A maior dificuldade que temos e teremos para entender o século XXI é retrabalhar o conceito de complexidade social.
- O principal problema de toda espécie animal, inclusive a nossa, é se manter viva.
- Para isso, é preciso comer, beber, se vestir e tudo que nos permite viver.
- O resto vem depois.
- Sem comida ou água, acabou o ciclo.
Quem dirá que não é assim?
Assim, o problema sobrevivência TEM que ser relacionado com o tamanho da espécie. E quanto mais membros, mais comida, água e mais complexa se torna a logística.
Não podemos comparar sociedades humanas e nem animais sem que levemos em consideração o tamanho dos membros da espécie, pois teremos complexidades diferentes.
Os outros animais, entretanto, têm complexidades sólidas, pois vivem numa ecologia e operam a partir de seus códigos genéticos, que determinam a sua atitude. Os códigos genéticos dos outros animais são fechados, pois se trabalha com o instinto.
O instinto é a impressão do código genético da espécie animal agindo para ajudá-la a sobreviver.
O ser humano não tem um código fechado, pois trabalha além do genético, com o cultural que é criado e recriado, conforme contextos.
Nosso código é aberto, pois não agimos apenas no instinto.
Conseguimos ter uma consciência que consegue lidar com o instinto e recriar nossa maneira de fazer as coisas, através da cultura.
Vivemos em um ambiente cultural, ou tecno-cultural, que nós criamos e recriamos, ao longo do tempo.
Porém, com todo o nosso avanço e mudanças, não podemos abrir mão da nossa animalidade, até o momento, pois precisamos transformar energia de fora em energia de dentro para continuarmos existindo. Ou seja, continuamos precisando resolver os nosso eternos, cotidianos e permanentes problemas de sobrevivência.
Assim, se os outros animais têm uma complexidade sólida, pois lidam com instintos, que definem o tamanho da espécie, nós vivemos em uma Complexidade Líquida, pois temos que recriar o nosso habitat, conforme vamos aumentando o número de humanos no planeta.
A complexidade líquida, nos obriga a termos modelos sociais líquidos, que serão alterados, conforme a população vai aumentando e a nossa capacidade de inventar instrumentos de todos os tipos para lidar com ela.
A grande crise de paradigma que temos para poder repensar o ser humano e a sociedade humana é compreender que:
- – nosso código cultural é aberto e mutante;
- – ele se altera, conforme aumentamos a população;
- – e criamos tecnologias que nos permitem, de tempos em tempos, reinventar a sociedade.
Assim, a nossa complexidade é líquida, assim como a espécie é líquida, bem como os modelos econômicos e sociais são líquidos, que terão que se adaptar em função da complexidade demográfica de plantão.
O que antes era possível para uma dada complexidade não é mais para uma nova.
Qual é o ponto de ruptura?
- 1) o aumento populacional, que cria uma complexidade e uma latência de instrumentos sociais para lidar com ela.
- 2) O ponto de virada é quando nosso cérebro – potencializado com novas Tecnologias Cognitivas – nos permitem lidar com essa nova complexidade, ou para abafar a diversidade (quando temos Tecnologias Cognitivas Centralizadoras) ou para ampliar a diversidade (quando temos Tecnologias Cognitivas Descentralizadoras).
Quando surgem esse novo aparato que potencializa o cérebro estamos aptos a dar guinadas sociais, criando condições de lidar com a nova complexidade líquida.
Tudo que é social – da economia à política – vai, finalmente, se ajustar à nova complexidade.
Ou seja, o que muda a história não é a luta de classes e nem a economia. O que muda a história humana é o aumento populacional e as Tecnologias Cognitivas que criamos para lidar com a complexidade que isso nos causa.
Isso cria um novo código cultural e é esse código cultural, mais apto a lidar com a nova complexidade que começa a mudar a sociedade e, assim, altera a história.
É isso que dizes?
[…] Complexidade Móvel (passei a chamar também de líquida) – Diga-me a complexidade demográfica que temos e te direi o homo sapiens que fabricaremos – 26/07/14, veja aqui. Líquida foi em 16/08/14, neste post. […]