Muita gente joga pedra no capitalismo, que chamo eu de empresismo.
O Empresismo, como foi o feudalismo, o mercantilismo, o escambismo (escambo) foram redes produtivas, que visavam manter a espécie viva.
Uma rede econômica orgânica não se estrutura do dia para a noite. É um tecido de atores, forças e parcerias, competições, que torna possível – sem grandes combinações centrais – alguém empacotar o ovo no interior e alguém comer o omelete na capital.
- Nenhum sistema econômico é justo.
- Nenhum sistema econômico é o ideal.
- Nenhum sistema econômico melhora 100% a qualidade de vida.
A rede econômica vai se ajustando para prover aquela sociedade de produtos e serviços. E uma determinada elite que consegue lidar com a complexidade da vez tende ao poder.
Isso não foi invenção do capitalismo.
Desde que o ser humano é ser humano, há uma rede econômica que funciona para suprir demandas e quando há abalo nela todos sentem, pois não se tem como sobreviver.
- Muitos dizem que o sistema capitalista é o sistema da ganância.
- Apontem-me um sistema do passado que não o foi.
- Muitos dizem que o sistema capitalista é o sistema do dinheiro.
- Apontem-me um sistema do passado que não o era.
(Muitos dirão: a tribos dos índios, mas veja a complexidade lá e a atual. Não vale!)
Muitos acreditam (ou acreditavam) que é possível, através de um golpe de estado implantar um novo sistema econômico, mais isso é quase impossível.
Uma rede econômica leva anos para se estruturar para ser compatível com a complexidade da vez. Qualquer mudança abrupta no ambiente produtivo levará necessariamente ao desabastecimento, pois haverá um rompimento da rede produtiva.
Veja exemplos mais próximos como o que ocorre hoje na Venezuela.
Assim, é preciso entender que sistemas econômicos não são feitos para trazer justiça. Sistemas econômicos são feitos para resolver problemas de oferta e demanda das pessoas. A justiça fica na conta da política.
O problema da centralização do poder, do capital e da qualidade de vida de quem vive em um dado sistema econômico pode, assim, ser resolvido na política.
O problema é que as distorções trazidas pela economia acabam por influenciar na política e isso faz com que determinadas injustiças ocorram e se perpetuem.
Muitos querem mudar o sistema econômico para refazer a justiça, porém precisam minimizar ou esquecer a rede produtiva e acreditar que uma nova pode entrar no lugar e lidar com eficiência diante da mesma complexidade.
Desde que o Empresismo surgiu tivemos um aumento radical da população por causa justamente da sua capacidade de se reinventar, mas, por outro lada, nunca tivemos a capacidade de aumentar o poder de voz do cidadão.
Não se pode, a meu ver, analisar o atual sistema econômico que tem apenas 200 anos, à luz das limitações das mídias que estavam disponíveis. Hoje, com o empoderamento dos cidadãos, vai Internet, podemos ver a centelha do que pode ser tudo que está aí com a nova capacidade que temos de lidar com a complexidade.
A meu ver, ficará mais claro separar o joio (o que era distorção política) do trigo (do que é distorça econômica).
O comunismo real, por exemplo, para resolver o problema da complexidade precisou homogenizar a diversidade para poder administrar as crises produtivas, tolhendo a liberdade.
Obteve-se um pouco mais de igualdade com uma certa sobrevivência, mas foi preciso reduzir fortemente a liberdade, o que acabou por voltar a criar a mesma verticalização, com um grupo acima dos demais, repetindo privilégios. Mesmo problema dos demais sistemas.
O grande desafio que temos que compreender é que o fator principal de mudanças na economia é a demografia, que a obriga a se reinventar com cada vez mais velocidade e para isso puxa os outros lados para uma centralização.
Tudo que aconteceu nos últimos 200 anos, principalmente a tendência de centralização de poder (fascismo e comunismo) e depois a centralização do próprio capitalismo, via comunicação de massa, são tentativas de lidar com essa maior complexidade, mantendo a espécie em vida ou, em alguns casos, sobrevida.
Hoje, com a chegada da Internet e da sua capacidade maior de processar dados, incluindo diversidade, através da Colaboração de Massa, temos uma janela de oportunidade de:
- – descentralizar a rede econômica;
- – descentralizar a rede política.
Podemos melhorar os três lados do Triângulo Político sem prejuízo à sobrevivência, pois podemos aumentar a igualdade, com sustentabilidade e sem perder a liberdade.
O movimento de mudanças do século XXI tanto do ponto de vista econômico e político têm que incorporar essa nova perspectiva como bandeira.
Foi um momento similar que os movimentos liberais tiveram ao pensar um sistema econômico mais eficiente e capaz de acabar, por exemplo, com a escravidão.
É fundamental corrigir a rota e ver onde está a verdadeira oportunidade de avançar, ao invés de ficarmos atirando pedras em moinhos de vento.
É isso, que dizes?