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Vejamos como podemos definir humildade no Wikipedia:

Humildade vem do latim humilitas, e é a virtude que consiste em conhecer as suas próprias limitações e fraquezas e agir de acordo com essa consciência.

Note que humildade não é um substantivo, pois é relacional com um dado contexto, que vem de dentro para fora, se conhecer. E, a partir disso, encarar os desafios possíveis, com retornos de fora para dentro.

Ou seja não pode haver uma norma de humildade que vale para todos, pois é um critério individual de cada um entre impotência, potência e onipotência x capacidade x desafio.

Ser humilde, do ponto de vista dos desafios abraçados, é uma decisão individual do livre arbítrio de cada um. E será dosado pela taxa de inovação que a cultura em que ele está inserido quer estimular, como veremos abaixo.

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Não se é humilde ou não humilde por decreto, pois existe um contexto em que se prática a virtude. Ninguém pode dizer que o outro não é humilde por encarar um desafio que a pessoa acha que é capaz.

Há, assim, três níveis de humildades:

  • A do desafio escolhido – a humildade de saber até onde podemos ir;
  • A da auto-crítica –  de ser capaz de reavaliar o tempo todo se fomos longe demais;
  • A do eterno aprendiz – E de saber que sempre se sabe algo temporário e nunca definitivo.

É uma prática que está em todo o processo de conhecimento e tem que ser julgado por:

  • – o que a pessoa pode fazer?
  • – e quais são os desafios colocados em um dado momento histórico.

Há épocas que a ciência se aquieta e outras está em ebulição.

Assim, a humildade é algo que tem uma pitada de fora e outra de dentro.

Só vai ser possível de ser aferido no tempo, além da questão da cultura de inovação:

  • Há países, como os EUA e Israel, que estimulam a baixa humildade, pois querem inovar. Ninguém é criticado por ser mais onipotente que devia;
  • Há países, como o Brasil, que estimula a alta humildade, pois quer repetir e as pessoas são criticados em qualquer sinal de onipotência.

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Assim, podemos dizer que se uma pessoa:

  • Se subestima estaria sendo covarde diante da vida em nome de uma falsa-humildade – o que podemos chamar de impotência, baixos desafios;
  • Se ela se superestima estaria sendo pretensamente corajosa em nome de uma falsa-potência, no caso de onipotência, desafios em demasia.

Temos aí também o temperamento:

  • Maior apetite para o risco, onde estão os empreendedores;
  • Baixo apetite para o risco, onde estão os que trabalham para os empreendedores.

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Os Alcoólatras trabalham com a ideia da sabedoria que seria justamente o equilíbrio entre:

  • onipotência – ser mais do que é capaz;
  • potência – medida adequada;
  • impotência – ser menos do que é capaz.

Uma vida significativa é procurar o equilíbrio do meio.

  • Se você quer criar um ambiente inovador, vai estimular o aumento da dose de onipotência.
  • Se quer criar um ambiente conservador e repetidor vai estimular o aumento da dose de impotência.

Humildade é, portanto, algo relacional com um dado contexto (fora – dentro).

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(Teses de doutorado pedem inovação, mas vai você fazer uma tese de doutorado inovadora para ver qual é a reação da banca!)

Assim, podemos dizer que:

  • A coragem é cruzar em alguma medida com a fronteira da onipotência.
  • A covardia é beirar algo com a fronteira da impotência.

Todo o movimento que rompe com o que achamos que é humildade é, em certa medida, aparentemente onipotente se visto de fora para dentro, mas pode ser plenamente humilde visto de dentro para fora, pois a pessoa vê que é capaz de fazer aquilo que ela se propôs e que um determinado desafio externo exige.

(Aprendi na vida que nunca podemos julgar um desafio do outro, pois nunca conseguimos ver o que ele tem lá dentro, que só ele vê.)

Não se estaria falando aqui de humildade, mas de coragem ou covardia.

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Porém, como vimos, a humildade é a consciência de cada um de perceber a sua capacidade diante de um dado desafio.

FRASE-humildade

A humildade, assim, não vem de fora para dentro, mas de dentro para fora. E a medida é reconhecer que foi além ou foi aquém, a partir da sua auto-crítica, balizado pelos resultados.

