Outro dia me chamaram para um encontro fora do Rio.
E eu perguntei se iria dar palestra e me responderam:
“Não, aqui não tem isso, é tudo em rede”.
Criaram a ideia de que rede é um objetivo, um fim em si mesmo.
Nada mais equivocado.
Redes são ferramentas humanas que variam de modelos, conforme os contextos de cada problema a ser resolvido, no micro cenário. E no macro, a partir das Eras Cognitivas, condicionadas pelas Tecnologias Cognitivas disponíveis.
Não há um formato ideal de rede, mas um conjunto de opções no menu, que deve funcionar a cada circunstância.
Entendo até a birra do pessoal com os velhos e estáticos modelos verticais, pois justamente estamos saindo de um modelo hegemônico e padrão de redes, todas no mesmo formado, apesar de contextos distintos.
Ou seja, as redes verticais atuais são assim e pronto, não se modulam pelo mérito.
Uma rede, portanto, a meu ver, será modelada, a partir do problema que tem a ser resolvido e a experiência/possibilidade de participação que os membros da rede tenham para ajudar a resolvê-lo.
Quando temos, através do mérito, pessoas que podem contribuir mais e melhor para aquele objetivo, a rede eficaz deve ser capaz de se moldar para que quem tem mais a colaborar tenha mais voz até que a sua contribuição se harmonize com o resto.
Não há, assim, um formato, mas vários que devem poder ser ajustados.
Uma plataforma de debates boa será aquela em que os algoritmos possam ajudar nessa modelagem.
O Twitter é uma tentativa ainda primitiva disso, quando apresenta o número de seguidores e de seguidos. Ninguém é obrigado a seguir ninguém, então, parte-se do principio que tem mais seguidores em uma dada área tem, por mérito, algo a contribuir a mais.
Deveria haver um desconto, ao se medir influência, de quem tem exposição nas mídias de massa e quem não tem, pois 500 mil para alguém que aparece na TV Globo e 5 mil para quem nunca foi visto, pode ser a mesma coisa em termos de mérito.
Um outro modelo que tenta medir tal modelagem das redes é o Klout, que faz uma avaliação das redes sociais e dá uma nota algorítmica a alguém em função de critérios de capacidade de influência.
Estamos engatinhando.
Em um evento presencial, por exemplo, poderíamos ter aplicativos que poderiam avaliar as pessoas que estão falando durante um período curto e, dependendo da performance, ganharem mais tempo, a partir do interesse.
Aí sim, você teria uma rede mais horizontal ou mais vertical, com a pessoa falando mais ou menos tempo, a partir de critérios mais meritocráticos.
Ou seja, uma rede deve ser vista não como um fim em si mesmo, uma ideologia a ser defendida, uma bandeira. O que deve ser defendido é a capacidade de cada rede em possibilitar que seja alta a taxa do mérito, a partir da participação/escolha da influência de cada participante na ajuda que presta para se resolver um dado problema.
Por aí, que dizes?