Tenho desenvolvido aqui uma tese de que somos diferentes espécies humanas vivendo no mesmo planeta, divididos por diferentes Plásticas Cerebrais que usam diferentes Tecnologias Cognitivas.
O que acontece na sociedade em uma Revolução Cognitiva?
O poder, a elite é, antes da Revolução Cognitiva, a espécie, de maneira geral, mas sofisticada para lidar com a complexidade.
Quando uma nova Tecnologia Cognitiva se massifica a antiga “elite” resiste ao novo e começa a aparecer uma “elite” emergente, uma nova espécie, que passa a se utilizar das novas Tecnologias Cognitivas, o que a leva a ter uma plástica cerebral mais sofisticada e ver o mundo de forma diferente.
E há, a partir daí, um choque interessante, pois a antiga elite, de fato, não é mais aquela que detêm o cérebro mais sofisticado. Ela perde lugar, do ponto de vista competitivo, para a nova espécie emergente.
O que não significa a perda de poder.
Assim, se inicia uma briga de duas espécies humanas, regidas por Tecnologias Cognitivas distintas, pelo poder.
Abre-se na sociedade uma luta entre duas espécies: a nova que quer mudanças que sejam compatíveis com a sua capacidade de complexidade versus a antiga que quer manter o status-quo.
(Hoje, essa espécie emergente está ainda muito ligada as empresas de tecnologia, como o Google, Facebook, etc, que cada vez mais vão ganhando espaço, mas isso é o início da batalha.)
Foi o que aconteceu no fim da Idade Média, quando clero e monarquia, que eram a elite dominante e os cérebros mais complexos perderam lugar para o homo sapiens que passou a usar o papel impresso. Demorou 350 anos essa luta entre as duas espécies: a emergente versus a decadente. A República foi a vitória da espécie mais sofisticada.
A história demonstra que a nova espécie mais complexa sempre vence, mas demora e há, se repetir o passado muito sangue envolvido.
Além disso, temos aí algo relevante que é a espécie oral – majoritária no mundo – que tende em muitos casos, diante da complexidade, pregar um fundamentalismo, tentar resgatar elementos do passado que não voltam, pois 7 bilhões nos leva a querer uma espécie cada vez mais complexa.
Assim, teremos três espécies em briga relevante:
- A oral contra todos;
- A escrita contra a digital e em muitos casos mantendo o oral no lugar que está;
- A nova emergente, querendo tomar o lugar da escrita.
Diferente da Idade Média temos:
- – um mundo muito mais conectado e unificado;
- – muito mais gente;
- – tecnologias cognitivas muito mais disruptivas;
- – e que se modificam com muito mais velocidade.
Tenho dito que é preciso criar uma inteligência do mundo digital para:
- – entender o cenário;
- – criar pontes para a migração;
- – e – PRINCIPALMENTE, priorizar de forma RADICAL a passagem da espécie oral para a digital, pulando a fase escrita, como forma de ter cada vez menos gente fundamentalista.
É isso, que dizes?
Nepô, essa passagem do oral para o digital não é mais fácil que do oral para o escrito? Tá certo que quem não sabe escrever de todo ou é tímido teria dificuldades, mas as novas tecnologias não facilitam essa passagem? Tendo a pensar que sim. Primeiro pelo corretor ortográfico, depois pela possibilidade de integrar imagem e som, que são muito próximas da oralidade, não?
Léo, aposto que esse é o grande salto que podemos dar no brasil, pois hoje temos a possibilidade da oralidade descentralizada, o que nos daria a possibilidade de quebrar esse gap, veja mais sobre isso:
http://nepo.com.br/2014/06/24/como-fazer-uma-revolucao-de-verdade-no-brasil/
É um grande desafio! Mas a transição entre as espécies é um ponto que senti falta, … e que na minha opinião é o ponto mais crítico da questão. Ademais, são os líderes-alfa é que vão causar a maior resistência, não as espécies oral e escrita de forma generalizada.