemos na modernidade, com as revoluções liberais de 1800, foram:
- – a livre iniciativa, que é uma rede produtiva mais descentralizada para lidar com a complexidade demográfica;
- – a alternância de poder, que permite que possamos testar os líderes que estão no poder e trocá-los, quando não estão atendendo.
A alternância de poder e a livre iniciativa foram a base para que pudéssemos saltar de 1 para 7 bilhões de pessoas nos últimos 200 anos.
São formas mais sofisticadas para lidar com a complexidade que já conseguimos inventar até aqui.
São melhores do que a da monarquia, pois são mais sofisticadas e nos permitem lidar melhor com a complexidade demográfica.
Todo o movimento fundamentalista depois de 1800, seja religioso, ideológico ou racial deseja, no fundo, o retorno de um rei.
O rei é algo de mais fácil significação e atende bem a determinadas crises profundas como a da Alemanha que pariu o nazismo ou do movimento neopopulista da América Latina.
Só é possível viver bem dentro da iniciativa privada e da alternância de poder se tivermos mais e mais autonomia de pensamento.
A baixa autonomia de pensamento pede saídas mágicas e aí tendemos à monarquia, seja um califado ou um populista.
O problema da monarquia no século XXI é que a centralização de poder nos leva para a centralização produtiva e a uma rede menos sofisticada.
Aonde houver o retorno ao modelo monárquico, teremos:
- – o aumento de crises de abastecimento;
- – o aumento da violência, pois o centro é incapaz de conter sozinho às demandas de todo o tipo;
- – o aumento de corrupção, em função do aumento do poder absoluto.
E com a instalação do poder mais absoluto:
- – a redução da diversidade;
- – a incapacidade de inovação;
- – a redução de espaço do livre pensamento.
Tais modelos podem ter uma vida um pouco mais longa em países em que há matéria primas de grande atração internacional, como podemos ver nos Emirados Árabes.
O retorno ao um modelo próximo à monarquia será sempre uma opção dada aos oportunistas que querem se tornar reis, explorando a fragilidade dos segmentos mais desinformados.
O combate a esse fundamentalismo monárquico se dá com o aumento da capacidade de autonomia de pensamento, que nos leva a poder viver em uma sociedade de livre iniciativa e alternância de poder.
Sim, há uma crise da alternância de poder e de livre iniciativa, que falarei a seguir.
É isso, que dizes?
Um áudio sobre o tema: