(A partir do livro “O que é Design Thinking? De Rique Nitzsche”)
Se analisarmos a história com a lente da Antropologia Cognitiva, veremos momentos de contração e expansão das ideias, motivadas pelas mudanças dos Ambientes Cognitivos.
Motivadas entre Evoluções e Revoluções Cognitivas e novas Governança da Espécie, sempre compatíveis com o tamanho demográfico dos humanos.
Quando há expansão, as sociedades que adotam as novas ferramentas assistem à redução da taxa de conservação e o aumento da taxa de inovação.
Há mudanças autônomas, descontroladas e irreversíveis do cérebro, a partir do uso das novas tecnologias cognitivas e a procura de um novo modelo mental compatível com a Expansão Cognitiva.
Na Contração, nossas mentes são “domesticadas” para produzir repetição e não mudanças e vice-versa.
Assim, é preciso um esforço consciente para fazer a passagem de “a” (conservação) para “b” (inovação).
De “a” governança passada para “b”, futura.
Os filósofos, a partir do século XV, depois da chegada da prensa, em 1450, (que nos trouxe expansão, na mesma Governança Oral- Escrita), iniciaram esse esforço de mudança de modelo mental.
Destaco os primeiros Bacon e Descartes.
Procuraram criar métodos para permitir pensar com mais racionalidade do que uma mente domesticada pela contração do mundo oral da Idade Média, repleta de média, dogmas e supertições.
Eles foram os Designers Thinkers da época.
Hoje, consigo ver o surgimento e o papel do Design Thinking na mesma direção. Uma “re-domesticação”, ou liberação da mente para um novo ciclo de inovação e para um novo, modelo de governança, fechando o da forte contração do último século, patrocinado pela Idade Mídia.
Assim, o DT vem tentar “massagear” e fazer “do-in” nas áreas do nosso cérebro que ficaram inativas por um longo tempo.
E criar novas “sinapses”, nunca antes trabalhadas, para lidar com o novo e inédito Ambiente Cognitivo Digital.
O problema, como também é o conceito do BigData (ver mais aqui), é que carrega uma alta taxa de intoxicação do velho e bom modelo mental indutivo americano, que funciona maravilhosamente no sol, mas atola na chuva.
É uma metodologia bem empacotada, mas ainda desprovida de visão histórica e de uma teoria mais eficaz que a sustente, que possa ter uma auto-consciência de seu papel na história.
Qual a consequência disso?
Esforços inúteis, problemas de incompatibilidade entre o que promete e o que, de fato, pode entregar.
Não adianta querer apenas pensar diferente, pois é também preciso agir de forma compatível.
E isso implica em mudar PROFUNDAMENTE o modelo, de governança vertical das atuais organizações.
É preciso, assim, uma visão teórica mais clara da macro-tendência para balizar o esforço do DT versus resultados possíveis.
Não estamos apenas mais inovadores neste momento histórico, mas começando a criar um novo modelo de Governança da Espécie, em função dos efeitos devastadores, de curto, médio e longo prazo, de uma Revolução Cognitiva.
Que promove a passagem de um mundo atual, baseado em um Ambiente Cognitivo obsoleto para um mais dinâmico e compatível com a atual Complexidade Demográfica.
Não adianta uma organização tomar DT todo dia, de manhã, de tarde e de noite se o modelo de governança estiver orientado à conservação e apenas a beneficiar a si mesma e não à sociedade.
Se ouvirá algo do tipo:
“Vamos inovar, desde que não se mude nada”. Ou “Venha colaborar, desde que não participe da decisão”. 🙂
O DT é uma metodologia para estimular um novo modelo mental mais apto a atuar em um novo modelo de Governança orientado à sociedade.
Ponto!
É incompatível um novo modelo mental na velha governança, pois há uma relação de causa e efeito:
– o atual modelo mental foi feito para uma governança oral, escrita e eletrônica fortemente vertical, que vive o final de seu ciclo de contração das idéias;
– o novo modelo mental visa ajudar a criação de uma nova governança digital muito mais horizontal, num ciclo de expansão das ideias.
Assim, se um projeto massivo de DT em uma dada organização for muito bem feito sem uma clara visão estratégica do cenário atual de migração entre governanças, a levará para crise, pois aumentará o fosso entre o novo modelo mental dentro da velha Governança.
Se gastará muito e os resultados serão, no mínimo, pífios.
Ficará evidente a falta de sintonia entre o novo modelo mental emergente e a antiga governança decadente.
Assim, as teorias e práticas de DT são ferramentas poderosas para ajudar na migração da velha para a nova governança.
E isso precisa estar dentro de um projeto estratégico consciente de migração de “a” para “b”, no qual o DT terá um papel, entre várias outras ações integradas, para capacitação mental e posterior apoio para projetar novos produtos, serviços e processos já, na nova governança voltada à sociedade, tendo como base a co-criação e a co-decisão.
Essa visão mais consistente do papel histórico dessa metodologia é o que posso chamar de Design Thinking 3.0.
Por que 3.0?
Incorpora as virtudes do DT para apoiar a terceira Governança da Espécie, a saber, (cada uma com um modelo mental distinto):
1.0 – oral;
2.0 – escrita-eletrônica;
3.0 – digital.
É isso, que dizes?
[…] Design Thinking 3.0; […]