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POR QUE NÃO EXISTE NEM ESQUERDA E NEM DIREITA DEMOCRÁTICA E/OU POR QUE PRECISAMOS LEVANTAR A BANDEIRA DO HUMANISMO NO BRASIL!

 

Compartlhe daqui:

 

http://nepo.com.br/2014/10/19/por-que-nao-existe-nem-esquerda-e-nem-direita-democratica-eou-por-que-precisamos-levantar-a-bandeira-do-humanismo-no-brasil/

 

Recebi o texto do manifesto que o pessoal mandou, denominando um novo um novo grupo chamado “Esquerda democrática” para se diferenciar do que seria hoje o PT algo como esquerda menos democrática (ou mais totalitária) a gosto.

 

Veja o site:

 

http://esquerdademocratica.com.br/

 

O problema da vida, como já disse um filósofo, é justamente conceituar as coisas, pois 90% dos problemas são ocasionados justamente por conceitos mal formulados.

 

Conceitos são como um software que rodam na cabeça das pessoas e geram ações. Quando são mal formulados, geram bugs e dos bugs temos problemas sociais.

 

Diria que não haverá NUNCA a possibilidade de existir uma “esquerda democrática”, pois o conceito “esquerda”, por si só, é anti-democrático, como também “direita democrática”.

 

Vamos aprofundar.

 

Esquerda é, do ponto de vista histórico, um movimento dos trabalhadores versus seus patrões e, do ponto de vista comunista, aqueles que detém os meios de produção dos que não tem, ou dos pobres versus os ricos.

 

Quando se define uma “pessoa de esquerda” está se definindo que é contra uma “pessoa de direita”.

 

É um grupo que se estrutura em oposição a algo, ou alguém, e não em cima de uma bandeira, agenda e proposta.

 

Só existe na contra-posição e não na posição.

 

É algo que vai se transformando em uma identidade social e não mais uma proposta política e aí começam os problemas, que se vêem claramente nessa eleição.

 

A pessoa deixa de ir optando por agendas, mas vai criando uma identidade sem grandes reflexões, pois eu “sou de esquerda”.

 

Ser de esquerda marca uma IDENTIDADE pessoal, um posicionamento diante do mundo, próximo à uma religião, um time de futebol, um grupo étnico.

 

O problema, como é pendular, necessita-se para se consolidar o “ser de esquerda” como identidade, é preciso definir “o que é direita”. Também em pessoas.

 

Note que se estimula não mais o pensamento crítico, a união em torno de propostas, de agendas, de problemas a serem superados, mas a criação de grupos em torno de algo que é meio-religião, meio-time, meio-etnia.

 

O ser “de esquerda” e “ser de direita” é algo emburrecedor, pois a pessoa cada vez pensa menos para escolher caminhos, pois os caminhos são fáceis (e cada vez mais dogmáticos.)

 

Nós somos “A” e existe o “B”.

 

O conceito acaba unindo pessoas não mais pelo que elas pensam, ou refletem, mas por uma identidade que vai se consolidando com o tempo, unindo relações pessoais, deixando-se, ao poucos, de pensar em agendas.

 

O grupo acaba por se criar em torno de (nós) amigos e (eles) inimigos.

 

Uma visão bem primitiva de mocinho, bandido, preto e branco, 0 e 1, que é algo cada vez mais simplistas dentro de um mundo cada vez mais complexo.

 

Cria-se uma “igreja”, uma espécie de “corporativismo político” de que, independente as discussões, nós temos a nossa bandeira.

 

Essa é a origem do fundamentalismo de pensamento. E note que isso tudo se dá justamente por criar o conceito “ser de esquerda”, que nos leva ao resto.

 

(Não é à toa que as pessoas hoje que continuam com o PT são, em sua maioria, as que tiveram dificuldade de exercer o espírito crítico e não conseguem abandonar o pensamento dual simplista.)

 

Uma incapacidade de lidar com problemas complexos, caindo sempre para um simples 0 (nós) e 1 (eles) simplificador e paralisante.

