Representar é a capacidade de alguém de expressar e decidir por outra ou outras pessoas. A crise de representação é uma crise da espécie humana. Crescemos demais e não criamos instrumentos que permitissem que mais gente pudesse expressar a sua diversidade. As Tecnologias Cognitivas do novo século estão procurando resolver esse déficit.
Vivemos, assim, uma crise, pois temos muito menos gente tomando a decisão por muito mais gente, o que só é compatível com um forte controle das ideias. Com a chegada da Internet e a abertura para a sociedade voltar a falar o modelo atual de representação inicia um processo de colapso.
Não podemos esquecer que a expansão da República Liberal se deu apenas nos últimos 200 anos, o que viabilizou o fenômeno da explosão demográfica de 1 bilhão em 1800 para os 7 bilhões de hoje.
Ou seja, tivemos um aumento considerável do número de representados e uma manutenção do número de representantes. Menos gente tem que entender o desejo de mais mais e mais gente.
Podemos dizer, apenas do ponto de vista de matemático, que há uma entropia no ambiente. E isso envolve todas as organizações, que se viram cada vez mais “trabalhando no escuro” sem dados confiáveis do que deseja o cidadão/consumidor.
A crise se dá por dois motivos:
- – uma incapacidade real de processar tantas palavras e números, que espelham as demandas dos novos representados, por isso quer se reduzir a sua diversidade;
- – bem como, um desinteresse em função de um afastamento gradual das organizações, devido à centralização das ideias, que as faz cada vez mais narcísicas.
Mais demandas precisam ser processas por cada vez menos gente, voltadas cada vez mais para seus próprios interesses – eis o diagnóstico preciso da crise.
Isso é um lado quantitativo do problema, mas temos temos também o qualitativo.
Se analisarmos os últimos 200 anos vamos ver que, se por um lado, o capitalismo (gosto de chamar de Empresismo) e a República Liberal conseguiram criar um modelo de inovação que permitiu um salto de 1 para 7 bilhões, podemos dizer que crescemos em quantidade, mas não em qualidade.
Aumentamos a capacidade para lidar com a complexidade, mas tivemos que abrir mão da diversidade humana. Agora, temos um movimento macro-sistêmico para continuar absorvendo mais complexidade, mas com um novo modelo de representação, via Internet.
Assim, estamos siando ( e falo isso em relação ao mundo todo) de um modelo de forte concentração dos meios de circulação de ideias, impedindo a circulação de novas ideias e projetos diferentes e inovadores em todas as áreas da sociedade e não só na política. As organizações de plantão (todas elas) passaram a dar o tom das mudanças e controlar as ideias. O rabo começou a balançar o cachorro!!!
A concentração de ideias para manter o equilíbrio sistêmico-produtivo foi nos levando a representantes cada vez menos representativos das latências, que ficaram cada vez mais sufocadas ou mesmo não percebidas pelos próprios sofredores hipnotizados por uma mídia vertical.
(Não estou dizendo que isso foi um movimento perverso, mas um fenômeno social, fruto de explosões demográficas.)
A grande mudança e guinada no quadro da representação social foi a chegada e a massificação de novas Tecnologias Cognitivas, que, igual á chegada do papel impresso, em 1450, permitiriam uma nova expressão da sociedade e modelos matemáticos de comunicação, via algoritmos, que permitam processar as palavras e números da Colaboração de Massa.
- Se o papel impresso, permitiu o voto e a escolha dos representantes pós Idade Média;
- A Internet permite que possamos avançar no modelo de representação, com o uso intenso de algoritmos e da prática da Reputação de Massa, que vai nos levar a um novo modelo de Governança da Espécie, que implica mudanças nas organizações, incluindo na política.
Na atual campanha, aparece a proposta de Marina da Nova Política de Alta Intensidade, da qual colaborei com algumas ideias, versus a Velha Política. E a proposta do PT, por exemplo, na representação, via movimentos sociais.
O que deve ficar claro é que a crise da representação não é exclusiva do Legislativo, mas também das direções sindicais, de todo o conjunto de organismos sociais, que usam do atual modelo de representação Oral, Escrito, Analógico para decidir.
Os “representantes” do movimento social estão tão intoxicados do velho modelo como os próprios parlamentares, é uma crise de modelo de representação e não de pessoas.
A Internet, celulares, estrelas, comentários, fotos, vídeos, wikis, algoritmos nos permitem hoje em pensar – ainda de forma experimental – um novo modelo de representação que vai ALÉM do que foi experimentado no século passado, pois lá NÃO HAVIA INTERNET.
Assim, não há nada que se possa falar de NOVA POLÍTICA que não seja baseada no digital, na garantia, no caso do Brasil, do acesso cada vez de mais gente às telas para poder ampliar a sua participação efetiva na tomada de decisões, ampliando os limites tecno-democráticos do passado.
Isso representa na prática, a ter uma Kloutinização da sociedade, como já tem ocorrido no mundo digital, com o Mercado Livre, Taxibeat, Amazon, Google e tantos outros, a saber:
- – avaliar cada serviço público, através de estrelas, comentários e isso significa mais dados para os gestores tomar decisões (como é o modelo de mérito das tripulações da Gol, via celular);
Todo posto de saúde, escola, etc tem que ter um botão para que o cidadão possa dizer se curtiu o serviço!
- – avaliar parlamentares ao longo de todo o seu mandato com a possibilidade de perda do mesmo, a partir de uma redução de sua reputação online por parte de seus eleitores;
- – criação colaborativa de leis e propostas, através de modelos wiki.
Obviamente, que tudo isso demanda um forte movimento tecnológico de inovação e pede que façamos projetos pilotos para experimentar ao longo dos próximos anos para que seja feito paulatinamente, como foi feito com as urnas eletrônicas, com o aval explícito da sociedade em querer experimentar pelas novas gerações o novo, como ficou evidenciado nos movimentos de Junho de 2013.
Quando se fala em Nova Política ou Democracia de Alta Intensidade estamos falando em inovar nos modelos de representação, através da potencialização das novas Tecnologias Cognitivas disponíveis, um potencial que não havia no século passado. Ou seja, é uma proposta de uma nova Democracia Digital, ampliando, ampliando os limites tecnológicos que tínhamos e nunca (NUNCA) voltando para trás.
É isso, que dizes?
Muito bom o texto!
acho que nosso tempo já é possível, aliás já é uma tendência forte a democracia direta digital. O que precisamos é desempoderar políticos por meio de eleições em mandatos que o eleito se comprometa a obedecer ao que o grupo online de seus eleitores determinarem num site. É o que acontece já ni site http://www.governocoletivo.com.br