Tenho para mim que a nossa espécie estuda e pensa para não sofrer.
E todo sofrimento é fruto de uma dada ilusão, que bate e volta na parede dura da vida.
A ilusão torna-se prática e esta esbarra na vida – a parede onde às ilusões batem e voltam.
Todas as verdades são falsas- verdades enquanto não tocarem na vida.
Ao retornarem se sabe que ali há uma ilusão a ser trabalhada.
Nada na vida é falso.
Falso é sempre o que pensamos sobre a vida.
Conhecer, assim, é um jogo de eco, como morcegos, que vamos procurando, via ondas, onde nos equivocamos.
Assim, o conhecimento pelo sofrimento exige uma prática ativa, na qual colocamos o estudo de um dado problema no centro de nossas vidas.
Temos que ser agentes de transformação do problema que escolhemos a minimizar no mundo.
Quem não estuda e se dedica a minimizar um problema, é um artista, mas não um cientista.
(Nada contra os artistas que têm outra missão).
Quem estuda o que não vive, estará longe da parede e não terá o sofrimento, que bate e volta na vida, como referência.
Será um bom passatempo, mas não ciência.
O papel da ciência é reduzir sofrimento causado por problemas complexos para ajudar os que não têm tempo, paciência ou perfil para um trabalho lógico.
A ciência dialoga com a vida o tempo todo e aprende com ela.
Assim, o filósofo aprende e ensina ao teórico; este faz o mesmo com o metodológico e este ao operacional.
É uma rede que se auto-alimenta em torno de um dado problema, medido, na eficácia da taxa de redução de sofrimento, que proporciona.
Conhecer é uma luta contra o sofrimento, que justifica e ajuda no processo.
A ciência deve, ao máximo, se dedicar dos maiores aos menores sofrimentos humanos.
A curiosidade científica no abstrato deve se encaixar nessa escala de prioridade.
Uma ciência pouco ética tem uma baixa taxa de humanidade, pois estuda assuntos e não problemas.
Ou problemas de baixa prioridade na redução de sofrimento no mundo.
Hoje, a ciência, ao final de uma Ditadura Cognitiva, está vivendo praticamente sem problemas.
Não são agentes de transformação.
São agentes de preservação e brincam de fingir que estudam.
São artistas sem arte.
A produção acadêmica em sua maioria serve para alimentar as traças de autoridades sem liderança.
Estes, a meu ver, são os princípios para o quais a ciência foi inventada e é para onde deveria retornar na primavera cognitiva em curso.
É isso, que dizes?