Aposto que quando analisarmos melhor e deixarmos o século XX mais distante, veremos que ele vai se aproximar cada vez mais do fim da Idade Média.
Em plena época que chamamos de “modernidade” tivemos o retorno da oralidade como principal meio de transmissão de ideias.
A oralidade, como vimos, incentiva em muito o emocional diante do racional, o que se for centralizada nos leva a uma maior chance de manipulação.
Nada pior do que uma oralidade centralizada e massificada.
Ou seja, um controle emocional das massas em detrimento à razão.
Não é à toa que tivemos nesse século fenômenos como o holocausto que dificilmente aconteceria em uma oralidade descentralizada ou em um mundo mais escrito.
O uso do rádio pelos nazistas foi certamente o auge do que tivemos desse século concentrador.
A Internet vem resgatar o movimento iluminista, que foi interrompido pelo século passado, de forte concentração.
Alguns dizem que a Internet traz oralidade, sim, traz também, mas é uma oralidade descentralizada.
O fenômeno século XX nos faz, assim, melhorar o estudo das anatomias da comunicação, pois temos movimentos de mudanças de mídia, que oram mudam os códigos (mais radicais) ora mudam o canal de transmissão (mais incrementais).
Que podem centralizar ou descentralizar a circulação de ideias, conforme cada caso.
Há, assim, movimentos na história em que há mudanças nas plataformas e nos canais em cima do mesmo código, como foi o rádio e a televisão, que usam a oralidade com o mesmo código da linguagem pré-escrita.
Não há nos meios eletrônicos de massa um código novo. Podemos dizer que se cria um tipo de estética de linguagem nova, mas não um novo código básico de troca de ideias.
Já na chegada da escrita, inauguramos um novo código.
- Tivemos uma melhora do código com o alfabeto;
- E depois uma melhora do canal/plataforma com o papel impresso.
A Internet, similar a escrita traz duas:
- Um novo código – digital, que abarca todos os outros e cria novos potenciais, como o uso dos algoritmos de massa.
- E novos canais de transmissão de ideias, via cabos, telas, celulares, etc.
Por isso, se parece com a chegada da escrita e terá um impacto tão grande quanto.
É isso, vamos avançando.