A humildade tóxica, diria eu, se colocaria da seguinte maneira:

  • – uma humildade vinda de fora para dentro, imposta como uma falsa virtude;
  • – a aceitação dos limites da potência com baixa taxa de ousadia, como algo que é visto como positivo. O bom é ser mais covarde e menos corajoso. O corajoso será recriminado e o covarde promovido;
  • – uma prática conservadora bem vista como um virtude-empedrada que impõe normas de conduta a um coletivo, como se todos tivessem a mesma potência;
  • – e uma visão de que os desafios externos fossem sempre constantes e não relacionais com o contexto histórico, em momentos de quebra, que pede uma humildade mais onipotente e de continuidade, que pede uma humildade mais prudente;
  • – uma humildade paralisante diante das autoridades que disseminam a toxidade para não se sentirem ameaçadas, mantendo todos em um nível de baixa ousadia e baixa inovação.

Quando ouço o discurso acadêmico, que se baseia:

  • – cada um coloca um tijolo no prédio da ciência;
  • – e estou em cima de ombros de gigante.

As duas atitudes poder ser ferramentas  para a defesa da humildade tóxica, pois:

  • Você pode querer colocar um tijolo, mas pode também se sentir potente para derrubar uma parede inteira e querer fazer uma casa. Nada te obriga a se sujeitar a tijolos, depende do desafio necessário e de sua potência para fazer isso. Depende de cada um e de cada contexto o que vai ser quebrado e colocado;
  • E sim você está diante de ombros de gigante, mas nem sempre os gigantes de plantão são tão gigantes assim. Pode ser que os gigantes que você está em cima não sejam os mais adequados e é preciso derrubá-los para achar outros gigantes, como os gigantes clássicos. Note que há os gigantes oficiais que são impostos como gigantes obrigatórios.

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Temos, assim, dois problemas com a humildade tóxica de maneira geral e no Brasil.

  • De maneira geral – o mundo vive hoje uma Revolução Cognitiva, como foi na chegada do papel impresso uma mudança radical nas formas de se produzir ciência. Chamo o momento atual de quebra de Paradigma Cognitivo, em que estamos mudando o nosso Modelo Mental.
    • Hoje, o terreno em que a ciência analógica foi montada está ruindo. O que nos leva a não aceitar os atuais paradigmas, pois os desafios colocados são outros.  Aceitar a ciência atual não é uma questão de humildade, mas de cegueira diante do que ocorre. É tempo de estimular onipotências e baixas humildades para inovar de forma mais radical. Isso é ser humilde, pois está coerente com o momento e não falsamente-humilde para conservar o que não se quer abrir mão.
  • Do ponto de vista do Brasil –  vivemos a humildade tóxica de um país que estimula a repetição e não a criação. É bem visto na academia brasileira que você suba no ombro dos mesmos gigantes oficiais, chapa branca, que aquela dada escola aceita;
    • Aqui não é de bom tom caçar estes gigantes, pois não acreditamos na nossa capacidade de sermos Davis. Ser humilde aqui é sinônimo de passividade e  impotência diante do que vem lá de fora, de maneira geral.
    • Aqui precisamos criar uma cultura de luta ferrenha contra nossa excessiva humildade tóxica, que tem nos feito um país cada vez mais repetidor  e não inovador.

Se alguém defende que está sendo humilde, pois tem limitações pessoais e encara os desafios que considera capaz isso é uma virtude inquestionável de cada um.

Mas quando se defende, como uma premissa da ciência, um padrão de humildade coletivo e isso passa a ser uma regra limitadora, isso não é humildade. Isso é instrumento de poder e de submissão da inovação. Se defende assim uma humildade padrão para se ter uma baixa inovação incremental, quando se hoje pede algo mais radical. Isso é ser corajosamente humilde.

Todo cuidado é pouco, pois é tempo de combater a humildade tóxica sem dó e nem piedade!

É isso, que dizes?

One Response to “Humildade tóxica”

  1. Giovani disse:

    O autor da afirmativa acima, com a mais absoluta certeza não é humilde. O humilde jamais da testemunho de si próprio.

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