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Todos nós agimos e temos uma narrativa que justifica nossas ações.

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Entendo narrativa como o conjunto de “códigos” reunidos que criam um tipo de “software” que roda na nossa mente e nos faz agir de determinada maneira, a partir dos contextos.

(Onde se lê narrativa, entenda-se sempre narrativas, pois são várias)

Uma narrativa é, assim, composta de um conjunto de linhas de códigos, que podemos chamar de conceitos.

Quando vivemos crises pessoais, profissionais somos obrigados a revisar a nossa narrativa, que nos justifica diante de nós e do mundo. O que seria uma terapia, seja de que tipo for, que não nos leva a uma revisão de narrativas?

Lidar com uma crise existencial, basicamente é iniciar a revisão da nossa narrativa. Ou de nossas narrativas, pois podemos dizer que temos várias para diversas situações.

Uma revisão da narrativa tende, mas não acontece sempre, a  nos levar uma mudança de atitude.

(Por isso, tenho tanta bronca das pessoas que fazem terapia e mudam a narrativa, mas não as atitudes. Elas se tornam, no fundo, mais hipócritas. Seria quase algo como: se eu já tenho outra narrativa, por que preciso mudar de atitude? É uma consciência maior, no fundo, da própria hipocrisia.)

  • Uma alta taxa de alienação acontece em quem não tomou conta da sua própria narrativa;
  • Uma alta taxa de hipocrisia acontece em quem tomou conta da sua própria narrativa, mas não tomou nenhum atitude prática.

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Nós temos por tendência não trabalhar como nossa própria narrativa e agimos, como se pudéssemos viver sem narrativa. Importamos a narrativa alheia e trabalhamos como se fosse a nossa.

Repetimos narrativas.

Não existe obviamente, narrativas limpas, ou iguais, todo mundo tem a sua, mas elas podem ser mais ou menos originais, conforme a dedicação que temos em cuidar da nossa própria narrativa.

A narrativa, assim, seria um jardim que cuidamos.

Para que possamos olhar para nossa narrativa, temos que desenvolver o que chamo de percepção da percepção. Quando percebemos que conhecer a realidade nada mais é do que conhecer a percepção que temos da realidade.

Conhecer, assim, é analisar narrativas, as nossas a das pessoas e as nossas práticas e as delas no mundo. 

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Normalmente, a sociedade prefere, pois é mais fácil de gerenciar, narrativas homogêneas.

Quando não temos capacidade de lidar com mais diversidade, tendemos a abafar as narrativas, e por sua vez, padronizar as ações.

Mudar, assim, significa, pela ordem:

  • – ter consciência da narrativa;
  • – criar a sua narrativa original;
  • – e transformar narrativas em ações.

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 Um momento como o atual – no qual temos mais troca entre as pessoas – se abre a temporada de caça da sua própria narrativa e da alheia. Pensar sobre o mundo significa olhar para a sua narrativa, para as ações e procurar uma coerência entre as duas em um sociedade viciada em estimular justamente essa ignorância e essa separação.

É isso, que dizes?

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