Se pudéssemos definir a missão de um estrategista seria essa.
Ficar do alto de uma linha de produção e analisar os movimentos sociais e dizer o tempo todo se é modismo ou tendência.
- O modismo é algo que vem e volta para algo no mesmo lugar, não se desdobra, não afeta a geração de valor e, portanto, não merece entrar no radar estratégico da organização.
- A tendência é algo que nos leva para outro lugar e não mais para o mesmo que se desdobra e afeta a geração de valor e, portanto, merece entrar no radar estratégico da organização.
Um bom estrategista, assim, é alguém que tem que trabalhar com a identificação de forças.
Conhecer o ser humano e aquilo que é mais permanente dele para que possa saber se algo nessa estrutura básica está mudando e se isso veio para ficar como uma mudança no ser humano e depois na sociedade.
Se é um novo modelo de sapato ou de forma de calçar os pés que nos marcará daqui por diante.
Um estrategista, assim, é um cada vez mais filósofo e teórico, pois passa a estudar a espécie humana em profundidade para saber o que é perene no ser humano e o que é passageiro, analisando a história.
O problema é que a formação dos estrategistas, até aqui, foi toda voltada para mudanças de curto e médio prazo, em um mundo controlado pelas organizações, em função da concentração de mídia.
Era um estrategista de curto e médio prazo, o que atendia plenamente as organizações.
Um estrategista 3.0 tem uma missão muito mais espinhosa pela frente, pois tem que viver em um mundo mutante e perceber aquilo que é o sintoma e o que é a causa.
- Aquilo que muda pouco daquilo que muda muito.
- Daquilo que pode matar uma organização e aquilo que a organização não precisa entrar.
Quanto maior a organização e mais longe no tempo ela imagina estar, mais esperto tem que ser seu Estrategista 3.0.
Estamos, por fim, entrando em um mundo em que mais e mais filósofos e teóricos vão ter lugar nas organizações, pois serão eles que conseguirão ter uma visão mais clara do futuro distante.
Eles terão que trabalhar com estrategistas operacionais, que terção que, a partir do cenário definido, traçar a rota de valor para esse cenário projetado.
É isso, que dizes?
Interessante a sua distinção “a priori” dos conceitos de modismo e tendência.
Acho que é pertinente afirmar que, apesar de os modismos não gerarem valor acrescentado para a grande maioria das empresas contemporâneas, são eles que determinam as estratégias (de posicionamento e, sobretudo, de venda) das mesmas. Acredito inclusive que essa adocão dos modismos como “mantra” de atuação dessas mesmas organizações se deva também às constantes mutações do comportamento do consumidor, cada vez mais exigente, informado e alimentado pelo chip do “consumir rápido, barato, com qualidade e, caso não se verifiquem essas premissas, existe todo um mundo de instituições alternativas com ofertas semelhantes e/ou pelo menos, mais vantajosas”.
Não seremos nós, consumidores, também responsáveis pelas estratégias inadequadas (ou mesmo pela falta delas!) que muitas vezes as empresas nos estendem diante dos olhos, sem nos questionarmos e refletirmos a respeito?
[…] Coloquemos assim, a partir do outro post: […]