 

O problema disso que o espírito de corpo nos leva ao nós e eles, o eles não servem não pelas suas ideias, mas pelo simples fato de não sermos nós.

 

E há, assim, um engessamento de pensamento e o início de um fundamentalismo de identidade, que começa a abrir uma brecha de, em sendo nós contra eles, algumas coisas são possíveis, pois SÃO ELES.

 

Sacou?

 

O que é mais grave é que com a radicalização, como vemos agora, alguns preceitos éticos necessários para o exercício da política começam a ser dispensados, pois passa a ser uma luta contra os inimigos, que vão perdendo, na visão do grupo, a humanidade.

 

Pode-se fazer algumas coisas, pois ELES MERECEM.

 

(Isso vale também para a direita fundamentalista.)

 

Note que, além disso, o termo “esquerda” abre um leque de opções que vão, desde o que se fez na URSS, China e Cuba, com milhões de mortos ao que se faz hoje na Venezuela e Bolívia, em nome do nós e eles.

 

Por isso, que a ideia de se batizar um movimento de “esquerda democrática” é procurar se manter uma união de um dado grupo, “nós continuamos os mesmos”, mas não estamos concordando com o que o PT está fazendo.

 

O problema é que o conceito se equivoca, pois o que estamos chamando de “esquerda democrática”, o espírito do documento, é justamente o resgaste do humanismo, ou de uma visão humanista.

 

O humanismo, termo que eu prefiro muito mais como definidor de uma corrente política para o século XXI, é aquele que defende a carta dos direitos humanos, como base para a sua atuação.

 

Tudo pela carta e contra tudo e todos aqueles que não a respeitam.

 

Ao me colocar como humanista não sou contra ninguém, não tem um inimigo preferencial, mas uma agenda a ser colocada dentro de um arcabouço ético, que guia minha conduta.

 

Eu deixo de ter como guia pessoas, clubes, times, mas me guio por princípios éticos, que podem servir de base para a minha decisão, inclusive de alianças em dado momento, daqueles que estão respeitando os princípios da carta.

 

Ou os que mais se aproximam dela.

 

O que me obriga a ser mais crítico, mais ativo e exercer mais constantemente o pensamento, pois não tenho um INIMIGO a priori.

 

Ser humanista é algo que exige uma complexidade maior.

 

Não é à toa que a tendência é o humanista ser de centro, mas reflexivo e os extremistas ficarem nas pontas, mais fundamentalistas e com uma visão mais preto e branca do mundo.

 

Como humanista, eu posso criticar a desigualdade no Brasil, sem precisar aceitar o que a Venezuela faz com seus estudantes, internautas e presos políticos.

 

Ou questionar o uso de médicos cubanos, por mais humanitário que seja o propósito, ao saber que eles não podem trazer a família, pedir asilo, ter seu passaporte.

 

E criticar que o Brasil remunere uma ditadura que impede a livre expressão, o exercício político, o ir e vir das pessoas e a opinião contrária.

 

Um humanista é, por natureza, anti-totalitário e aberto a todas as alianças que permitam ajudar a ampliar o uso da carta, tanto nos fins como nos meios.

 

O humanismo ao invés de um esquerdismo e um direitismo, nos abre uma possibilidade de viver com mais harmonia, pois eu tenho metas gerais para reduzir sofrimentos, seja quem esteja aberto a ajudar nessa direção.

 

Não assinei o manifesto acima (apesar de concorda 99% com ele), justamente por acreditar que é URGENTEMENTE necessário no país levantar a bandeira do humanismo, que hoje se confunde com “ser de esquerda”.

 

Parece-me que Marina foi e vai nessa direção e deveria ser esta a base dos movimentos sociais do século XXI para sair do mundo cartesiano que estamos inseridos.

 

(Incluindo as bases para o projeto de partido ou movimento Rede Sustentabilidade)

 

Ou seja, por fim, em nome de ser de esquerda ou de direita, de time, de grupo, se aceita ações anti-éticas e não humanistas,o que é, por si só, é – e será sempre – uma contradição INSUPERÁVEL.

 

Que todo humanista estará ali para lutar contra.

 

Concordas?

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