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Ser aplicarmos a Antropologia Cognitiva no Brasil, vamos ter três países:

  • O Modelo Mental Oral – que não sabe ler, pouco lê e não consegue se expressar, via texto, reforçado pelo rádio e a televisão que o mantém no mesmo lugar;
  • O Modelo Mental Escrito – que lê;
  • E o Modelo Mental Digital – emergente, principalmente da juventude de classe média, que saiu às ruas ano passado.

escrita

Arrisco a dizer que se fizermos pesquisa com estes públicos, teremos uma certa similaridade de definições políticas.

Leio o livro dos Liberais brasileiros, por exemplo, do Rodrigo Constantino, que defende a liberdade dos indivíduos.

O liberalismo é, sem dúvida, filho do papel impresso daqueles que passaram a ter independência de leitura e, por sua vez, ganharam coragem para propor e literalmente  “matar o rei”.

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O Modelo Mental de um ser que vai procurar a liberdade é de alguém que tem uma autonomia de pensamento, do desenvolvimento de raciocínio próprio, filho de todo o movimento iluminista pós-papel impresso.

Um Modelo Mental escrito está pronto para sair da monarquia e ir para um mundo mais Republicano e abrir mão de um Estado mais concentrador, pois terá discernimento para si de uma série de decisões.

E o Modelo Mental digital já quer mais descentralização ainda e está pronto para “matar os atuais políticos” (vide as manifestações de 2013).

A oralidade puxa pela transmissão do conhecimento mais emocional, pois a mensagem nunca vem sozinha, como num livro,  mas sempre acompanhada de alguém que conta uma estória, influenciando de alguma forma o resultado da comunicação.

O Modelo Mental Oral dificulta o pensamento individual, mais reflexivo e tende a um movimento mais coletivo, massificado, por tendência.

Ideias liberais dificilmente irão prosperar em um ambiente oral, não por que não contenham suas verdades, mas é pré-prensa, onde o rei (alguém mais mágico e poderoso) faz a diferença.

(Hoje, na América Latina acredito que a população está votando, no fundo, pela volta de um tipo de Monarquia-Republicana.)

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Assim como, ideias liberais, não vão prosperar em um segmento mais oralizado, não conseguiremos que um modelo mais monárquico seja aceito em um mundo de modelo mental mais escrito, que quer mais autonomia de ação.

Não é uma questão de querer, mas de Modelo Mental, que como tenho tido, afeta o agir, o pensar e o sentir.

  • O Modelo Mental oral pede uma certa proteção divina contra as intempéries, proteção, abrindo mão de uma certa liberdade para isso.
  • Bem como um Modelo Mental escrito tende a querer mais independência e menos proteção;
  • O Modelo Mental digital, por sua vez, quer muito mais independência do que o escrito.

A crise que vivemos hoje na América Latina é a tentativa, a partir das eleições livres, de saber como vamos superar a convivência destes três modelos, distintos, nas mesmas regiões, que estão separados na história por alguns séculos.

A América Latina vive mais do que uma diversidade de poder aquisitivo, mas convive com três Modelos Mentais distintos e o que tem prevalecido são governantes que atendem a faixa mais numerosa, que é o da oralidade, que quer mais proteção.

A oralidade é, portanto, mais religiosa, é mais fé e menos razão.

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Quando falamos que o problema do país é Educação eu tendo a discordar da frase, assim solta.

O problema do país é a incapacidade de autonomia do uso de Ambientes Cognitivos mais sofisticados, que dê a um conjunto maior de brasileiros a capacidade de pensar de forma mais autônoma e e galgar à oportunidades mais sofisticadas de ação.

Precisamos sim ter um atalho e temos.

Hoje, pela primeira vez na história desta humanidade, (risos) temos algo completamente inusitado: a oralidade descentralizada a distância.

Note que o livro permitiu a escrita a distância a baixo custo.

Hoje, diferente do rádio e da televisão, podemos ter pessoas acessando conhecimentos variados, através do celular.

Não é como um Telecurso de um para milhões, mas a possibilidade de aulas de poucos para poucos, a partir dos interesses, através do uso de celulares, baixando arquivos.

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Esta é uma janela de oportunidade que se abre para um país oral, que tem pressa em criar autonomia dos mais despossuídos.

É preciso um radical esforço para:

  • – ampliar a rede de gente que possa ouvir e baixar, facilitando a compra;
  • – preparar as escolas para que esse modelo seja adotado.

Temos que imaginar um grande projeto educacional baseado na voz, enquanto as pessoas estão transitando pelas cidades, com possibilidade de espaços para discussão do que foi escutado.

É um encurtamento gigantesco de tempo e esforço.

Nesse cenário, cada professor em sala de aula hoje será também alguém que está gravando aulas para colocar na rede e ser ouvido por qualquer um que deseje, do fundamental ao pós doutorado.

Temos que ter um bom diagnóstico de nossos problemas e um bom tratamento.

Fica a ideia.

É isso, que dizes?

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