Essa é a pergunta que me faço há muitos anos.
E a resposta não é simples.
Para isso, temos que introduzir um conceito novo: a Governança da Espécie.
Acima das organizações, da economia, da política, da sociedade, de tudo, está a relação do nosso cérebro com as tecnologias que o empoderam: as Tecnologias Cognitivas. Nosso cérebro, diferente dos outros animais, não trabalha na natureza e não muda, ele se altera conforme colocamos tecnologias mais sofisticadas para que ele possa agir.
A maneira que vemos a história humana vai dar uma guinada, pois essa mudança das tecnologias dos cérebros é o fenômeno social mais relevante para a nossa espécie, pois abre a possibilidade de adentrarmos por caminhos sociais que antes eram impossíveis.
É a fonte, da qual nascem todos os “rios”, pois nosso cérebro ganha flexibilidade, que será transformado mais adiante em novas ideias e destas para novas organizações, que produzirão novos serviços e produtos, de uma nova maneira.
Quando mudamos as Tecnologias Cognitivas estamos alterando a Plástica Cerebral da espécie, o Modelo Mental e, depois, todo o Ambiente de Pensamento, que altera a forma como nos organizamos.
Ou seja, não é o cérebro que se adequa à sociedade de forma passiva. A sociedade também se adequa ao cérebro, em uma relação de toma lá-dá-cá.
Não é algo rápido, de uma hora para outra, mas é isso que ocorre no tempo.
Assim, podemos dizer que quando temos uma novo Ambiente Cognitivo emergente na sociedade, que permite novas formas de revolver problemas, temos uma nova Governança da Espécie emergente, que vai, aos poucos, criando um novo modelo de solução de problemas.
Todas as organizações atuais foram criadas e fundadas a partir da Revolução Cognitiva do Papel Impresso, ocorrida em 1450, que moldou nossa sociedade e o modelo de Governança Atual.
Lá, tínhamos 1 bilhão de pessoas no planeta e hoje temos 7 bilhões.
Qualquer criança sabe que um churrasco para 70 é bem diferente de um para 690, que é o aumento de complexidade que temos em uma escala de 1 para 7 (quase uma surra alemã na Copa).
Nossa espécie é a unica que:
- – pode crescer acima de uma determinada marca histórica;
- – que reinventa todo o ambiente social para que isso seja possível.
Quando as organizações querem aumentar a colaboração interna, imaginam que podem importar o modelo emergente que está vindo de fora.
Porém, esse modelo já é fruto da guinada.
A grande diferença é:
- – as atuais organizações trabalham com a comunicação analógica, sem colaboração de massa, via algorítimos;
- – as novas organizações trabalham com a comunicação algorítmica, com colaboração de massa, via algorítimos.
Ou seja, a nova Governança da Espécie que está sendo criada se baseia em um novo modelo de Comunicação de Massa, que usa os algoritmos para resolver os problemas.
Esse ambiente matemático comunicacional é o que permite que mais gente possa participar das decisões sem perder produtividade, o que antes era inviável na comunicação analógica.
Tal possibilidade funda o início do novo ambiente econômico que estamos criando: o Cooperativismo.
Assim, o uso desse modelo nas organizações tradicionais deve ser muito ponderado, com muito cuidado, pois é um modelo diferente de solução de problemas, diferente do modelo de solução de problemas atuais.
Os gestores mudam de posição.
- O atual é controlador dos processos;
- O novo é controlador do algoritmo na plataforma, que controla os processos.
É possível apenas, de forma moderada, utilizá-lo em redes de conhecimento e de relacionamento.
As redes de ação, porém, que é a musculatura organização, onde se resolve problema, pode ser implantada apenas em ambientes separados, pois é outro modelo de Governança.
É por isso que as coisas não têm dado certo.
É isso, que dizes?