Muitos dizem que o problema do Brasil é Educação.
Discordo.
O problema que temos é:
– o grande volume de brasileiros que ainda está no mundo Oral, ou pertence ao que chamo Homo Sapiens Oral.
O Homo Sapiens Oral tem um grave problema de lidar com um determinada complexidade (processamento de dados e palavras). Assim, tem baixa autonomia.
Ele tende, para lidar com o aumento de complexidade que o mundo apresenta ter duas opções combinadas:
- – fechamento em pequenas comunidades protetoras, geralmente religiosas;
- – procura de proteção em lideranças que passem tranquilidade emocional, isso se reflete nas escolha de seus líderes locais ou nacionais.
Há uma baixa autonomia para decidir e forte dependência dos líderes o que cria um círculo vicioso para todo o país.
Muitos dizem que o povo não sabe votar.
Ele sabe votar, mas vota da forma que acha mais compatível com a complexidade que consegue lidar.
Quando falamos em eleições do século XXI não estamos falando de decisões pouco complexas em um mundo hiper conectado de 7 bilhões de pessoas em um país de 200 milhões de habitantes, que se apertar o botão “A” temos como consequência “B”, “C”, “D”.
Quando falamos em sair de um país desigual para um mais mais igual, haverá a necessidade de capacitar boa parte da população para lidar com mais complexidade, o que é COMPLETAMENTE diferente de “ter educação”.
O modelo educacional atual não é capacitador de autonomia e nem de lidar com problemas mais complexos, mas apenas gerador de diploma.
E todos falam em ter como referência mais diploma, mas não mais autonomia que é o fundamental para lidar com um mundo cada vez mais complexo.
Se o brasileiro puder lidar melhor com a complexidade mais e mais vai conseguir se inserir de forma mais consciente no mundo que está aí fora e vice-versa.
Digamos que cumpre esse papel MUITO parcialmente, a um custo alto e baixo resultado.
O salto que precisamos dar tem dois problemas:
- – custo – quanto podemos investir para ter os melhores resultados;
- – tempo – no menor tempo possível.
É preciso focar bem claramente no que precisamos capacitar o brasileiro:
- – capacidade de processar palavras;
- – capacidade de processar números.
E tomar decisões cada vez mais complexas.
E isso passa pelo uso -para mudança da plástica cerebral – o quanto antes possível das Tecnologias Cognitivas mais modernas.
Este é o eixo da educação que temos que ter que seria.
- Foco em problemas dos mais simples para o mais complexo.
- Com forte ênfase na autonomia da matemática e português;
- Através do uso intensivo de Tecnologias Cognitivas.
O salto que podemos imaginar é assumir que vamos pular a escrita.
Sim, vamos pular a escrita.
O papel impresso foi uma invenção de século XV para disseminar ideias descentralizadas, através de livros e jornais.
Não havia outra forma de disseminar ideias naquele momento.
Depois tivemos a centralização do rádio e televisão no século passado e a tentativa de doutrinação, ou o que chamamos de educação de massa, através da centralização.
O século XXI oferece a porta que o Brasil precisava para tirar o gap educacional que é a oralidade descentralizada, através de equipamentos móveis, celulares.
Hoje, começamos a ter a possibilidade de ao invés de distribuir livros, caros e lentos, passar o conteúdo, através da voz.
Em cidades em que as pessoas têm pouco tempo para ler, mas muito tempo para escutar enquanto estão se deslocando, temos que ganhar esse tempo dando conteúdo capacitador.
Devemos procurar uma combinação de:
- – conteúdo oral;
- – debate presencial e a distância;
- – avaliação a distância.
Sim, não podemos saltar disso que temos para isso que se propõe, mas temos que criar projetos pilotos para testar o modelo e implementar as avaliações, ajustes em direção à multiplicação.
É isso, que dizes?
PS – se a pessoa lida com autonomia no ler e escrever e calcular, todos os outros problemas ele teria mais dificuldade de lidar. Talvez, pensar em um esforço GIGANTESCO nessa direção e repensar como se encaixariam as outras disciplinas.
Note que hoje o ensino do português não é para dar autonomia do pensar, mas quase como se fosse para o aluno ser um professor de português, em que aprende gramática sem compreender como isso vai ajudá-lo na sua expressão.
Tudo isso tem que ser visto no âmbito de um projeto para suprir o gap que temos e ir ajustando o pessoal depois disso.